sábado, 27 de fevereiro de 2016

AMANTES





  • Jeanne Becu, Madame du Barry - Madame du Barry Photo (2711948 ...
    Madame Du Barry






            Elizabeth Abbott escritora americana  escreveu um livro de grande sucesso, com o nome Amantes a história da outra.Nele ela conta  por meio de biografia a história  de mulheres  que viveram o papel da outra , não a esposa legal.  Este tipo de relação estável  existiu desde sempre,basta ler a Bíblia e as histórias dos reis que elevaram à nobreza suas amantes favoritas.Na Inglaterra de  Henrique VIII a Charles o herdeiro do trono inglês,todos tiveram seus amores fora do casamento.Os reis franceses foram imbatíveis em enobrecer suas  favoritas. Há até  amantes que se tornam esposas, sendo aceitas pela melhor sociedade, basta lembrar Camilla Parker Bowles.
            As amantes são uma constante na história, sendo permitidas em algumas culturas e não em outras. Na China Antiga as concubinas eram aceitas como parte da família, já na antiga Roma o adultério se tornou   crime,  as amantes foram postas no ostracismo. A outra só poderia ser uma prostituta. O direito brasileiro que  herdou a hipocrisia romana   e durante séculos reduziu as amantes à condição de amásia .
            Nesta semana que passou, no Brasil, estourou mais um escândalo político.Foi quando a ex-amante de um ex-presidente  resolveu botar a boca no trombone , revelando por algum motivo desconhecido a forma de pagamento por ela recebido dele. Por falar em presidentes brasileiros a maioria absoluta deles teve seus amores extraconjugais, sem escândalos, conhecidos pelo mundo e da imprensa, que se calava resguardando as  conhecidas malandragens . Poucos deles se salvam. O problema não é propriamente a relação ilegal (que pode até ser legitima), mas o envolvimento  econômico altamente discutível. Mais um ídolo de pés de barro, por acaso existem os que não têm?
            Para que haja um caso extraconjugal são necessários dois. No entanto o homem nunca é considerado o outro, apenas para a mulher é reservada tal condição. Hoje  muitas mulheres casadas tem seus amantes,inclusive  alguns sendo por elas mantidos.. Procure na Internet, não há relação de amantes homens, apenas de mulheres. Num tempo no qual as mulheres tem agido como os homens, sendo promiscuas como  eles e trocando   de parceiro como quem troca de roupa, nem assim conseguiram superar a condição de ser a outra. É o total domínio do machismo! 
            Hoje no mundo dos eufemismos em que se vivem, as amantes se passaram a chamar namoradas, os amantes por sua vez tomaram o nome de namoridos, não passam de amasios ou amantes, com novo nome. Nada mais é que uma  união  estável sem a chancela oficial. Outrora se dizia “eles juntaram os trapos”.Como disse Balzac “É mais fácil ser-se amante que marido, pela simples razão de que é mais difícil ter espírito todos os dias do que dizer coisas bonitas de quando em quando.” Ou como afirmou  a expert no assunto Marilyn Monroe : Maridos são bons amantes principalmente quando estão traindo as esposas.” A pobre Ruth que o diga!


sábado, 20 de fevereiro de 2016

FESTAS







<b>pintura</b> simples em uma casa <b>de</b> prostituição em pompéia <b>pinturas</b>
PINTURA DE POMPEIA
 


