sábado, 16 de julho de 2016

TERRA NATAL



           







Existem animais migratórios, aves, peixes e até alguns mamíferos, que que periodicamente retornam ao lugar onde nasceram para se reproduzirem. Mas não são apenas os animais que fazem movimentos migratórios. A transumância era realizada pelos povos pastores, que para alimentar seus rebanhos. Eram levados de um lugar para outro de acordo com estação do ano.Este costume milenar  permanece  em algumas tribos africanas.Há pouco tempo, no Marrocos vi crianças árabes que pastoreavam suas cabras levando-as nas cercanias da cidade,  de um pasto para outro.
            Os homens são animais, como  outras espécie tem costumes semelhantes. Basta ver um bando de macacos reunidos, eles agem como os homens quando estão em grupo. Parecem apaixonados torcedores de times de futebol, que juntos agem de forma parecida com a dos demais primatas.
            Não sei até que ponto o apego (diria até amor) pela terra natal tem suas raízes nos primórdios da civilização, um apelo primitivo. O que é  certo que entre as melhores poesias estão aquelas que cantam a terra natal . Basta lembrar Gonçalves Dias com sua Canção do Exílio, que começa assim : “Minha terra tem palmeiras monde canta o sabia, as aves que aqui gorjeiam,não gorjeiam como lá.” Ou  a Pátria de Olavo Bilac, poesia que adornava as salas de aula durante o distante   Estado Novo(1937-45)  e que iniciava assim : “Ama ,com fé e orgulho a terra em que nascestes!
            Forqueta é o lugar onde nasci, ela se encontra no mesmo lugar, mas que já não é mais a mesma.A Forqueta de minhas lembranças sumiu no tempo. Os lugares como as pessoas mudam com o tempo. Ficam velhos como elas e como elas se degradam. Uma lástima!
            Forqueta da minha infância, em minha lembrança é lugar de aconchego e de paz. Onde gritam bandos de bugios e os papagaios passam em revoada. Lugar tão calmo que  as jararacas dormem dependuradas nos plátanos,como nas florestas de antanho. Lugar  aonde as raposas comem os ovos das galinhas pulando as cercas dos galinheiros. Na qual as fontes brotam límpidas da terra. Forqueta da minha lembrança é como um abrigo macio que eu visto nas noites frias do inverno. Que cheirava a uva e a vinho nas manhãs do final do verão. Onde nas noites de festas familiares se comia ranzada ou passarinhada . Uma Forqueta que já não existe. Forqueta que tem a maravilhosa Festa do Vinho Novo que guarda ainda o sabor de antigamente. Forqueta cujas velhas lembranças, como as pessoas que nela viveram se tornaram evanescentes e imponderáveis como plumas das paineiras levadas pelo vento.
            Como diz Leonardo da Vinci: ”Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para céu, pois lá você esteve e para lá você desejará voltar.” Assim é a terra natal, um lugar inesquecível, um lugar para voltar!


Um comentário:

  1. "Alegre regressa o marujo tranquilo,de longínquas ilhas,quando colheu seu lucro;também eu voltaria assim a assim a terra natal,tivesse eu tantos bens colhidos como dores colhi.(Holderlin)
    Parabéns por mais um belo texto loraine.

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