Existem animais migratórios, aves, peixes e até alguns mamíferos,
que que periodicamente retornam ao lugar onde nasceram para se reproduzirem. Mas
não são apenas os animais que fazem movimentos migratórios. A transumância era
realizada pelos povos pastores, que para alimentar seus rebanhos. Eram levados
de um lugar para outro de acordo com estação do ano.Este costume milenar permanece
em algumas tribos africanas.Há pouco tempo, no Marrocos vi crianças
árabes que pastoreavam suas cabras levando-as nas cercanias da cidade, de um pasto para outro.
Os homens são animais, como outras espécie tem costumes semelhantes. Basta
ver um bando de macacos reunidos, eles agem como os homens quando estão em grupo.
Parecem apaixonados torcedores de times de futebol, que juntos agem de forma
parecida com a dos demais primatas.
Não sei até que ponto o apego (diria até amor) pela terra
natal tem suas raízes nos primórdios da civilização, um apelo primitivo. O que
é certo que entre as melhores poesias
estão aquelas que cantam a terra natal . Basta lembrar Gonçalves Dias com sua
Canção do Exílio, que começa assim : “Minha terra tem palmeiras monde canta o
sabia, as aves que aqui gorjeiam,não gorjeiam como lá.” Ou a Pátria de Olavo Bilac, poesia que adornava
as salas de aula durante o distante Estado Novo(1937-45) e que iniciava assim : “Ama ,com fé e orgulho
a terra em que nascestes!
Forqueta é o lugar onde nasci, ela se encontra no mesmo lugar,
mas que já não é mais a mesma.A Forqueta de minhas lembranças sumiu no tempo. Os
lugares como as pessoas mudam com o tempo. Ficam velhos como elas e como elas
se degradam. Uma lástima!
Forqueta da minha infância, em minha lembrança é lugar de
aconchego e de paz. Onde gritam bandos de bugios e os papagaios passam em revoada.
Lugar tão calmo que as jararacas dormem
dependuradas nos plátanos,como nas florestas de antanho. Lugar aonde as raposas comem os ovos das galinhas
pulando as cercas dos galinheiros. Na qual as fontes brotam límpidas da terra. Forqueta
da minha lembrança é como um abrigo macio que eu visto nas noites frias do
inverno. Que cheirava a uva e a vinho nas manhãs do final do verão. Onde nas
noites de festas familiares se comia ranzada
ou passarinhada . Uma Forqueta que já não existe. Forqueta que tem a
maravilhosa Festa do Vinho Novo que guarda ainda o sabor de antigamente. Forqueta
cujas velhas lembranças, como as pessoas que nela viveram se tornaram
evanescentes e imponderáveis como plumas das paineiras levadas
pelo vento.
Como diz Leonardo da Vinci: ”Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com
seus olhos voltados para céu, pois lá você esteve e para lá você desejará
voltar.” Assim é a terra natal, um lugar inesquecível, um lugar para voltar!
"Alegre regressa o marujo tranquilo,de longínquas ilhas,quando colheu seu lucro;também eu voltaria assim a assim a terra natal,tivesse eu tantos bens colhidos como dores colhi.(Holderlin)
ResponderExcluirParabéns por mais um belo texto loraine.