O homem não vive só, desde o nascimento depende de outros
seja da mãe seja do o grupo no qual nasceu. O homem desde sempre parece ter
vivido em bandos. Como bípede implume o homem tem muitas necessidades e destas
nasce sua organização. Ele precisa de comida, roupa e abrigo, outras vieram e
se tornaram infinitas. Faz milênios que ele inventou formas de organização para
não enfrentar o mundo sozinho.
Há organizações pequenas como a família, e dela dependem
a manutenção da vida. Há organizações enormes como o Estado. Não importa que tipo
de família seja poligâmica, monogâmica aberta ou fechada, ela foi organizada para
garantir a espécie e a propriedade. A família decorre da necessidade essencial da
espécie: a procriação. A noção de amor ligada à sua procriação é coisa recente
data do século XIX, do romantismo. Antes os casamentos ocorriam pela união entre
famílias por vários interesses manter a cultura, a propriedade e poder. Estas
formas de família antecederam a família ligada ao amor. Delas o amor estava
ausente. Claro que o amor existia entre os homens, mas como um sentimento, não
como uma função, nem como organizador. E, geral o amor era periférico à
família.
A maior e mais importante organização do mundo é o
Estado. Seja mega ou mini o Estado dirige os indivíduos (como a organização
familiar) não depende do amor, mas de crenças e principalmente de interesses. São
estes últimos que movem as organizações.
Pode haver até amor, mas é sentimento acessório, não essencial. Como diriam os filósofos,
o amor nestes casos é contingente não necessário.
Há outras organizações que garante o Estado, entre elas a
religião e a escola. A primeira cultiva uma crença da qual deriva todo seu
poder, baseado em dogmas, na fé e não na razão. A escola é definida pelos objetivos do Estado, para formar (ou melhor,
formatar) os seus cidadãos. Do Estado derivam outras organizações como o
sistema de cobrança de impostos, a lei, policia e os exércitos. Não é preciso
amar nem o estado, nem o poder, nem os partidos políticos. Para que o poder se
exerça, basta o temor e a obediência. Amar o Estado é coisa do século XX, resultado
das duas grandes guerras, do fascismo e da descolonização. Como obrigar um
homem a morrer por seu pais?
O amor é aplicado em coisas menores como o dedicado a uma
pessoa ou a um time de futebol, mas importantíssimas para a manutenção do
sistema. Para o amor, são criadas organizações
nas quais a paixão é essencial. Velha herança do circo romano os times são destinados
a entreter os homens, tendo como missão mantê-los dóceis e obedientes,
distraídos das verdadeiras lutas. Para o mesmo propósito existe o amor que
serve para fazer esquecer a morte, e que é vendido como produto junto a outros os
produtos do mercado. O filosofo que pensou
as organizações que sustentam o Estado foi Max Weber e seu ideólogo maior
Althusser. Hoje tudo que o homem pensa, acredita e ama está mediado pelo poder do Estado. Como
bem observou Karl Jung “Onde o amor
impera, não há desejo de poder; e
onde o poder predomina, há falta de amor. Um é à
sombra do outro. ” Em outras palavras o poder é a sombra negra
do amor!
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