quinta-feira, 25 de outubro de 2012



SOBRE RATOS & POMBOS





Não sei se existe uma sociedade protetora de ratos, creio que não. Animal que não precisa ser protegido é o rato . Homens e ratos convivem mais de 100 séculos... Segundo as estatísticas, (nem sempre confiáveis) na Terra existem três ratos para cada homem. O que significa que há cerca de 24 bilhões de roedores. Graças a eles os gatos foram deificados no Egito.
Os ratos convivem com o homem desde a Revolução Agrícola e não houve veneno que desse cabo deles. Resistiram a todos. Sua origem é incerta, acreditam que vieram da Ásia. No Brasil onde tudo e todos foram importados, os portugueses os trouxeram em seus navios. Não parece haver ratos nativos! O problema é que não existem predadores que deem conta de tanta iguaria.
Lembro-me dos tempos do Cinema Apolo (anterior ao Cinema Ópera) onde havia um criatório de ratos. Bastava apagar as luzes no inicio da sessão e eles começavam a correr pelos corredores. Terminados os cinemas, focos de ratos, mudaram de lugar. Hoje, no centro há pelo menos dois focos.   Um deles é a Praça o outro é a Rua Marques do Herval entre as ruas Pinheiro e Júlio.Ali,   existe a anos  uma toca imensa, sob um velho ligustro. Os esgotos são os condomínios das ratazanas. Enfim os ratos infestam a cidade e a colônia.
Em Caxias, as pragas sempre se deram bem. Na minha longa vida não me lembro de qualquer tipo de campanha para sua erradicação.  Os únicos perseguidos foram os mosquitos da dengue (por campanha nacional).
 Bem mais recente que a dos ratos, surgiu na Cidade uma nova praga: a dos pombos. Lembro-me que outrora no centro da Cidade havia vários criadores de pombos. Os pombos depois de limpos eram comidos. Esses pombais desativados deram origem às pombas caxienses. Havia também várias sociedades de tiro ao pombo, que os criavam.
Como os ratos, os pombos também são associados ao homem. Hoje os pombos também decoram a Praça com seus excrementos e suas pestes. Incertos são seu número e sua origem. O certo é que eles estão aumentando na Cidade. Não há predadores para deter o seu crescimento.  Outras aves foram atraídas ao centro: urubus e gaviões. Os urubus comem os pombos que morrem atropelados. Já os gaviões os atacam em pleno voo.
Da minha janela, de manhã cedo acompanho a caça dos gaviões aos pombos.  Hoje papai Gavião (há uma família) fazia seu passeio sobre o telhado do edifício Gemini, assustando seu rebanho de pombas. As autoridades nada fazem sobre o assunto! Pois, acredito que saúde pública não dá votos. Os moradores de Caxias que se previnam, a peste vive entre nós
 Loraine Slomp Giron 
Twitter :loslomp  Blog: http://historiadaqui.blogspot.com.br/






quinta-feira, 18 de outubro de 2012


O LIVRO PERDIDO

A Feira do Livro 2012 sobre o chavariz da Praça.
 

Faz tempo que a grande literatura parece ter deixado de existir. Há a pequena literatura, de grande vendagem, misto  de misticismo e autoajuda. Paulo Coelho é seu  principal profeta.. Há ainda os bestselllers (cada vez mais raros) do qual Dan Brown é o mestre. E, por fim os ghost writers dos quais os Gasparetos são os papas. Reparem como a Feira é inglesa!

E há muitos autores que procuram um lugar ao sol, que brotam como cogumelos no outono (lembram-se de Gladstone Marsico?). Esses proliferam na literatura infantil. Bem, foi um desses livros que minha irmã e eu fomos procurar na Feira. A  busca começou nas bancas das livrarias. Nelas nos avisaram que a literatura infantil havia sido expurgada das bancas, ficando restrita ao outro lado (assim nos foi dito).  Fomos ao outro lado da Feira. Passamos de banca em banca, procurando o livro, que fora lançado no domingo anterior. Nenhuma das atendentes sabia dar notícia dele. Uma das caixeiras chegou apontar para o vazio, dizendo “Aí é o lançamento”. (Como se o livro fosse um OVNI). Só que estávamos procurando o livro e não o local de onde fora lançado.

