sábado, 30 de maio de 2015










O amor e a fé são os sentimentos mais elevados do ser humano. Ambos tem sido manipulados e usados contra ele. Fé é crença em algo ou alguém, sem necessidade de comprovação. A crença não tem dúvidas ela é movida pela certeza.  Por este motivo é antagônica à ciência que vive da dúvida. Quem tem fé nutre uma paixão pelo sagrado, vive na esperança de outra vida e de outro mundo melhores.
Maria a mãe de Jesus é uma daqueles seres que desperta a fé. Há inúmeros de nomes dados à Senhora, uma rápida pesquisa revela que pelo menos 127 são a ela atribuídos. A lista começa com Nossa Senhora da Abadia e termina com a da Vitória, passando pela do Livramento, das Brotas e da Achiropita entre muitas outras. Em cada lugar há uma aparição e um lugar de devoção.Há uma verdadeira distribuição geográfica das devoções à mãe de Cristo. Será coincidência?
            Desde o inicio do povoamento da colônia Caxias os colonos italianos, tinham fé em Nossa Senhora em seus vários nomes. O mais importante centro de devoção era, e é o de Nossa Senhora de Caravaggio, cujo começo data do  século XV . Em Caravaggio (hoje Farroupilha) ano após ano cresce o numero de romeiros, chegando em alguns anos a 600 mil. Este ano foram 257 mil romeiros. Diz à lenda que na colônia Caxias naquele ano a seca era inclemente, (cada 11 anos o fenômeno se repete) os colonos reunidos fizeram uma procissão carregando a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio pedindo o fim da seca, logo a chuva caiu.Logo a fama do milagre correu. A imagem tinha sido trazida da Europa,  em 1879 foi erguida uma capela, começam as romarias,  e foram tantas que em 1929 a capela foi elevada a Santuário.
 A crença teve inicio na pequena cidade de Caravaggio, na Itália (hoje diocese de Cremona), no dia 26 de maio de 1432,quando Joaneta, uma pobre camponesa maltratada pelo marido, viu uma bela senhora, uma rainha. A região  estava sendo palco da segunda guerra entre Veneza e Milão. A Senhora entrega para Joaneta uma mensagem (como sempre acontece nas aparições) para que diga ao povo que volte a fazer penitência, jejue nas sextas-feiras e ore na igreja no sábado à tarde em agradecimento pelos castigos afastados e pede que construída uma capela. Para provar o milagre faz brotar uma fonte de água (que existe até hoje),que cura. Pouco depois pela ação da vidente a paz é feita entre as cidades. Tal modelo se repete mais tarde em Lourdes!
Entre as igrejas cristãs a Católica é a única que tem o costume de coletar objetos sagrados (as relíquias) e santificar mortais pecadores.  È a única que venera santos transformando homens comuns em exemplos dignos de ser seguidos. Como dizia o padre Miguel Hidalgo, um dos líderes da revolução mexicana: “muitos dos santos canonizados estão no inferno”, mas, para os que têm fé isto não importa, basta apenas  acreditar. E por incrível que pareça a fé continua  realizando milagres!



sábado, 23 de maio de 2015

LIMITES








Diz Fernando Pessoa “O que não tem limites não existe. Existir é haver outra coisa qualquer, e, portanto cada coisa ser limitada.” Há pessoas e são muitas que já não tem limites, no entender Pessoa não existiriam.  O que vem a ser limite? È um palavra polissêmica, uma palavra com muitos significados. Pode ser entendida como:linha que marca o fim de uma extensão : linha comum entre dois países ou terrenos contíguos ; ação de colocar um termino  em determinada ação ,entre muitos  outros.
Uma pessoa sem limites é a que não sabe onde termina sua liberdade e onde começa a do outro. È aquele  que pensa que é dono do mundo e que faz tudo o que tem vontade.Não estou falando de bandidos ,nada disso são pessoas comuns, que não respeitam o outro,que já não conhecem seus limites.
   Contou-me uma amiga, que na escolinha aonde vai seu neto há um menininho (tem três anos) que bate em todos e machuca muitos dos coleguinhas. As mães se reuniram para por um fim ao domínio de terror do pequeno monstro. Mas sua mãe não comparece, porque seu filho não tem problemas. Na verdade o filho não tem problemas ele apenas causa problemas em todo o grupo. Contaram-me também que o pequeno deu um tapa na cara do próprio pai, que apenas riu.
È a inexistência de limites que causa da corrupção, o desvio de verbas, a violência doméstica e uma série de outros delitos. As crianças criadas sem limites se tornam adultos perigosos, tanto para si mesmo como para a sociedade.
 Toda esta introdução tem por fim falar das medidas impostas pelo Shopping San Pelegrino aos menores, proibindo sua entrada desacompanhados de responsáveis, nos finais de semana.Medida difícil se ser entendida, pois contraria a liberdade de ir e vir,  com certeza vai reduzir a frequência ao local. A Direção tem direito de impor tal medida ,por outro lado é um claro  sintoma do tipo de indivíduo que esta sendo formado, que não sabe se comportar em público.“O apetite do ser humano não se contenta dentro de nenhum limite; deseja sempre ultrapassar o ponto em que se encontra. (Boccacio) O resultado é o do velho ditado  espanhol  que diz :” Cria corvos e eles te arrancarão os olhos









