Os ninguéns: os filhos de ninguém, o dono de nada:
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Eduardo Galeano.
O século XXI tem sido marcado pela busca de novas terras
por grupos de migrantes marcados, da mesma maneira que o século XIX e o XX. Não
se trata mais da divisão internacional do trabalho, mas do deslocamento de
parte da população sem rumo, expulsa por circunstâncias adversas. Tais como um terremoto
como no Haiti, problemas políticos como na Síria ou no Senegal. As causas são
variadas, mas os resultados são os mesmos são milhares de famílias deslocadas
no espaço, sem a certeza da solução de seus problemas. São milhares de mulheres
e de crianças à deriva da história. São milhares de famintos em busca de
abrigo.
Cada deslocamento maciço da população cria seus próprios
mitos e suas próprias lendas. Não são os ricos os que são obrigados a deixar em
massa sua terra, em geral são os mais pobres desvalidos e os excluídos sociais
de um país. Os ricos com seu dinheiro
guardado na Suíça ,não sofrem com
problemas menores como falta de emprego e de comida. A falta de comida,
de casa e de alimentação, de terra e de trabalho é que obriga os seres humanos
a migrarem Os modernos heróis das viagens entre países não são os homens
heroicos em busca da descoberta de novas terras, nem argonautas em busca do
velo de ouro, mas apenas seres pobres sem destino. A moderna epopeia da miséria trata apenas de famintos.
Nada tão faminto quanto os imigrantes italianos que a partir de 1862 chegaram
ao Brasil.No Rio Grande do Sul a grande imigração começou em 1875. Os relatos a
seguir baseados em fontes primárias constituem parte da epopeia das mulheres
imigrantes e pobres. O texto resulta de pesquisas realizadas entre 1991 e 2007,na
Universidade de Caxias do Sul.,que resultaram em dois livros, As histórias de
vida de mulheres imigrantes que sozinhas
tiveram de carregar a família e a propriedade.Sobreviver nas circunstancias em
que viveram não deixa de ser uma história épica da pobreza.
IMIGRAÇÃO
& MULHERES
Que não fazem arte faz artesanato.
Que
não tem cultura tem folclore.
Eduardo Galeano
A imigração
italiana para o Rio Grande do Sul, o mais meridional dos estados brasileiros,
aconteceu entre 1875 e 1914. Neste período entraram no Brasil mais de um milhão
e meio de italianos para trabalhar na agricultura .
Cerca de 100 mil imigrantes italianos vieram para o
extremo sul. Vieram em busca de terra, vendida em lotes nas colônias, (loteamentos
rurais) com área de 25 a 60 hectares, por preços baixos em módicas prestações mensais,
com até 10 anos, ou mais de carência. Nestas terras situadas nas regiões mais
inóspitas do Planalto Meridional brasileiro ,foram vendidos cerca de 10 mil
lotes ,que forneceram as condições de trabalho
para os chamados colonos ( habitantes das colônias).
A sociedade que se formou na chamada região colonial
italiana do Rio Grande do Sul era similar a do campesinato do norte da Itália
de onde eles vieram. Com uma diferença fundamental que é destacada por Paolo
Rossato(DE BONI, p. 27.1977) em carta de 1884
a seus familiares italianos: ”Aqui nós somos senhores”. Já não dependiam
dos condes ,eles se tornaram do dia para noite proprietários de extensões de
terra maiores do que as que tinham seus dos seus antigos senhores. Eles se
tornaram donos da própria miséria, não havia mais intermediários para explorá-los.
Outra diferença é que as casas que foram aos
poucos sendo construídas eram grandes sem as divisões dos cortile. As famílias viviam distantes umas das outras e independentes
entre si. A miséria era a mesma, mas o futuro se apresentava melhor. Havia
ainda outra diferença agora viviam nas matas e nas encostas pedregosas do
planalto, vulgarmente chamadas de serras, não em vales de rios e planícies onde
seria mais fácil plantar.
Logo se formou uma sociedade nova nas terras do sul antes
habitadas por fazendeiros criadores de gado, que viviam no planalto na região
dos campos. A pequena propriedade vai marcar a paisagem, com as parreiras, as
plantações de cereais, de frutas e de legumes. Eram pobres e sentiam como se
fossem heróis conquistadores das matas que os cercavam.Logo se criou a mítica
dos heroicos imigrantes que teriam desbravado a terra. Os novos heróis foram construídos
pela miséria e pela sua expulsão da terra natal.
Os homens eram fracos, pois pobres e
mal alimentados. As doenças eram muitas para combatê-las não havia remédios nem
vacinas. Havia o estranhamento da nova terra coberta de matas, com índios e
animais desconhecidos. Havia o nunca superado sentimento de perda e luto da terra
natal e dos parentes lá deixados. A
perda da língua que causou profundo sentimento de inferioridade para se
comunicar deveria usar uma língua estranha. Pelas circunstancias locais e pessoais, as
mortes por doenças, as fugas e os suicídios não se fizeram esperar. Como
resultado centenas de mulheres abandonadas.
Nos
requerimentos à comissão das terras e mais tarde para as intendências
municipais feitos pelas mulheres ou a seu rogo há histórias vida. nelas há abandono , mortes.As mulheres viúvas ou abandonadas contam suas
histórias. Nem sempre são histórias edificantes há brigas, injustiças e luta
pelas heranças. As mulheres justificam suas faltas de pagamento das taxas e dos
impostos com a dura verdade ou com assentira mais descaradas.. São histórias de
vida nem épicas ,nem heroicas, mas de
sobrevivência,.