Por fim cansada minha irmã foi se informar junto à organização da Feira. Disseram então (assim aprendemos mais uma coisa) que o nome do autor não tem a menor importância. Só o nome da editora importa, pois só por ele seria possível encontrar o livro. Então, minha irmã mostrou que no programa da Feira não constava a editora. Então se deu o livro por perdido, não havendo o que fazer.  Missing na Feira.

Lembrei-me de Michel Foucault sobre o que escreve sobre a autoria e de como essa é questão recente no Mundo Ocidental. Tão recente que não chegou á Caxias.

 Então (bem informada,) fui procurar um livro da EDUCS (já que eu conhecia o nome da editora) achei o livro, mas por preço abusivo. Pedi ao atendente porque o livro era tão caro.(R$50,00) Ele me informou que haviam sido feitos apenas 100 exemplares, segundo ele a edição reduzida seria parte da política da UCS. Fiquei admirada, será uma nova lei do mercado livreiro?

Como se pode constatar a Feira é local para ver o que ocorre em relação aos livros. Enfim, o que se publica e o que se vende. Mais do que isso ajuda a e entender como está a produção e consumo do livro, artigo em eterna recessão.. Não há como negar a Feira do Livro é antes de tudo um aprendizado!  

 Por fim, algumas perguntas: Não seria necessário repensar a questão da autoria? Não seria o caso de informatizar a Feira? Ou é muito cedo?

Loraine Slomp Giron

Twitter: loslomp  Blog: http://historiadaqui.blogspot.com.br/

 

 

 

 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012


PRATO FEITO
 
O poder municipal só muda de prédio.Essa  é  prefeitura (intendencia então )de 1906.
 

A roda da fortuna quando gira, tudo transforma. Pior, quando a roda não roda. Ela custa a girar, quando fica emperrada pelos conchavos. Sem mudanças, a política municipal caxiense virou prato feito. Conhecidos são os componentes e os ingredientes. Com um tanto de requentado e com um de tanto de novo. Apenas deve variar o tempero do cozinheiro.  A primeira vista parece que foi o que aconteceu, mas houve mudanças.

 A primeira mudança é de gênero, a nova vereança excluiu as mulheres. Há apenas uma representante feminina. Claro retrocesso na tão proclamada igualdade entre os sexos. Enquanto o número de prefeitas eleitas cresceu em 31% no Brasil em relação a 2008. Caxias entrou na  contracorrente da história!

A segunda mudança é partidária, o PMDB e o PT tiveram suas representações reduzidas em 40%%, o que não é pouco. O PT como o perdedor do pleito e o PMBD como vencedor. Estranha vitória essa, na qual o Partido que não ocupa o principal cargo do executivo, e tem uma pífia representação municipal. Já o PC do B triplicou sua representação. Dirão os entendidos que os vereadores das mais diversas cores ideológicas, que fazem parte da coligação darão suporte ao novo Prefeito. É verdade ao grande vitorioso: o PDT, que aumentou em 60% o número de seus  representantes. Graças ao milagre  Washington

A terceira mudança é de orientação política. O PDT tem uma longa história.  Partido surgido com Getulio Vargas com o nome de PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), renasceu  com Leonel Brizola (depois do roubo da antiga sigla) A antiga sigla não era enganosa  e  Brizola foi arauto de mudanças. Após a anistia foi injustiçado e perseguido pelas elites paulistas, nunca teve chance de realizar no Brasil o que realizou no Rio Grande: a revolução na educação. Qualquer semelhança do PDT com o PMBD é mera coligação.

O PMDB nascido da ditadura de 64, criado e liderado por paulistas (Covas e Ulysses), teve e tem um caráter de frente. Nas frentes sempre cabe mais uma aliança. Foi esse caráter multifacetado que deu ao Partido os instrumentos à luta democrática. Conquistada a democracia (ou seu arremedo?) prevaleceu apenas a  frente .. Da antiga luta, restou a luta pelo poder.  De certa forma, o PMBD foi responsável (não só ele) pela orientação dada à política nacional, pós 1988.