domingo, 17 de maio de 2015

IMIGRAÇÃO: 140 ANOS











 O passado é lembrado de várias formas, e os feitos históricos são celebrados de forma aleatória. O passado lembrado não é o vivido, o comemorado nem sempre é o real. Muitos contraventores são celebrados como vultos históricos e muitos heróis são esquecidos.Tudo depende dos seguidores no presente.Para cada presente há um passado diferente. Fazem  140 que os  migrantes italianos chegaram à colônia  Caxias.
            Em meados do século XX a imigração italiana para o Rio Grande do Sul era ignorada. A Segunda Guerra (1939-1945) colocara os velhos parceiros Brasil e Itália em campos opostos. Até o imigrantes de mais de três gerações passaram a ser  considerados inimigos e alguns  pobres colonos foram presos por falar o dialeto.Os caxienses foram  criados com a noção de serem brasileiros , os italianos  não tinham nada de ver com eles. Afinal havia sido proibido de falar o dialeto que aos poucos fui sendo esquecido.
Em 1925 fora comemorado o cinquentenário da imigração com o apoio do governo italiano liderado por Mussolini, foi uma grande festa para poucos. Em 1950 esta celebração já havia sido esquecida,foi então que começou a mudança.Quando foi comemorado o 75º aniversario da imigração, foi lançado um excelente álbum comemorativo da efeméride mas o evento não chegou ao povo. A inauguração do Monumento Nacional ao Imigrante em 1954 foi um marco na história regional. Caxias foi perdoada pelo Brasil, pelo crime de ter sido povoada por imigrantes italianos. Como se o fato de ser pobre e colono tivesse fosse um crime e um opróbrio.
Tudo mudou em 1975 por ocasião das comemorações do centenário da imigração. Foram feitas várias comemorações e realizações. O prefeito Mario Bernardino Ramos esteve à frente das celebrações e das ações, nunca o poder público se envolveu tanto em uma efeméride. Para encurtar a história que é longa e daria um livro, basta lembrar que então ocorreu a transferência da antiga Prefeitura (onde hoje é o Museu Municipal) para os pavilhões da Festa da Uva, onde se encontra até hoje. Foi inaugurado o novo parque da Festa da Uva, foi reinaugurado o Museu Municipal, criado o Arquivo Municipal, o Museu da Casa de Pedra, a Orquestra Sinfônica de Caxias, entre outros. Foi lançado o Álbum do Centenário que até hoje serve de fonte histórica.Nunca se produziu tanto em tão pouco tempo.Há outros eventos  ,  mas espaço é pequeno para tantas realizações.  Foi sem dúvida o momento mais brilhante da historia de Caxias. Então souberam celebrar o passado. Depois dessa data nada mais se fez!

De lá para cá muita coisa mudou. Discutiu-se a validade das comemorações sobre a imigração, se os italianos foram ou não os povoadores da Colônia Caxias. Foram inventados outros povoadores.Querendo ou não , foram os colonos italianos que povoaram Caxias, com o patrocínio do governo imperial,não houve outros. Foram os imigrantes italianos que construíram Caxias. Uma Caxias de todos é muito bonito, mas é outra coisa. Tomara que o aniversário da imigração a ser comemorada em 2025 exceda o de 1975. Pois desde então só houve simulacros!  O evento merece ser celebrado e comemorado.