Os requerimentos eram encaminhados imigrantes e
encaminhados aos órgãos que dirigiam a colônia Caxias seja a Comissão de terras
seja a Intendência Municipal (Prefeitura).As fontes foram
levantadas s ao longo de
três anos no Arquivo Historico Municipal de Caxias do Sul. A equipe coordenada
por mim levantou cerca de 3 mil mulheres ,constante nos livros de registros dos
impostos :Focolar, de Conservação de Estradas e de Indústrias e Profissões.
.
Os requerimentos assinados por mulheres demonstraram são fontes importantes para
entender a situação das mulheres viúvas, abandonadas
pelos maridos ou casadas com maridos incapazes. Dos requerimentos brotavam
histórias de vida. Sobre cada mulher proprietária foi
elaborada uma ficha contendo dados
pessoais, endereço, profissão, condição da propriedade, filhos e situação do
marido..
Foram catalogadas cerca
três mil mulheres proprietárias de terra ou
responsáveis pela terra e ainda as ocupadas em outros setores da produção como
comércio, artesanato e indústria. Sobre cada mulher proprietária foi elaborada
uma ficha contendo dados pessoais, endereço,
profissão, condição da propriedade, filhos e situação do marido. Foram
elaboradas 1400 fichas contendo seus dados Foram elaboradas cerca de 1400 fichas contendo dados citados. Para a execução da pesquisa foram
relacionadas 120 mulheres Das 120 mulheres,
foram selecionadas 30 ,a
seleção foi determinada pela existência
de familiares das proprietárias na
região
A grande maioria dessas mulheres eram analfabeta, apenas 39% sabiam ler.
Enquanto a maior parte das mulheres era de origem italiana, 77% do total, 20,4%
eram do Império Austro-Húngaro e 2,6 % de Estados Alemães. Das mulheres de
origem italiana 28% sabiam ler, as de origem austríaca 89% sabiam ler e
100% das alemãs sabiam ler.
As mulheres tiveram papel fundamental na construção da
nova sociedade agrícola brasileira baseada no trabalho familiar, na pequena
propriedade e na policultura. Ao
contrario da tradicional baseada no trabalho escravo, no latifúndio e na monocultura,
seja do gado, do açúcar ou do café.
TRABALHO& MULHERES
.
Que não têm cara têm braços.
Que não têm cara têm braços.
Eduardo Galeano
A mulher na pequena propriedade agrícola a mulher realizava a maior
parte das atividades, 100% das atividades domésticas e mais de 50% das
atividades principais e das atividades complementares A divisão do trabalho na
pequena propriedade não tinha mesma clareza da divisão clássica do trabalho.
Não são apenas as atividades externas para o homem e internas para a mulher. A
análise dos depoimentos das mulheres revela uma divisão do trabalho desigual
que não está baseada nem na necessidade da maternidade, nem na força física. Está baseada na autoridade paterna. ”As
atividades agrícolas exigiam grande dispêndio de forças físicas e mantiveram a
continuidade de uma tradição familiar centrada na autoridade paterna.” (COSTA,
1982p. 49).
A mulher realizava a maior parte das atividades não lucrativas, sendo
alijada das atividades principais, e que garantiam a maior renda para a propriedade.
A mulher que realizava a maior parte dos trabalhos foi submetida dentro da
família a uma condição subalterna, recebendo uma divisão desigual de bens.
Quando a mulher
ficava viúva ou abandonada pelo marido assumia a chefia da família, ao tornar-se
dona da propriedade, a mulher assumiu e diversificou as atividades principais
da propriedade. A mulher ao se tornar dona da terra transforma-se assumindo as posições
que antes eram as do homem, garantindo tanto a manutenção da submissão das
mulheres como a da família tradicional.
Por outro lado a transformação da
esposa em dona da terra é mais profunda e traumática do que a do pai de família
de servo se tornou senhor Acostumada à submissão e educada para obedecer, em
produzir e em reproduzir sem maiores questionamentos, a mulher que se torna
proprietária de terras deverá encontrar sua identidade como pessoa. Voltada
para a criação dos filhos, para os cuidados do lar, o trabalho nas atividades
complementares, alijada da administração da propriedade e da gestão econômica
da mesma, deveria de forma imediata adquirir nova posição e novos
conhecimentos.
Ao
se tornarem donas das terras as mulheres mantêm a discriminação contra as
filhas mulheres, julgando-as incapazes de auxilia-las na administração da
propriedade. Nos requerimentos, a inexistência de filhos homens é apresentada
como uma impossibilidade de produzir para pagar os impostos. Como é o caso de
Tereza Bolzanello e Regina Mattana em
requerimentos de 1903, alegam que como tem filhas mulheres não podem pagar os impostos.