A luta pelo poder (faz parte)  não é  Política,posto que  apenas meio para atingir o poder. O poder também não é um fim, apenas um instrumento para atingir outros objetivos. Política não é jogo de cintura no qual vence o mais experto. (Também as raposas caem nas armadilhas). Política é algo mais sério, responsável não só pelo Estado de direito, mas pelo direito da sociedade civil  conquistar uma vida melhor O poder não é o uso da máquina pública, é o caminho para a justiça social. Espero que o novo Prefeito se lembre disso!

Loraine Slomp Giron Twitter: loslomp  Blog: http://historiadaqui.blogspot.com.br/
Veja Coluna  Folha de Caxias quartas feiras.

 

 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012


O  MUNDO ENCOLHEU
 
 O outono e a primavera são as estações das perdas. Dizia-se antigamente que quando nascem e quando as folhas caem é hora da colheita. Não de frutas ou de cereais, mas de vidas humanas. A hora da colheita dos homens tarda, porém não falha. Talvez seja a única colheita garantida. Já que as outras estão sujeitas aos azares do tempo e da  sorte.
 Nesse inicio de primavera a safra começou bem!  Duas mortes significativas ocorreram uma a  seguir da outra. Não me refiro a da apresentadora de programas de TV, que morta foi tão badalada como viva. Falo de outras mortes, que não mereceram tal espaço no vídeo. Mais precisamente as de  Eric Hobsbawm e a de  Autran Dourado .
Historiador inglês Eric Hobsbawm,morreu  aos 95 anos. Foi o grande historiador do século XX . Melhor do que todos entendeu a Era dos extremos que marcou a história mundial  no sangrento século passado.. Historiador às antigas sem os maneirismos da Nova História soube interpretar os acontecimentos com argúcia e sensibilidade.  Sua longa vida foi de completa coerência Em momento algum se desdisse ou se corrompeu. .Morreu reconhecido, deixando uma obra não que dificilmente perecerá. Nunca foi condecorado pela Rainha que tantos títulos deu às nulidades. Em geral, os  premiados  são epígonos das nulidades comprometidas com o poder.
Há outro dito, segundo o qual a desgraça nunca vem só. Quando acontece uma calamidade outra a segue ,necessariamente. Eis que morre Autran Dourado. Em minha opinião um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Eu conheci Minas  Gerais pelas suas descrições e a  entendi  por meio de seus olhos.  Sinos da Agonia foi um dos melhores romances que li. Lembro até hoje com emoção a tragédia mineira,tão contundente quanto as  gregas, nas quais se  inspirou.Seus livros me deram momentos inesquecíveis de encantamento  e beleza. Algumas das cenas da Opera dos Mortos ficaram  gravadas em minha lembrança como se eu as tivesse presenciado. As rosas de Rosalina, as voçorocas de Duas Pontes, os relógios para sempre parados num tempo  que  se foi.Suas obras não o levaram a Academia Brasileira de Letras. .  Outro injustiçado!
Até se entende, que em uma associação de escritores que comporta Paulo Coelho, Marco Maciel, Ivo Pitanguy entre outros,tão estranhos às belas letras e tão ligados  a riqueza, não haja  lugar para um  literato de outro calado ( perdão pelo trocadilho) . No mundo há muitas coisas que eu  não entendo  e essa é uma delas.
 È possível que eu esteja enganada, afinal para minhas avaliações me valho de minha percepção, fruição e de meus sentimentos. Há outro modo de interpretar o belo?
Quando a morte colhe algumas pessoas, ainda que tenham vivido muito e bem, tenho a nítida impressão que a Terra fica menor de repente. Ao contrário do universo que se expande o mundo se encolhe. Enfim, mais uma vez estou me sentindo órfã.

Loraine Slomp Giron 
  Twitter: loslomp  Blog: http://historiadaqui.blogspot.com.br/


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