    Como disse Bakhtin: “Toda palavra é ideológica e toda utilização está ligada à evolução ideológica”, também a palavra festa está eivada de ideologia. Não há analise melhor da festa popular do que a feita por ele sobre os festejos populares. O autor distinguiu a festa oficial da festa popular, uma  seria e formal e a outra  livre e alegre.  A palavra festa tem muitos sentidos, significa ao mesmo tempo solenidade, comemoração e celebração.  Festa é antes de tudo uma reprodução do cotidiano, uma ação coletiva, que se dá num tempo e num lugar definidos, que se concentra num objeto simbólico, sua unidade se dá pela identidade. As festas têm seus ritos e suas regras, é um tipo de um jogo destinado à reiteração, ou seja, a reprodução das identidades sociais. A festa também é uma estrutura de poder, regida por interesses de grupos. Como as palavras as festas também não são neutras, são carregadas de ideologia, tendo objetivos  que nem sempre  são os   aparentes.
  •             Cada festa tem seu rito. Para que uma festa tenha um rito os seus participantes deve representar um papel, que deve ser alegre e desinibido. Nos aniversários, por exemplo, o rito essencial é o aniversariante soprar as velhinhas do bolo e os demais cantarem os parabéns!Uma festa pode incluir música, dança fantasias e comida. Nas festas há os que olham e os que dirigem. Não é o povo que faz a festa, mas quem a patrocina. A festa é um espetáculo, mas, ao contrario dele exige a participação ativa daqueles que dela participam. Ser espectador de uma festa é fazer parte dela. Assistir ao jogo do poder é dele participar
                No carnaval oficial o rito é o desfile das escolas de samba. No carnaval de rua o rito é o movimento de dança, de música do povo que dela participa. Há um mundo de diferença entre o os dois desfiles. Um é a catarse, o outro o formalismo.  È enorme a distancia  entre o  carnaval  da Sapucaí e os festejos de Olinda,agora patrocinado por um empresa de bebida.
                Uma festa oficial promovida por uma empresa seja publica ou privada, visa o lucro, não a alegria da população. Ao recorrer a espaços fechados e pagos as festas vão se distanciando cada vez mais do povo. O Sambódromo é um bom exemplo disso. As festas oficiais não unificam, reúnem os diferentes por pouco tempo.  A festa em geral é uma consagração da desigualdade, reproduzindo as mesmas relações sociais que regem o sistema. Não há nada como uma boa festa, não é verdade?
       A palavra festa deriva do latim tardio, passou a ser usada apenas  no século XIII, significando dia santificado ,de descanso  e de regozijo. A palavra está mais ligada a Igreja Católica do que aos antigos festivais romanos, os quais tinham um nome próprio, como os banquetes, as bacanais, as saturnais e as orgias. Hoje se dá nome de festa às solenidades patrocinadas pelo Estado, mas existem também festas privadas.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

VESTIDA DE FESTA


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FESTA DA UVA DE 1932  PRAÇA DANTE







  Caxias quando se aproxima a Festa da Uva  e se enfeita, melhor dito é enfeitada ao sabor e ao gosto de cada  administração municipal. Cada uma delas tem seu modo  de ser e de organizar . Algumas delas  com resultados altamente discutíveis. Poucas se preocuparam em saber o que já foi feito e o que deu certo e o que não deu. Assim é inventada a roda toda vez. Dá mais trabalho reinventar a roda ou estudar o que jo foi feita? A imagem da cidade e a da festa tem mudado mais de lugar do que estilo. Na falta de imaginação do  que mudar, muda-se o  lugar.
            A primeira Festa da Uva  documentada  data de 1906, segundo Buccelli no livro Viagem ao Rio Grande do Sul  ela teria sido realizada em Caxias .Ele  não informa o local do evento. Frei Rovilio Costa escreveu que quando se lavavam as pipas para o vinho novo sempre era feita uma festa em família. Talvez a festa da uva tenha nascido destes eventos, ou das festas báquicas dos romanos, quem pode  saber ao certo.
            Durante a década de vinte algumas festas da uva  foram  realizadas  no Quartel.Há noticias que em 1925 foi realizada uma destas festas  pois sua noticia chegou ao governo italiano, que ficou feliz em saber que havia na região colonial uma comemoração tão típica dos festejos italianos.Tal evento ocorreu  por ocasião das comemorações do cinquentenário da chegada dos imigrantes italianos ,quando foi inaugurado também o Parque Cinquentenário .
            A contagem das festas a partir da década de trinta foi uma questão de economia, pois estas estavam documentadas e registradas. As festas da década de trinta se realizaram na Praça Dante, onde foram erguidos pavilhões. Os desfiles não tiveram inicio nas primeiras festas da uva, parecem ter origem nas  Festas das Flores,  aqui realizadas durante o corso momesco. Não é por acaso que os desfiles alegóricos da Festa tomaram o nome de corso. Na década de quarenta não ocorreram as festas por conta da Segunda Guerra. De repente os pobres colonos, produtores de uva, passaram a ser considerados inimigos do Brasil e como tal impossibilitados de festejar.
            Na década de cinquenta a Festa foi transferida para a baixada, vizinha ao campo  do Juventude, lugar onde por décadas  se situou a zona  dos tambos de leite da cidade. No final da década foram construídos os primeiros pavilhões permanentes da Festa, onde hoje está a Prefeitura Municipal. Até 1975 as Festas foram lá realizadas. Na mesma época foi construído o parque dos Macaquinhos. Em 1975 em comemoração do centenário da imigração foram construídos os novos pavilhões, que  se mantém até hoje. Apesar das várias mudanças do lugar da Festa os desfiles continuaram sendo realizados próximos da  Praça.
  Na Festa de 2016  os desfiles foram exilados para a rua  Plácido de Castro, contra a vontade da população.  A Festa ao longo do tempo mudou de lugares, como a cidade mudou de fisionomia. A imagem da cidade hoje é a de um canteiro de obras, do qual não retiraram nem  o pó.Uma lástima!