Imitando os homens, desprezam e segregam as
filhas à segregação que haviam recebido, reproduzindo a injustiça a que eram
submetidas às mulheres, mantendo-as sob a pressão de um trabalho desigual e sem
direitos iguais aos dos homens Entre os vários casos estudados está o de Apolonia De Boni, viúva de Antonio Cambruzzi,
residente no lote 2, Linha Jacinta, X Légua, casou-se em segundas núpcias com
Sebastiano Casagrande, recusou-se a entregar a herança devida a sua filha Ângela Cambruzzi que vivia
na miséria em Nova Pádua, com seu marido Giovanni Menegat. Algo semelhante
parece ter ocorrido com Margaritta Lira, abandonada pelos filhos e casada com
Giácomo Fiorese, requerimento de 18 de maio de 1903.
A principal função da mulher era ser uma
serviçal,cujo papel fundamental era o da
reprodução. Sem conhecer o modo como os filhos eram gerados, entravam para a
vida de casadas sem qualquer tipo de preparação.. Os depoimentos de mulheres
imigrantes revelam de forma clara o choque que o casamento e as relações sexuais
dele decorrentes causavam nas recém-casadas. Sem ter qualquer orientação, sem
saber como eram gerados os filhos encaravam o sexo como uma prova da força do
homem sobre sua integridade física. A saída da mais completa ignorância através
da brutalidade física causava traumas, que voltavam a aflorar n amais provecta
idade.
Ao nascerem os
filhos, sem assistência maior do que a de vizinhas ou de parteiras práticas, a
mulher voltava a trabalhar em poucos dias. “Depois de quatro dias ia-se à roça
capinar” (Costa 1982, 49) não é, pois de estranhar, a ocorrência de nascimentos
prematuros e de mortes dos nascituros. A “quarentena” e o resguardo após o
parto era privilégio de poucas, ao aleitamento somava-se o trabalho da casa e
as demais atividades da propriedade. Não é de se estranhar o grande número de
crianças que morriam antes de completarem um ano de idade, nem o elevado número
de abortos evidenciados nos registros de óbitos como fetos. Algumas mulheres passavam
do aleitamento para nova gravidez. “Minha mãe fez vinte dietas e vinte
quarentenas. Cada ano uma criança.” (idem).
O
lazer da mulher era o trabalho, isto é, a mudança do tipo de atividade. Lazer
podia ser bordar ou remendar roupas, fazer tranças de palha, ou dobrar palhas
para o cigarro usado pelos homens. As poucas festas que participava estavam
ligadas não só a família ou a Igreja como também ao trabalho. A comida servida
nas festas era feita pelas mulheres, geralmente servidas por moças. Após a adoção
do churrasco como prato principal foi que os homens passaram a trabalhar na
feitura dos assados, passando as mulheres a servir as mesas.Segundo Moretto
“ as mulheres sempre faziam algum trabalho manual que lhes rendesse
algum dinheiro e assim compraram o que necessitavam.” (MORETTO, 1991,p.75)Já que
não podia contar com o dinheiro que a propriedade rendia,este era
exclusivamente dos homens.
O nascimento de uma filha mulher era
considerado como um ônus para a produção agrícola, mas, por outro lado, era o
início de uma vida de trabalhos, auxiliando a mãe nas infindáveis atividades de
casa, e o cuidado com os irmãos menores. A chegada de uma filha era acompanhada
com a preocupação do dote e do enxoval. Não se trata aqui de discutir a maior
ou menor força da mulher em relação ao homem, mas de constatar que as mesmas
mulheres que afirmavam sua falta de força física, terem conseguido dirigir e
trabalhar sua propriedade por mais de vinte anos, sem o auxílio do marido ou de
filhos.
A fraqueza desta
forma parece ter sido um estereótipo atribuído pelo grupo social ao sexo
feminino, e aceito pelas mulheres cuja própria vida encarregou-se de negar. A
mulher provou que tinha condições físicas necessárias para o trabalho físico
que a lavoura regional exigia.
Algumas mulheres
proprietárias mentem em seus requerimentos, informam que vivem na mais extrema miséria, que não têm
homens que as auxiliem, e que não podem pagar qualquer tipo de imposto. Este
parece ser o caso mais comum dos detectados como o de Bortola Viecelli,
Magdalena Trentin e Margherita Lira.
Muitas vezes a falsidade das afirmações é desvendada pelo inspetor ou por
outros requerimentos. Algumas viúvas que têm 65 anos afirmam ter os filhos menores de idade.
EXEMPLOS HEROICOS?
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Eduardo Galeano
Nas histórias das
mulheres abandonadas há um pouco de tudo, mas o que mais há é esforço e
superação. Suas histórias guardadas dos requerimentos podem ser contadas por
lembranças familiares ou algum registro oficiais da imigração. Os portugueses
eram afeitos a burocracia e ao registro,os brasileiros herdaram tais hábitos.
Assim cada colono entrado merecia uma anotação em mapas estatísticos onde
constava a procedência a data de chegada , a idade de cada membro da
família,grau instrução e o lote que lhes foi designado. Assim a partir destes fragmentos, restos de algumas
vidas podem ser encontrados.
Catarina Cavagnolli, 35 anos, chegou ao Brasil
em 1877, casada com Giovanni, 46 anos. Tiveram quatro
filhos e duas filhas.O mais velho de seus filhos Carlo ,tinha 11 anos e
Rosa mais nova ,tinha 2. Em nove anos ela
ficou grávida seis vezes. Segundo os dados do registro o lote Nº 53, na X Légua
tinha 23 hectares.(GARDELIN,2002,p.348)
Em 1893,quando ficou viúva tinha 51 anos, seus
filhos estavam criados. Ela vivia no lote 51 do Travessão Felisberto da Silva,
na X Légua da antiga colônia Caxias.No ano seguinte ela quita o lote em que
vivia Poucos anos após ( em 1905),tinha registrados mais três lotes, no mesmo Travessão, número 45, 50 e 51.