sábado, 9 de maio de 2015

TURISMO & VIVÊNCIAS









          Há viagens e viagens. Não me refiro a viagens psicodélicas, mas formas diferentes de fazer turismo. Há o turismo das grandes empresas que levam os extasiados turistas para ver as maravilhas da natureza ou das melhores construções humanas de todos os tempos.Há as viagens feitas com menos gastos e muito elucidativas sobre como vivem as populações locais.
        Em 1991 quando o cruzado tinha valor igual ao dólar, fizemos uma longa viagem a Europa foi 33 dias, dos quais dormimos 22 noites em trens, e o restante em hostais baratos ou em casas de família. Os host eis(assim mesmo) ou hostais  assim chamados na Espanha (contandas  na Itália) são pouco mais do que casas de famílias com alguns quartos  para alugar. A vantagem de parar nesses lugares é imensa, pois se convive com a população.   Enquanto “as empresas levam os turistas a conhecer hotéis (de cinco estrelas) e ônibus do turismo receptivo, o turismo’ caseiro” ou comunitário revela com o vivem e como pensam os habitantes de cada lugar.
     Foi parando em casas de família, que fiquei sabendo como os húngaros odiavam os russos. Ainda que não falássemos uma única palavra de sua língua. O velho engenheiro, no apartamento do qual paramos alguns dias, com o auxilio de um dicionário nos deu aulas sobre a política nacional.         Conseguimos assim conhecer por dentro casas do século XIX ,reformadas para os confortos do século XX.Dormimos com cobertas de penas de ganso, em cozinhas transformadas em quartos. Conhecemos alguns espanhóis franquistas que nos trataram como macacos.  Em Florença pude falar algumas frases em dialeto da colônia daqui e ser entendida pela dona da contanda. Enfim, experiências (e foram muitas) que não podem, nem poderiam ser vivenciadas em hotéis,nem em grandes excursões. Como destaca Goethe: ”Não chegamos a conhecer as pessoas quando elas vêm a nossa casa; devemos ir a casa delas para ver como são.” Garanto que outras são as vivências.
O que não significa que as companhias turísticas não fazem maravilhosas excursões, sem problemas nem percalços. São ótimas viagens para quem quer se divertir. Já as viagens planejadas de forma diferente tem outras vantagens e outras visões da realidade.Enfim podemos dizer como Millôr Fernandes : “Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem, mas que conhecemos mais de perto”.
   Li noticias sobre um novo tipo de turismo que está sendo feito na Bahia,com hospedagem em casas de famílias e com roteiros definidos pelos moradores locais. Deve ser um turismo maravilhoso, pois deve revelar coisas que nunca conheceríamos se lá não fossemos.  Aqui na região tão pródiga em belezas ,algo semelhante poderia ser feito. Com grande vantagem e alegria para os envolvidos. Pois,como afirma Lincoln: ”Não te esqueças de que os estranhos são amigos que ainda não conheces.”



quinta-feira, 7 de maio de 2015

ESTADO MEU




Luigi XIV





Claudio Lembo, ex- governador de São Paulo, velho político conservador do PSD, em entrevista no dia 27 de março ao Valor, o mais importante jornal de economia do país, afirmou sobre o movimento de 15 de março “A burguesia foi às ruas, o povão ainda não”. ”Em entrevista no dia 27 do mesmo mês coloca sua preocupação com os rumos do movimento que ele chama de burguês”. Acredita ele que o povo ainda não foi envolvido no movimento e que foi esquecido por ele. È ele quem diz não eu!
Lembro o que disse Luis XIV(1638-1715), que simplificou como nenhum outro monarca o conceito de Estado, afirmou ele “O Estado sou eu”. Quis dizer que ele era a personificação  da França. A corte gastava mais de 50% do orçamento do Estado em seu próprio beneficio. Não é de se estranhar que mais tarde tenha estourado a Revolução Francesa. O mesmo percentual gastava o bom rei luso Dom João VI, com os interesses de sua família. Estourou a economia do Brasil e em Portugal a Revolução do Porto (1820).
Getulio Vargas o mais nacionalista dos presidentes brasileiros, queixava-se amargamente da burguesia brasileira. Para impor as mudanças sociais exigidas no Brasil teve de impor o Estado Novo.  “Disse ele em 1954, nas vésperas de sua morte à sua filha Alzira:” Quase nunca me pediram algo para o país. Sempre me pediram algo para alguém. " Frase citada no filme sobre sua vida.  Getulio sabia do que falava! Referia-se ao sistema de compadrio usado pelas oligarquias brasileiras, para mamarem nos fartos seios da Nação. Elas pensam de forma tão autoritária quanto a de  Luis XIV ,ignorando as necessidades  coletivas,procurando usar o Estado como se fosse uma de suas   propriedades privadas , e ai daqueles que pensam de forma diversa. Governar para o social no Brasil tem sido considerado crime pelas elites , merecendo  perseguição e morte. Enfim tudo continua igual. ”Tudo como dantes no quartel d’Abrantes!”Como diz um velho adágio português”.
As elites pedem a intervenção do Estado apenas para resolver seus problemas particulares, caso contrário pedem um estado liberal (com letra minúscula sim), ou seja, que seja surdo e mudo para a maioria da população. Lembro  o principal produto  da Revolução Americana :” Nós, o Povo dos Estados Unidos, a fim de formar uma União mais perfeita, estabelecer a Justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, promover o bem-estar geral, e garantir para nós e para os nossos descendentes os benefícios da Liberdade, promulgamos e estabelecemos esta Constituição .”Não é preciso mais do que isso, apenas liberdade e  bem estar geral do povo.
Por fim, lembra Vargas em 1937: ”Se queremos reformar, façamos, desde logo, a reforma política. Todas as outras serão consectárias desta, e sem ela não passarão de inconsistentes documentos de teoria política”. É  preciso que sejam feitas quanto antes  as   reformas de base previstas por Jango, e  que as elites  não deixaram acontecer!Senão o povo pode ele ir às ruas!