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sábado, 6 de fevereiro de 2016

NATUREZA


           


  • BLOG DO JULIO MAHFUS: FOTO DO TEMPORAL EM POA-RS




O temporal ocorrido em Porto Alegre no último dia 29 ,sesta feira , fez lembrar a força da natureza e de  como os homens são frágeis diante de seu poder. Bastam alguns instantes, caem arvores, afundam-se barcos e alagam-se ruas e acabam a eletricidade e a água, sem a qual é impossível viver.
            A vida do homem na terra tem sido uma luta constante. Luta contra a natureza, e luta contra os próprios homens.  Ela é tão superior a ele que nem as leis e os mecanismos que a regem são por eles conhecidos. O homem tem conseguido vencer algumas de suas forças, como a da gravidade, com a construção de espaçonaves, mas de forma geral está ainda a mercê das forças naturais.
            Durante milênios o pensamento humano tem se voltado para  questões éticas e   de conhecimento e pouco para as questões da natureza.  Entre a ética e a ciência giram todos os problemas da filosofia,poucos filósofos pensaram as relações entre homem e natureza,entre eles Aristóteles, Rossseau e Engels. Afinal gostando ou não homem é apenas uma pequena parcela dela. É um primata  que inventou o fogo ,aprendendo andar sobre  duas patas e  que de repente passou a se considerar o rei da criação.A diferença entre o homem e os outros animais parece ser mais a vaidade do que a sabedoria.Esquecido dos instintos primitivos ,não tem conseguido se inserir como parte da natureza.Por mera vaidade se considera superior a ela.
            Enquanto sua vaidade cresce também cresce também o seu  número . Uma das questões fundamentais da humanidade, além da degradação da natureza tem sido o  aumento abusivo da população. Um problema que nunca é citado, a redução da população, tema proibido, ligado  está a questões religiosas altamente discutíveis. Por causa delas o número de homens está passando dos limites estabelecidos pela natureza.
            O homem vive a crise da destruição do meio ambiente por ele realizada, mais por ganância  do que por necessidade.Sem levar em conta o meio em que  vive,  está aos poucos se auto destruindo.A  Terra está  próxima do colapso, pois  só tardiamente  os problemas da ecologia e dos ecossistemas  começaram  a  ser pensados. Como diz Aristóteles a natureza não faz nada em vão, e na medida em que  ela  é exterminada também o homem entra no sinal vermelho do extermínio.
            A natureza tem vencido todas as batalhas, regida por forças externas e  superiores ao homem.  Parece inevitável que mais cedo ou mais tarde também o homem seja por ela dizimado. Como Rousseau afirma: ”A natureza nunca nos engana; somos sempre nós que nos enganamos.” Por sua vez Goethe reafirma “A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas.” Pena que o homem tenha permanecido analfabeto, incapaz até agora  de ler o mais precioso dos livros,o da Natureza.