Assim depois que ficou viúva conseguiu
comprou mais três lotes de terra ,cada um deles com cerca de 20 hectares.
Em 1898, aos 55 anos, empreendeu mais um
negócio.Resolveu se tornar tropeira. O trabalho de tropeiro consistia em transportar mercadorias
de um lugar para outro.Era trabalho masculino, sendo pouco recomendado às
mulheres,pois tinham que deixar suas casas e seus filhos. Catarina informou à Intendência que pretendia trabalhar
com uma tropa de seis mulas, para “ transportar mercadorias dos comerciantes
para fora e para dentro da X Légua”(Requerimento de 1903) Solicitou ser lançada
no registro de Indústrias e Profissões não como comerciante,mas como
proprietária de tropas. Apesar de não haver registro de .Catarina Cavagnolli como comerciante é possível que tenha tido uma
casa de comércio. Outras mulheres possuíram tropas,mas não se registraram como
tropeiras entre elas Ana Rech e Cezira Oliboni
Mais de cem anos após sua morte seus descendentes
ainda lembram da mal falada
antepassada,segundo suas
lembranças uma mulher de vida fácil.
Ana Rech é a mais conhecida das mulheres proprietárias .Em
Caxias o lugar onde ela tinha sua propriedade levou seu nome.O distrito de Ana
Rech, hoje se tornou um bairro da cidade de Caxias do Sul.
Ana Rech chegou ao Brasil em de 1877,no
meso ano que Catarina Cavagnolli. No mesmo
ano entraram cerca de quinhentos imigrantes provenientes do Reino da Itália.Ana
Rech era apenas uma mulher baixinha e viúva
de 49 anos perdida numa multidão
de pobres em busca de terras no sul do
pais. Nasceu em Pren no dia 1º de outubro de 1828. Aos 19 anos casou-se
com Osvaldo Rech ,de 25 anos, natural de Muner, ele como ela era filho
de agricultores sem terra .Em 20 de
novembro de 1847, mudaram-se para Pedavena ,onde nasceram seus nove
filhos: ( Dall’Alba,1987, p48) 1865. A vida do casal de meeiros era muito
difícil, alimentação era precária daí as péssimas condições de saúde dos
filhos.
A vida do pobre não é uma
epopeia,mas tem todos os componentes de uma
tragédia. Em 1868, a filha de
Ana, Maria Teresa se casa com Pietro Menegat morrendo quatro meses depois. (Dall’Alba,1987 p. 42) Os anos de 1875 e 1876 foram os mais
difíceis para os agricultores, as péssimas safras ameaçavam matar de fome parte
da população. A situação se torna grave com a morte de Osvaldo, de uma hérnia
abdominal , na véspera do natal de 1875.
Foi então que Ana decidiu emigrar . Conta-se que ameaçou se suicidar
se não fosse permitida
sua saída da Itália assim substituiu por uma pessoa solitária.(GARDELIN, 2002,p.282 e seg.)Partiram em 12
de outubro de 1876 (Dall’ Alba II p.40) numa viagem durou meses. Não se tem noticia do navio em vieram mas as lembranças da viajem forma
preservadas. Entre elas a queda do trem de seu filho Giuseppe e de como foi salvo. De como morreu
Osvaldo Rech foi atirado ao mar
depois de sua morte súbita. .De como fugiram as mulas que transportavam seus dois filhos mais novos.
Após sua chegada em Caxias, Ana encaminhou um oficio à Diretoria de Terras solicitando
ser colocada em lote situado ao lado do
de Ângelo De Carli.
As duas famílias
Rech e De Carli mantinham relações de amizade e de casamentos durante muitos anos.
Comprou o lote nº104 ,no travessão Leopoldina ,VIII Légua , situada a meio caminho entre a região dos campos povoada
por lusos e as terras destinadas à colonização pelo governo brasileiro . Logo após sua chegada em Caxias, Ana encaminhou um oficio à Diretoria de Terras solicitando
ser colocada em lote situado ao lado do
de Ângelo De Carli..
Há muitas lembranças sobre Ana Rech , o que é certo que abriu uma
casa de comércio com águas e campos para as tropas, ficou conhecida como a dona
da melhor casa de pasto da região. Em torno de sua casa aos poucos são
construídas outras casas e logo o povoado se
forma.Há muitas histórias sobre Ana Rech desde suas relações com
escravas ,tendo tentado criar a filha uma delas,bem como de suas relações com Ângelo Rech , de seus
filhos doentes . O que realmente importa é que conseguiu vencer no
novo mundo marcou com seu nome um lugar e deixando numerosa descendência .
