terça-feira, 17 de janeiro de 2017

MUITOS ANOS NOVOS



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            Todos os anos o ritual se repete:  comemorações, fogos e festas. De tanto repetir o ritual, as pessoas passaram a acreditar que um ano novo começa. Na verdade é apenas uma convenção do calendário gregoriano (1582 AD) que o cristão convencionou como começo de um novo ano.
            Se não existe ano novo, o que existe?  Existe, de fato, o exaustivo passar dos dias e das noites, resultado do incessante girar da terra em torno do sol. O ano novo é apenas mais um dia, como existe há 5 bilhões de anos e possivelmente outros tantos no futuro. Na verdade há tantos começos de anos quanto há civilizações.
            A comemoração dos povos cristãos se dá na mesma data dos romanos - e não é coincidência. No primeiro dia do ano, os romanos celebravam o deus Jano, o bifronte. Jano tinha duas faces: uma voltada ao passado e outra ao presente. Os cristãos atribuem à data ao dia em que Jesus, como filho de judeus, foi circuncidado. Trata-se de uma data  que ninguém nem mais o mais radical dos cristãos comemora.
            Seria de lembrar que cada povo tem seu pretenso ano novo. Não há ano novo, e sim muito anos novos. O calendário chinês, por exemplo, é lunissolar, pois leva em conta as fases da lua e o movimento de rotação da terra. É o rodar dos signos do zodíaco, e cada ano tem o seu. O ano de 2017 é o Ano do Galo. O dia do primeiro do ano chinês é 8 de fevereiro. Os judeus  comemoram o inicio do ano em meados de setembro (festa móvel segundo o calendário lunar). O ano que corresponde a 2017 para os cristãos é o de 5776 para os judeus.
            Um do mais antigos ano novo comemorado a mais de 3000 é o chamado Noruz, comemorado em 21 de março (equinócio da primavera), faz parte da cultura persa e do zoroastrismo.   Os povos islâmicos  que seguem o calendário lunar o ano começa em 16 de julho,  data comemorada desde 622, que marca  a Hégira, ou seja, fuga de Maomé de Meca para Medina. Para o hinduísmo, o ano novo começa em 1º de março (sul a Índia) e no dia 14 de abril no norte (tâmil).
            O ano novo maia é comemorado no dia 26 de julho. Deve-se recordar o escândalo que  aconteceu em 2012 quando era previsto o fim do mundo. Ainda assim,  para os maias o mundo realmente está acabando.
            Nas festas do próximo último dia do ano é bom refletir que ela é comemorada por cerca de 2,4 bilhões de cristãos (maior religião do mundo), seguida pela islamita,  que congrega  cerca 1,7 bilhões de fieis.
            Faz muito anos que o mundo não está dividido em religiões, da mesma forma que não é dividido em calendários, nem pelo início de ano. Certo é que três  terços da população da Terra não vivem nem comemoram o calendário gregoriano.
            Hoje o que importa é o sistema, liderado pelos Estados Unidos. O ano do sistema  é o gregoriano. Todo mundo econômico é pautado por ele. Isto é o que importa. Assim, para os felizes servos deste mesmo sistema, o dia primeiro do ano é o inicio de um eterno Feliz Ano Novo.