Todos os anos o ritual se repete: comemorações, fogos e festas. De tanto repetir
o ritual, as pessoas passaram a acreditar que um ano novo começa. Na verdade é
apenas uma convenção do calendário gregoriano (1582 AD) que o cristão convencionou
como começo de um novo ano.
Se não existe ano novo, o que existe? Existe, de fato, o exaustivo passar dos dias e
das noites, resultado do incessante girar da terra em torno do sol. O ano novo
é apenas mais um dia, como existe há 5 bilhões de anos e possivelmente outros
tantos no futuro. Na verdade há tantos começos de anos quanto há civilizações.
A
comemoração dos povos cristãos se dá na mesma data dos romanos - e não é coincidência.
No primeiro dia do ano, os romanos celebravam o deus Jano, o bifronte. Jano
tinha duas faces: uma voltada ao passado e outra ao presente. Os cristãos
atribuem à data ao dia em que Jesus, como filho de judeus, foi circuncidado. Trata-se
de uma data que ninguém nem mais o mais radical
dos cristãos comemora.
Seria
de lembrar que cada povo tem seu pretenso ano novo. Não há ano novo, e sim muito
anos novos. O calendário chinês,
por exemplo, é lunissolar, pois leva em conta as fases da lua e o movimento de
rotação da terra. É o rodar dos signos do zodíaco, e cada ano tem o seu. O ano
de 2017 é o Ano do Galo. O dia do primeiro do ano chinês é 8 de fevereiro. Os judeus
comemoram o inicio do ano em meados de setembro (festa móvel segundo o
calendário lunar). O ano que corresponde a 2017 para
os cristãos é o de 5776 para os judeus.
Um do mais antigos ano novo comemorado a mais de 3000 é o
chamado Noruz, comemorado em 21 de março (equinócio da primavera), faz parte da
cultura persa e do zoroastrismo. Os povos islâmicos que seguem o calendário lunar o ano começa em
16 de julho, data comemorada desde 622,
que marca a Hégira, ou seja, fuga de
Maomé de Meca para Medina. Para o hinduísmo,
o ano novo começa em 1º de março (sul a Índia) e no dia 14 de abril no norte (tâmil).
O ano novo maia é comemorado no dia
26 de julho. Deve-se recordar o escândalo que
aconteceu em 2012 quando era previsto o fim do mundo. Ainda assim, para os maias o mundo realmente está
acabando.
Nas festas do próximo último dia do
ano é bom refletir que ela é comemorada por cerca de 2,4 bilhões de cristãos (maior
religião do mundo), seguida pela islamita,
que congrega cerca 1,7 bilhões de
fieis.
Faz muito anos que o mundo não está
dividido em religiões, da mesma forma que não é dividido em calendários, nem
pelo início de ano. Certo é que três
terços da população da Terra não vivem nem comemoram o calendário
gregoriano.
Hoje o que importa é o sistema,
liderado pelos Estados Unidos. O ano do sistema
é o gregoriano. Todo mundo econômico é pautado por ele. Isto é o que
importa. Assim, para os felizes servos deste mesmo sistema, o dia primeiro do
ano é o inicio de um eterno Feliz Ano Novo.