sábado, 30 de julho de 2016

FAMÍLIA







           

Família não é questão de escolha, na família se nasce (ou não)!Não é questão de afeto ou de amor, família é uma contingencia! Da mesma forma que a classe social, nela  se nasce e  não se escolhe.Família é contingência dos bebes mamíferos que não podem se autocriar. Os bebes  que ao contrario dos ovíparos não tem condições de sobreviver sem mãe ou alguém que a substitua.

            A família nem sempre foi à mesma, ao contrario variou no tempo, no espaço. A família além de contingente é histórica. A família como o Estado tem recebido muitas interpretações, a mais contundente talvez seja a do filosofo francês Louis Althusser que afirmou que ela é um dos aparelhos ideológicos do Estado. Outra leitura  é  a de Michel Foucault que acredita que  ela  é um dos  instrumentos de poder,  horizontal  mas tão forte(ou mais ) do que o do Estado.
            A família como a religião tem sido ao longo do tempo o conduto que define o modo de ser e de pensar dos homens. Conforme a seu grupo  familiar  assim será  o homem. Nascer numa família cristã, marca uma pessoa para sempre. Não há como fugir. O germe da doutrina invade  a mente e a demarca para sempre. Não se trata de determinismo histórico, longe disto, trata-se de contágio. O maior contagio é o do catolicismo. O catolicismo nascido do Estado (Constantino /Roma) foi sustentáculo do Estado ocidental moderno e mais do que isto se tornou um. Existe outra religião que é ela própria um Estado absolutista, cujo governante, pelo Concilio do Vaticano I (1870), é infalível?
             Voltando à família, bem observou J.P Sartre “a família é como a varíola: a gente tem quando criança e fica marcado para o resto da vida”. Isto não significa falta de amor ou desgosto por ter nascido em família católica ou não, trata-se apenas de entendê-la. Pois há algo de muito positivo em pertencer a um grupo familiar conhecido do qual é possível conhecer a origem étnica, o DNA e a cultura. A cultura unifica os grupos sociais, pelos hábitos,  comidas,  festas,  crenças  e   modo de pensar e de agir. Existe entre os seus membros uma similitude que não se encontra em outros grupos . É possível ficar anos distantes uns dos outros, mas o tempo não conta, a consanguinidade,  se mantém sempre e para sempre. Ser parente como é  chegar em casa. Pode não ser a melhor coisa do mundo,  mas é aquilo  que se tem  e  se pertence.     
Como diz Tolstoi na frase inicial de Ana Karenina “As famílias felizes parecem-se todas; as famílias infelizes são infelizes cada uma à sua maneira.” A questão mais importante é saber se existem famílias felizes num mundo em eterna mudança, onde os membros são trocados a cada tempo indeterminado?  Há momentos felizes sim, mas há mais problemas do que soluções.. Ter família é tão difícil quanto a política nacional. Mas bem mais difícil é não ter tido uma. Se pode existir algo pior do que isto é ter uma família e perde-la. Portanto aproveite bem  sua família enquanto puder, ela é o que de mais certo e seguro  existe no mundo.Com toda  contingência !