Os
requerimentos abaixo feitos por Ana Rech , servem para mostrar como era nlese apresentada a a voz das colonas :
Aos vinte e sete dias do mês de outubro de 1881
apresentaram-se nesta diretoria Anna Rech e RECH Angelo, que declararam na
presença do diretor João Maria de Almeida Portugal e de testemunhas assinadas e
nomeadas ,que no dia dezenove do corrente mês ,a uma hora da noite encontraram
uma criança do sexo feminino na porta de sua casa na 8ª légua prazo nº 104
,sendo logo pela mesma Anna Rech recolhida ,cuja criança ,por ele foi declarada
que tinha levado à igreja no dia de hoje ,sendo batizada e feito o registo pelo
padre Agostinho Magon. Foram padrinhos Angelo e sua mulher Joana Rech. O
que para constar lavra-se o presente termo que vai assinado
por
Por Angelo Rech e pelas testemunhas Rech Angelo, e
pelas testemunhas Eng. Afonso Newton de A. de Figueiredo, Gil Correa Vianna e
Giuseppe Falavigna. E eu ,Paulo de Campos Cartier auxiliar de escritório que o escrevi.
Aos 13 dias do mês de junho de 1882 apresentou-se
nesta Diretoria a colona Anna Rech que declarou que no dia 13 (ou 14) de maio corrente faleceu a menina Maria
Joana com sete meses de idade ,cuja criança foi por ela recolhida a a19 de
outubro, a qual foi sepultada no cemitério da 8ª Légua desta colônia, em cuja
légua mora a declarante. Do que para
constar lavrei este termo que comigo assina a rogo a declarante por ser
analfabeta, Luiz Valdemar Voght e as testemunhas Adolfo Aurélio de Figueiredo e
Rafaele Buratto. O ajudante de escriturário Paulo de Campos Cartier.
Luigia Grossi ao contrario de Ana Rech e
Catarina Cavagnolli ,residiu na zona urbana, na vila de Caxias, na Praça Dante Alighiere a principal da Vila . Seus pais Francesco Boscato(55) e Margherita
(48 anos) deixaram a Itália como emigrantes.
Chegaram à colônia Caxias vindos de Thiene,( Vicenza) a no dia 17 de junho de 1882, vieram com dois filhos Ângelo de 13 anos e Lúcia
de 9 anos,. Na Itália deixaram outros 4
filhos: Pietro(27 anos ), Regina( 25 ), Angela( 22 ) e
Luigia com 18 anos. O motivo da separação são desconhecidos, sendo possível que
os filhos que ficaram na Europa estivessem trabalhando para juntar algum dinheiro para vir para o Brasil
ao encontro dos pais.
Dois anos depois em 22 de março de 1884
chegou Pietro, o filho mais velho, casado com Maria Madalena Conforte. Com ele vieram duas de suas irmãs casadas, Regina Boscato Braga e Ângela Boscato
Giacomo. Luigia permaneceu em Milão ,onde trabalhava. Segundo lembranças
familiares estaria noiva. Ao que se sabe Luigia Boscato encontrou Baptista Grossi na cidade na qual moravam. Ao conhecer
Baptista, Luigia rompeu o noivado casando-se com ele. Segundo as lembranças familiares ele era um " bon vivant".Era baixinho e gordo enquanto Luigia era bem mais
alta.De acordo com as fontes ele era solteirão ou separado da mulher, bem mais velho do que a esposa.
Fazia nove anos que os pais tinham
deixado à Itália quando a filha e seu marido . decidiram vir ao Brasil, chegando em 15
de agosto de 1891. Baptista tinha então 39 anos
e Luigia 28 anos. Ao chegarem à vila
sede do recém-emancipado município de Caxias, compraram o lote número nº 1, da
quadra 42, Situado na esquina das ruas Sinimbu e Marques do Erval. O lote pertencera ao sapateiro Giovanni Faccin, que o adquirira
em l882,que nele havia construído uma
casa de madeira. O lote ficava ao lado do lote nº 3 que pertencia
a Giuseppe Eberle e no qual Gigia
Bandera tinha sua funilaria. A compra de um lote situado na praça principal
da Vila revela que possuíam dinheiro para a compra,pouco tempo depois
construíram um novo hotel, primeiro
prédio de três pavimentos da
região.Baptista deveria ter acumulado capital antes de viajar para o Brasil.
Segundo seu neto João José Batista Grossi, o hotel de sua avó tinha
30 quartos com um banheiro e dois sanitários por andar. No térreo ficava
o salão de refeições, a cozinha se
localizava na antiga casa de madeira ao lado da qual o hotel foi
construído. A família morava no primeiro pavimento desta casa. O
hotel tornou-se famoso pela tripada que era servida aos domingos. Os colonos
que vinham à missa aos domingos aproveitavam a ocasião para fazer suas compras
nos quiosques da praça e comer no hotel “del coggo."
O
casamento parece ter sido feliz. Enquanto Baptista se encarregava da parte
social do hotel, Luigia assumiu a direção dos empregados e da cozinha. O casal
teve cinco filhos no período entre 1892
e 1899, Alberto, Vitória, José, Francisco e Margherita.Segundo memórias
familiares Luigia ficava cozinhando praticamente até a hora do parto para
voltar à atividade logo
após. Luigia mulher dinâmica controlava
as finanças familiares com a mesma energia e controlava os filhos, mesmo depois
de adultos. A imagem guardada de Baptista é outra, dedicava-se mais ao contato
com o público não sendo muito afeito ao trabalho.
