Família não é questão de escolha, na família se nasce (ou
não)!Não é questão de afeto ou de amor, família é uma contingencia! Da mesma
forma que a classe social, nela se nasce
e não se escolhe.Família é contingência
dos bebes mamíferos que não podem se autocriar. Os bebes que ao contrario dos ovíparos não tem
condições de sobreviver sem mãe ou alguém que a substitua.
A família nem sempre foi à mesma, ao
contrario variou no tempo, no espaço. A família além de contingente é histórica.
A família como o Estado tem recebido muitas interpretações, a mais contundente
talvez seja a do filosofo francês Louis Althusser que afirmou que ela é um dos
aparelhos ideológicos do Estado. Outra leitura
é a de Michel Foucault que
acredita que ela é um dos instrumentos de poder, horizontal mas tão forte(ou mais ) do que o do Estado.
A família como a religião tem sido
ao longo do tempo o conduto que define o modo de ser e de pensar dos homens. Conforme
a seu grupo familiar assim será
o homem. Nascer numa família cristã, marca uma pessoa para sempre. Não
há como fugir. O germe da doutrina invade a mente e a demarca para sempre. Não se trata
de determinismo histórico, longe disto, trata-se de contágio. O maior contagio é
o do catolicismo. O catolicismo nascido do Estado (Constantino /Roma) foi
sustentáculo do Estado ocidental moderno e mais do que isto se tornou um.
Existe outra religião que é ela própria um Estado absolutista, cujo governante,
pelo Concilio
do Vaticano I (1870), é infalível?
Voltando à família, bem observou J.P Sartre “a
família é como a varíola: a gente tem quando
criança e fica marcado para o resto da vida”. Isto não significa falta de amor
ou desgosto por ter nascido em família católica ou não, trata-se apenas de
entendê-la. Pois há algo de muito positivo em pertencer a um grupo familiar
conhecido do qual é possível conhecer a origem étnica, o DNA e a cultura. A
cultura unifica os grupos sociais, pelos hábitos, comidas,
festas, crenças e modo de pensar e de agir. Existe entre os seus
membros uma similitude que não se encontra em outros grupos . É possível ficar
anos distantes uns dos outros, mas o tempo não conta, a consanguinidade, se mantém sempre e para sempre. Ser parente como
é chegar em casa. Pode não ser a melhor
coisa do mundo, mas é aquilo que se tem
e se pertence.
Como diz Tolstoi na frase inicial de Ana Karenina “As famílias
felizes parecem-se todas; as famílias infelizes são infelizes cada uma à sua
maneira.” A questão mais importante é saber se existem famílias felizes num
mundo em eterna mudança, onde os membros são trocados a cada tempo
indeterminado? Há momentos felizes sim,
mas há mais problemas do que soluções.. Ter família é tão difícil quanto
a política nacional. Mas bem mais difícil é não ter tido uma. Se pode existir
algo pior do que isto é ter uma família e perde-la. Portanto aproveite bem sua família enquanto puder, ela é o que de
mais certo e seguro existe no mundo.Com
toda contingência !