Há vinte
anos minha amiga Dolaimes Stedile sugeriu que fizéssemos uma pesquisa sobre as
injustiças que as filhas tem sofrido nas empresas de seus pais, tanto na divisão dos bens e como nas atribuições de poderes. Poucos anos
depois ela morreu. Fiquei devendo a
pesquisa para ela, pois o tema é muito delicado e de difícil comprovação. Mas
todos os meses de março eu me lembro dela, da sua simpatia irradiante e de sua proposta.
Mas eu pergunto “Quem vai reconhecer que preteriu suas filhas capazes em favor
de seus filhos incapazes?” Ninguém. Além do mais hão direito sobre heranças que de certa forma pode
minimizar as diferenças.
A injustiça
com as mulheres não é algo novo, começa
na colônia Os colonos poderiam dar aulas sobre as formas de fraudar as filhas nas partilhas de seus bens. Delas foram retirados
os direitos à terra sob os mais diversos pretextos. Creio
que há poucas regiões no mundo onde as filhas foram exploradas mais do que nessa região. Até o nascimento de
filhas era motivo de tristeza de
desilusão dos pais , já que esperavam um braço forte para o trabalho na
colônia.Pretensamente as mulheres tem menos força que os homens e são
tradicionalmente conhecidas como sexo frágil. Sexo frágil que aguenta a
maternidade e todas suas decorrências e ainda vive bem mais tempo que o chamado
sexo forte.
Antigamente não havia dia da mulher, foi só em 1975 que a
Assembleia da ONU decretou o dia oito de março como Dia Internacional da Mulher. A existência de um dia da mulher (como o Dia
do Índio)revela toda a dominação e toda a subordinação da mulher a que ela é
submetida na sociedade machista.Os
homens repetem os velhos procedimentos
de antigamente que tentam retirar da mulher seus direitos e seu poder de
autodeterminação.
Conheço
casos incríveis de exploração de filha tanto na colônia como na cidade. Um dos
casos que me vem a lembrança é o de Lourdes uma menina de quatorze anos
entregue por seus pais pobres que viviam em Esteio a uma patroa cruel de Caxias. Lourdes
trabalhava da manhã a noite sem direito a estudo e a descanso semanal. Em
contra partida seus pais recebiam seu misero salário para continuar vivendo.
Essa é uma forma de escravidão chamada no instituto da escravidão de escravo de ganho. Ou seja, o trabalho de
alguém é alugado à terceiros, mas quem recebe
o salário não é o trabalhador mas o seu
dono. Lourdes sofria da dupla exploração o da patroa e a de seus pais.No entanto vivia
alegre .Ainda bem que teve sorte e se casou e foi feliz. Há muitos outros casos como os de Lourdes e algum
dia os contarei .
Como bem observa George Bernard Shaw “A escravatura humana atingiu o seu ponto culminante na nossa época
sob a forma do trabalho livremente assalariado.” Coisa bem antiga o que levou
Diderot a afirmar “Ter escravos não é nada, mas o que se torna intolerável é
ter escravos chamando-lhes cidadãos.”
Loraine Slomp Giron Historiadora
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