FIDELIDADE







Fidelidade [do latim fidelitate.] significa  a qualidade de fiel , e ainda constância, firmeza, nas afeições, nos sentimentos; perseverança, observância rigorosa da verdade; exatidão. A fidelidade tem a mesma origem da palavra fé (do latim fides, fidelidade ) que significa a  adesão a determinada ideia ,considerada  como verdade, sem necessidade de prova ou critério  de  verificação. Deve-se lembrar de que na fidelidade sempre há dois elementos, há quem é fiel e a aquele a quem se  presta fidelidade.Ela  é qualidade essencial no casamento, sem a qual  ele dificilmente resiste. Sempre há uma recíproca de quem é fiel e a quem se deve fidelidade. Já fé é unilateral, basta aquele um ,aquele que acredita.Mas, mesmo assim aquele que  acredita,crê  em algo ou em alguma coisa.
Fidelidade é algo tão antigo quanto o costume na Idade Média, quando os vassalos,  juravam fidelidade ao senhor feudal, em troca de algumas vantagens. Nos tempos atuais ela faz muita falta. Já o Novo Testamento afirma que :” Não podeis servir a Deus e a Mamom.(Mateus 6:24)” Em palavras mais simples ,não é possível servir a Deus e ao Diabo .Também ninguém pode  votar ao mesmo tempo  na Dilma e em Aécio .Ninguém pode ser fiel e infiel ao mesmo tempo.Nem servir ao Estado e a si mesmo!
Fidelidade que deveria ser qualidade essencial dos políticos, que de há muito (e muitos) deixaram de acreditar nela , nem sabem a quem devem ser fiéis e na dúvida permanecem fiéis apenas aos seus próprios.Deveriam ser fiéis ao povo e ao interesses do pais. Não  entendendo sua responsabilidade, permanecem fiéis apenas aos seus próprios interesses. Quem se lembra da fidelidade partidária?
Toda essa reflexão se deve a sempre esquecida e adiada fidelidade partidária.  Durante a ditadura com a vigência da Constituição de 1967, a Lei nº 5682, de 21 de julho de 1971, obrigava a fidelidade partidária, punindo com a perda de mandato, o não cumprimento   de diretrizes dos partidos . Com a democratização tudo mudou,  a Lei foi  revogada pela nº 9096, de 19 de setembro de 1995 . Com as poucas exigências da nova  Lei, em relação a  questão,  os políticos caíram na gandaia, passaram a mudar de partido como quem muda de roupa
Um antigo político caxiense deve deter o recorde mundial da troca de partidos, experimentou todas a siglas ,não gostou de nem uma. Será que alguém ainda se lembra dele?  Também deve ser bem difícil votar na Câmara dos Deputados para um representante do  Partido do Rio Grande,que deve ser oposição e situação ao mesmo tempo.  Em Paris em Tóquio  e em inúmeras cidades existem  estatuas de cães  fiéis .  Não o conheço estátuas de homens fiéis,por sinal ,nem  existem deusas da fidelidade .Fiel ? Só os cães e  Penélope a leal esposa de Ulisses que esperou vinte anos pela volta do marido.Não é triste?