domingo, 24 de julho de 2016

COISAS DO ESTADO




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            O último estagio da utopia capitalista é o Estado/Empresa. Os filósofos e os pensadores políticos (estes nem de longe são filósofos)ao longo do tempo tem definido o Estado de varias formas como: Leviatã medonho que detém a crueldade da luta do homem contra o homem;   busca do  bem comum;  conceito; contrato social , pequeno comitê da burguesia e como líquido etc.. Sem citar os autores porque seria uma tese e não apenas uma opinião. Enfim, são tantos os estados pensados quanto são os seus pensadores.  .
            Os políticos que gerenciam o país (esta é palavra que se aplica bem ao caso) nos três níveis (nacional, estadual e municipal) apregoam a necessidade de um superávit do Estado. Ora superávit é lucro.O Estado não sendo empresa, deveria  zelar pelo bem estar de  seus cidadãos ..Em nenhum momento  aos pensadores propuseram um  estado lucrativo.  Nenhum autor que prega o Estado como Empresa, apenas o estado mínimo dos preceitos do Consenso de Washington. Esta parece ser mais  das   contradições  do Estado Liberal ,que não deveria interferir na economia em nenhum aspecto,quanto mais virar  uma empresa.
            Alguns exemplos ínfimos podem elucidar a questão. O município que segundo consta está quebrado. As obras realizadas nos corredores para ônibus das ruas tiveram gastos extraordinários. Segundo matéria publicada em primeira página no Pioneiro, a Prefeitura afirma não ter dinheiro para a construção de uma área coberta de escola em Loreto, sugere o Prefeito que os pais a façam. Trata-se, pois de patrocinar a livre iniciativa nos próprios do município.  Tudo nos governos são prioridades.  A prioridade parece ser o transporte. Os objetos se tornaram mais importantes que os sujeitos. Uma questão de perspectiva! Se não sabem o motivo da falência da educação, perguntem aos professores o porquê. Eles sabem a resposta
            No Estado do Rio Grande do Sul um exemplo são os salários (sem citar c saúde e educação) pagos parceladamente, e o décimo terceiro salário autofinanciado pelo servidor. Alguns servidores tem mais direitos que os outros,como  os do legislativo  e do judiciário recebem aumentos,enquanto os do executivo recebem parcelas de um salário sem reajuste ou reposição..Afinal  os funcionários não votam na Assembleia. Ainda procuram as causas do aumento dos assaltos e dos roubos. Perguntem aos policiais eles sabem a resposta . Perguntem aos alunos adolescentes revoltados contra a qualidade do ensino, que foram batidos e presos, qual o problema da educação, eles sabem a resposta.
            Parece que o problema das administrações brasileiras tem sido mais de ótica do que de receita. Mais de teoria do que de prática. O ponto de vista com o qual se olha o mundo marca a ação sobre ele. O que é mais importante o saldo positivo dos gastos ou o bem estar da população? Dá resposta depende a ação. Como disse Michel Foucault  “Na  ação  política  os reis  ainda estão vivos”. Na política nacional há inúmeros reis que acreditam no Estado Empresa.

sábado, 16 de julho de 2016

TERRA NATAL



           







Existem animais migratórios, aves, peixes e até alguns mamíferos, que que periodicamente retornam ao lugar onde nasceram para se reproduzirem. Mas não são apenas os animais que fazem movimentos migratórios. A transumância era realizada pelos povos pastores, que para alimentar seus rebanhos. Eram levados de um lugar para outro de acordo com estação do ano.Este costume milenar  permanece  em algumas tribos africanas.Há pouco tempo, no Marrocos vi crianças árabes que pastoreavam suas cabras levando-as nas cercanias da cidade,  de um pasto para outro.
            Os homens são animais, como  outras espécie tem costumes semelhantes. Basta ver um bando de macacos reunidos, eles agem como os homens quando estão em grupo. Parecem apaixonados torcedores de times de futebol, que juntos agem de forma parecida com a dos demais primatas.
            Não sei até que ponto o apego (diria até amor) pela terra natal tem suas raízes nos primórdios da civilização, um apelo primitivo. O que é  certo que entre as melhores poesias estão aquelas que cantam a terra natal . Basta lembrar Gonçalves Dias com sua Canção do Exílio, que começa assim : “Minha terra tem palmeiras monde canta o sabia, as aves que aqui gorjeiam,não gorjeiam como lá.” Ou  a Pátria de Olavo Bilac, poesia que adornava as salas de aula durante o distante   Estado Novo(1937-45)  e que iniciava assim : “Ama ,com fé e orgulho a terra em que nascestes!
            Forqueta é o lugar onde nasci, ela se encontra no mesmo lugar, mas que já não é mais a mesma.A Forqueta de minhas lembranças sumiu no tempo. Os lugares como as pessoas mudam com o tempo. Ficam velhos como elas e como elas se degradam. Uma lástima!
            Forqueta da minha infância, em minha lembrança é lugar de aconchego e de paz. Onde gritam bandos de bugios e os papagaios passam em revoada. Lugar tão calmo que  as jararacas dormem dependuradas nos plátanos,como nas florestas de antanho. Lugar  aonde as raposas comem os ovos das galinhas pulando as cercas dos galinheiros. Na qual as fontes brotam límpidas da terra. Forqueta da minha lembrança é como um abrigo macio que eu visto nas noites frias do inverno. Que cheirava a uva e a vinho nas manhãs do final do verão. Onde nas noites de festas familiares se comia ranzada ou passarinhada . Uma Forqueta que já não existe. Forqueta que tem a maravilhosa Festa do Vinho Novo que guarda ainda o sabor de antigamente. Forqueta cujas velhas lembranças, como as pessoas que nela viveram se tornaram evanescentes e imponderáveis como plumas das paineiras levadas pelo vento.
            Como diz Leonardo da Vinci: ”Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para céu, pois lá você esteve e para lá você desejará voltar.” Assim é a terra natal, um lugar inesquecível, um lugar para voltar!