De 1893 a 1895 o Rio Grande do Sul sofreu um período de
conflito interno conhecido como Revolução Federalista. O conflito foi
decorrente da situação nacional onde as
lutas entre os monarquisitas e
republicanos ainda se travavam,na capital da nova Republica.Os maragatos (
monarquistas ) usavam bandeiras de cor
vermelha,os chimangos(republicanos ) as de cor branca. Os dois grupos
enfrentavam-se na luta pelo poder
dirigente do estado gaucho. Em temos de
‘ revolução’ os hoteleiros enfrentavam momentos delicados, as vilas e cidades
eram invadidas por tropas
republicanas e logo a seguir por tropas federalistas.. Outra grande
revolução ocorreu entre os dois grupos em 1923, em ambas foram do imigrantes os mais prejudicados pois só
eles plantavam, colhiam e criavam
animais domésticos.As safras e os animais eram roubados.Havia morte e colonos
eram obrigados a participar das lutas.
O mesmo não acontecia nas vilas e
cidades,onde o objetivo era estratégico e não apenas de saques como na zona
rural .Luigia usava a estratégia de mudar a bandeira conforme a
facção dos soldados que vinham ao hotel
para fazer as refeições.Devido à
artimanha da troca de bandeiras ,tanto maragatos como chimangos nada fizeram
contra o hotel que foi preservado .
Na vila de Caxias onde não existiam clubes e residências que
possibilitassem a reunião de mais de cem pessoas era costume realizar as festas
em hotéis. Além do trabalho diário no hotel Luigia ainda tinha ocupação nos
finais de semana com esse tipo de festa. Foi exatamente durante uma destas festas mais
precisamente o do casamento de Érico e Celestina Raabe em 1905 que repentinamente Baptista
morreu. Tinha então 53 anos deixando Luigia viúva aos 42 anos com cinco filhos
menores. Após a morte do marido Luigia
continuou com o hotel. . Em 8 de maio de 1907 Luigia cobrou da Intendência
através de requerimento a quantia de 220$500 reis pela comida fornecida aos
presos pobres da cadeia municipal. O requerimento foi deferido tendo Luigia
recebido o solicitado. Há muitos requerimentos
seus com mesmo teor cobrando serviços
prestados ao município.
Com o capital conseguido com o hotel em 9 de
abril de 1913 Luigia solicita a comprou de uma sobra de terra existente entre o
lote 1 e 3 pertencente a Abramo Eberle " afim de poder efetuar pronto
pagamento pelo preço que estipulardes." Em 4 de julho do mesmo ano
solicita licença para construir um sobrado de madeira na área que havia
adquirido. Foi nesse mesmo ano que
alugou uma casa situada na esquina da rua Marques do Erval com a rua Os Dezoito
do Forte onde passou a morar com seus filhos enquanto a casa da Sinimbu estava
sendo construída. Decidiu também alugar
o hotel passando a viver de rendas.
Segundo o que sua
filha Rita contava aos seus filhos
passou muito trabalho tanto no hotel quanto para criar os filhos, deixando uma imagem de mulher, de poucas palavras e que
batia só necessário. Passou por dificuldades financeiras conseguiu administrar
suas finanças.Segundo lembranças ,ela morreu o no dia em que conseguiu pagar sua última dívida.
Ermelinda Viero nasceu na II Légua em 1893 . Seus pais imigrantes , vieram de
Villaraspa, Vicenza. Andrea, era
marceneiro, abriu sua oficina na II Légua .Ela estudou da localidade , na escola da professora Candinha Bay, em São Pedro da
III Légua.. Ermelinda era inteligente e boa aluna , após terminar a " Seleta "
ou seja o curso elementar, foi convidada para ajudar a professora. Ela arrumava o material didático, cuidando que as
lapiseiras tivessem sempre grafite apontado, e as lousas limpas. Depois de
algum tempo trabalhando na escola, Ermelinda voltou para casa,pois queria ser
costureira e não professora. Foi para Caxias na casa de parentes onde trabalhava como
doméstica., de manhã fazia os serviços da casa e entre outros matar as
galinhas para o almoço. . A tarde aprendia corte e costura com Maria
Bragagnollo,depois de aprender corte e costura Ermelinda voltou para a III
Légua onde passou a costurar. Foi aí que encontrou Matteo Carlo Gianella.
Ermelinda
era alta, pele clara, sardenta com cabelos vermelhos escuros e olhos
castanhos . Matteo Carlo nasceu em 1883, sendo um homem bonito de cabelos
pretos, olhos azuis e farto bigode, natural de
Crocemosso, no Piemonte. A vida
de Matteo que era órfão foi difícil .
Criado em orfanato, aos seis anos,
começou a trabalhar numa tecelagem emendando fios. Muito jovem ainda imigrou
para a Argentina. Em Buenos Aires tentou vários empregos sem muito sucesso, não
conseguindo trabalhar em tecelagem como era seu desejo. Encontrou Ercole Galló
em Buenos Aires, quando trabalhava no porto como
estivador,;Gallo convidou-o para trabalhar
em sua tecelagem no Brasil. Em 1913 Matteo deixa Buenos Aires , e durante
alguns anos trabalhou na tecelagem de Gallo ,no Profondo (hoje Galópolis)
Foi numa festa
de padroeiro da capela de São
Pedro que Ermelinda e Matteo se
conheceram. O namoro entre os dois foi
difícil, pois sendo Matteo bem mais velho que ela, seu pai julgava que era
casado na Itália. Pôr outro lado Matteo tendo
vindo de Buenos Aires e sendo do Piemonte era considerado um estrangeiro. O
casamento realizou-se a 4 de março de 1915 na Igreja Matriz da Paróquia de
Santa Tereza de Caxias. O casal foi morar em Galópolis. Onde Matteo era contramestre
da fiação, onde tinha direito a uma casa de material da vila operária pertencente ao lanifício.
