sexta-feira, 14 de outubro de 2016

PODER E ORGANIZAÇÃO






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            O homem não vive só, desde o nascimento depende de outros seja da mãe seja do o grupo no qual nasceu. O homem desde sempre parece ter vivido em bandos. Como bípede implume o homem tem muitas necessidades e destas nasce sua organização. Ele precisa de comida, roupa e abrigo, outras vieram e se tornaram infinitas. Faz milênios que ele inventou formas de organização para não enfrentar o mundo sozinho.
            Há organizações pequenas como a família, e dela dependem a manutenção da vida. Há organizações enormes como o Estado. Não importa que tipo de família seja poligâmica, monogâmica aberta ou fechada, ela foi organizada para garantir a espécie e a propriedade. A família decorre da necessidade essencial da espécie: a procriação. A noção de amor ligada à sua procriação é coisa recente data do século XIX, do romantismo. Antes os casamentos ocorriam pela união entre famílias por vários interesses manter a cultura, a propriedade e poder. Estas formas de família antecederam a família ligada ao amor. Delas o amor estava ausente. Claro que o amor existia entre os homens, mas como um sentimento, não como uma função, nem como organizador. E, geral o amor era periférico à família.
            A maior e mais importante organização do mundo é o Estado. Seja mega ou mini o Estado dirige os indivíduos (como a organização familiar) não depende do amor, mas de crenças e principalmente de interesses. São estes últimos  que movem as organizações. Pode haver até amor, mas é sentimento acessório, não essencial. Como diriam os filósofos, o amor nestes casos é contingente não necessário.
            Há outras organizações que garante o Estado, entre elas a religião e a escola. A primeira cultiva uma crença da qual deriva todo seu poder, baseado em dogmas, na fé e não na razão. A escola é definida pelos  objetivos do Estado, para formar (ou melhor, formatar) os seus cidadãos. Do Estado derivam outras organizações como o sistema de cobrança de impostos, a lei, policia e os exércitos. Não é preciso amar nem o estado, nem o poder, nem os partidos políticos. Para que o poder se exerça, basta o temor e a obediência. Amar o Estado é coisa do século XX, resultado das duas grandes guerras, do fascismo e da descolonização. Como obrigar um homem a morrer por seu pais?
            O amor é aplicado em coisas menores como o dedicado a uma pessoa ou a um time de futebol, mas importantíssimas para a manutenção do sistema.  Para o amor, são criadas organizações nas quais a paixão é essencial. Velha herança do circo romano os times são destinados a entreter os homens, tendo como missão mantê-los dóceis e obedientes, distraídos das verdadeiras lutas. Para o mesmo propósito existe o amor que serve para fazer esquecer a morte, e que é vendido como produto junto a outros os produtos do mercado.  O filosofo que pensou as organizações que sustentam o Estado foi Max Weber e seu ideólogo maior Althusser. Hoje tudo que o homem pensa, acredita  e ama está mediado pelo poder do Estado. Como bem observou Karl Jung Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é à sombra do outro.  Em outras palavras o poder é a sombra negra do amor!


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