quarta-feira, 6 de julho de 2016

BANDEIRAS












            A história das bandeiras está ligada a história dos estados. Cada país cultuava sua bandeira, sendo um dos símbolos nacionais.  Alvo de veneração nos governos nacionalistas, em tempos de globalização aos poucos vem perdendo sua sacralidade. Elas que já foram  alvo de disputa em guerras e símbolo de vitórias.
            No mundo dos homens há ciência para tudo. Existe até uma dedicada ao estudo das bandeiras que se chama vexilologia, derivada de vexellium, nome das antigas insígnias do Império Romano usadas em seus escudos de guerra.
            As bandeiras alem de ter uma ciência tem uma longa história. O uso das bandeiras iniciou na Idade Média (Sec. V a XV)  quando eram utilizadas para distinguir um exercito de outro, um cavaleiro de outro  nas guerras e nas liças.Há uma longa legislação sobre o tema.  A primeira regulamentação ocorreu em Castela, no século XIII. A bandeira mais antiga em uso desde 1219 é a da  Dinamarca. No século XIV com o surgimento dos estados nacionais a as bandeiras tornaram-se seus símbolo visuais.
            Há vários modelos de bandeiras as mais comuns  são nos países cristãos as  de cruzes, estrelas ou de listras.Nos países árabes os  seus símbolos  estão ligados a fé maometana. Entre eles o Shahadatain (profissão de fé), a estrela e o crescente lunar. De modo geral, as bandeiras constituem uma síntese da historia de um país, seu resumo imagético.
            O Brasil teve muitos regimes políticos e constituições, amealhando assim muitas bandeiras, nada menos do que teve dez bandeiras ( ou mais) desde seus tempos de colônia portuguesa. Com a proclamação da republica, o país deixou de ser um Estado unitário,  então os estados instituíram então suas bandeiras estaduais. A bandeira do Rio Grande do Sul foi adotada em 14 de julho de 1891, baseando-se em símbolos dos Farrapos, de inspiração maçônica.   Durante o Estado Novo (1937-1945) Getulio Vargas ordenou a cremação das bandeiras dos estados para que o culto se resumisse à Bandeira Nacional. No dia 27 de novembro de 1937, quando ocorreu a cerimônia,o ministro Francisco Campos discursou  :”Bandeira do Brasil ,és hoje a única (...) só não há lugar no coração dos brasileiros para outras flâmulas,outras bandeiras,outros símbolos.” Bons tempos do patriotismo!
            As bandeiras também  são usadas pela religião, como estandartes de santos  e pelos times de futebol.Em Caxias, na década de quarenta, a bandeira do Divino passava pelas casas  da cidade, recolhendo doações para as  festas. Tal festa como as demais festas populares caiu em desuso.
            Hoje há bandeiras para tudo. Servem para enfeitar carros, prédios e para vestir pessoas. Agora as bandeiras são usadas para encobrir golpes e para designar empresas de crédito. Como disse Marx: ”Tudo o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado.” Os cartões de crédito símbolos do consumo, agora portam bandeiras das  novas nações, que são  as empresas do consumo.Não há dúvidas , as bandeiras de crédito  são os símbolos de um novo tempo!