Matteo precisava de aumento, o que foi
lhe negado,sendo dito que estavam chegando da Europa muitos
operários que trabalhariam por um prato de comida. Com a recus , Matteo deixou o emprego foi a Monte Bérico, onde com a família morar
num galpão pertencente a Giovanna Perin, onde nada pagavam. Foi que ele começou a produzir
"carona", (peça utilizada na montaria feita com a lã ) com a lã que Ermelinda
retirou do colchão. A " carona" foi vendida para a casa comercial de
Abramo Eberle que reclamou da baixa
qualidade do produto, indicou onde Matteo poderia comprar lã e prontificando-se
a comprar sua produção. O comerciante sugeriu ainda que as caronas fossem decoradas com flores pois assim venderiam
melhor. Ermelinda era desenhista de flores passou a desenhar e bordar as caronas destinadas ao
comércio. A feltraria se desenvolveu sendo adquiridas as mesas de agitação
destinadas aglutinar ar fibras da lã.
A partir de 1920 a empresa se desenvolveu e
Ermelinda além de cuidar da produção também cuidava da escrita da tecelagem ,além da casa e dos seis filhos que teve, Com o aumento da
produção foram contratados operários. Em 1925 já são cerca de cinquenta sendo a
maioria mulheres.Matteo viaja muito para vender seus produtos, lã em novelo,
cobertores tipo mostarda e capas, além das "caronas"..Ermelinda com
as viagens do marido tomava conta não só
com da contabilidade como da produção auxiliada pôr seu irmão . O casal morava
em casa situada próxima a fábrica e Ermelinda cuidava da sua segurança. Durante a noite, com cuidava da
empresa uma arma , disparava para o alto
quando julgasse ser necessário. E em casa ela tinha um chicote pendurado atrás
da porta para manter a disciplina dos
filhos. Era severa, sabia se impor, não precisando levantar a voz. Bastava
pegar o chicote..
Ermelinda não tinha pela casa o mesmo
interesse que tinha pela empresa. Como o local onde a família morava era
distante do centro de Caxias, as crianças eram levadas de charrete para a
escola, os meninos no Carmo e as meninas no São José, pôr um encarregado que as
levava e as trazia de volta para casa. Todos os filhos estudaram;
Matteo fez várias
viagens a Europa, não só para a compra de máquinas como também para visitar
parentes, mas Ermelinda nunca o
acompanhou. Anos mais tarde Matteo foi com o filho Dwiglio para a Itália onde
este realizou um estágio em uma tecelagem de Biela.
A ação de Ermelinda não se restringia a empresa.
Várias de suas ações dirigiam-se para aqueles que passavam dificuldades,
operários ou não da tecelagem. Sabendo que uma família passava necessidades
levava ranchos e roupas. Um dos casos que ainda é lembrado é de uma moça que ficara tuberculosa e que os vizinhos
fechavam as janelas com medo do contágio
da doença. Segundo lembranças de Paulina Moretto, Ermelinda participava também
nas atividades da escola, visitando-a junto com os inspetores de ensino nas
festividades de fim de ano. Era enfim uma personalidade pública.
Em 14 de novembro de 1942 aos 59 anos Matteo
morre de problema cardíaco. Ermelinda
continua morando na casa próxima da empresa a,mesmo após o casamento dos
filhos. Continuou com suas atividades na fábrica, dirigindo-a. Pouco tempo
depois da morte do marido, Ermelinda ..Ao que tudo indica é Ermelinda nunca quis se afastar da empresa ,sendo ainda jovem
quando ficou viúva nunca deixou o trabalho, nunca abandonou a empresa.
Até a sua morte ocorrida em 2 de julho de 1969
causada também por problemas cardíacos,
Ermelinda continuou trabalhando. A razão
social da empresa após a morte de Matteo passou a ser Viuva . Matteo Gianella
& Filhos.
VOZES DAS MULHERES
Nas
cartas e
nas memórias escritas pelos imigrantes as vozes das mulheres não são
ouvidas. Nos Appunti di Viaggio , de
Giuseppe Dall’Acqua, A mais completa narrativa de viagem
de imigrantes chegados ao Brasil , redigida durante a viagem e publicada em 1901, há apenas duas citações da
presença da mulher.O nome de
uma mulher é citado na
epigrafe,dizendo que veio com ele e sua família é a sua mulher Ana Bonfardin.A outra Ana Dal’Acqua sua cunhada pediu a um marinheiro ,que um pouco do queijo estragado que era dado as ovelhas um
pouco dele fosse dado a seus filhos.
Há
poucos testemunhos diretos das palavras de mulheres imigrantes.Elas não tinham
direitos, nem voz. Não podiam
receber lotes rurais. Ana Rech foi uma das exceções .Por outro lado os homens
imigrantes foram pouco ouvidos.Sua voz esá nos veros fesceninos que
cantavam depois de beber, em alguns
provérbios e em pequenas anedotas que contavam. A voz das das mulheres em geral está escondida nas receitas culinárias, nas das cura de
doenças a nas rezas.Nelas há mais descrições que vozes
reais.
Entre os poucos discursos conhecidos
estes estão os testemunhos recolhidos
por Rovilio Costa e Arlindo Battistel em
dialeto de difícil tradução .Um dos testemunhos é de Brígida Chiarentin Tessaro ,entrevistada em 1977 com 92 anos,
ela conta como foi a viagem e a vida
nos primeiros tempos de sua chegada ao Brasil::
Mi sono vegnesta de l’Italia cô ghea sei ani compidi.(...) La nostra
famiglia se zera de Padova ,la terra de Sant’Antoni.Me ricordo che se passava
l’inverno te le stale de vache parche i animai i rendea caldo. La nostra
famiglia se zera de sei persone.El viaio le mia stato tanto bel.Vênti i
tampeste,ma grassia a Dio,el bastimento
se ga mia sfondá.El viaio el gá dura quaranta di.Ghemo desmontá a Rio
deJaneiro.Dopo 4 giorni semo vegnesti a
Porto Alegre, i dopo semo andati a Cassias tel Baracon de imigranti.( Costa
,1983 .p.981)
Ela conta ainda de como chegaram ao lote a eles
destinado em Antonio Prado e como os animais da florestas que
ela chama de “la tigre” comiam os animais domésticos. Os colonos chamavam de
tigre aos animais selvagens que atacavam
so cachorro e os galinheiros.Conta ainda das doenças familiares e das irmã que
foi comida pela tigre
Sô
mama la gá mandado sorelete sue tor impréstiofarina par far la polenta te un
vizin.A metá starda la pio picola la gá dito:”vá ti sola tor la farina che mi
te espeto qué”.L’altra la andata ,ma
tes a volta no a trova la
picinina.La core a caza e tuti i corre in cerca .Anca i vizigni com faconi.i
scopi parche il saveva che podea eser
sta la tigre.In fati. I gá spaura sta tigre,ma a tozeta no i a pi catada ,la
tigre la gávea bel che magnat.”(Idem )
Ao nascerem os filhos, sem assistência
maior do que a de vizinhas ou de parteiras práticas, a mulher voltava a
trabalhar em poucos dias. “Depois de quatro dias ía-se à roça capinar, não é,
pois de estranhar, a ocorrência de nascimentos prematuros e de mortes dos
nascituros. (Costa ,1982,p.245)
Algumas
vozes esparsas sobre assuntos diversos podem ser acompanhadas a seguir .Sobre o nascimentos dos filhos
Outro
depoimento de Angela Borsa conta sobre
o dia nascimento de sua filha Rosina :
Go laorá tuto el di in tea rossa,go taia mato insieme a mi omo
fin sera.Co zé oto de la note .a go bio mi sola.Noantri iéramo distante dela
partera lora Fiorindo me omo no gá fato ore ndare ciamarla. (COSTA, 1983,p.880)
Ao nascerem os filhos,
sem assistência maior do que a de vizinhas ou de parteiras práticas, a mulher
voltava a trabalhar em poucos dias. “Depois de quatro dias ía-se à roça
capinar, não é, pois de estranhar, a ocorrência de nascimentos prematuros e de
mortes dos nascituros(COSTA, 1982,p. 117.)
Sobre o
trabalho feminino :
Viviam
trançando a palha. Cortavam ainda e dobravam a palha de milho usada para
confecção de cigarros. Os produtos vendidos rendiam o necessário para o
enxoval.Quando queríamos comprar alguma coisa, era um sacrifício. Tínhamos de
fazer uma rocinha depois pegávamos o milho e vendíamos.”( COSTA , 490)
Com
cinco anos comecei atrabalhar .De mnhã cedo na roça.ainda escuro, ficávamos lá
até anoitecer (COSTA p.507)
Depois
que ficávamos grandes fazia-se o trabalho da casa,e depois ia-se dar sulfato à
parreiras,com a carroça trabalhava e com o gadanho;Lavrar eu sempre
lavrei,comecei a puxar serrote com nove anos (p.152)
Outra lembrança de filha de colona imigrante:
Levantava-se ao nascer do dia , as vezes ainda
no escuro.Tratar das vacas,os poços e depois ir à roça a comida tinha de preparar
tudo antes de sair .deixava-se em casa
os filhos pquenos ou os levava juntoas
onze voltava para casa a meio dia retornava. A noite voltava-se cedinho com o
claro do dia.Fazia os trabalhos,ordenhava as vacas .De noite costurava e fazia as tranças de milho.(Costa ,621)
Sobre as condições de
vida dos primeiros tempos no Brasil há
muitos depoimentos .” Disse uma :Eu levei um dote tão miserável. Quem comprou
foi a mãe. Pouca coisa: 4 lençóis, 20 ou 3 toalhas, dois ou quatro
travesseiros.” (COSTA , 490)
Outra depoente
informa Quando nos casamos levamos somente roupas de cama e de vestir. Não
levamos louças, nem máquina de costura,que era uma peça que devia constar do
enxoval. (COSTA, 1982, p.490)
Comprei a máquina de
costura com as palhas de trigo,lá ficavamos a fazer palhas para ganhar 6 contos
para comprar a máquina de costura, a custa de palhas e de tranças. (COSTA,
1982,p.509)
Alice Gasperin filha de imigrantes
relembra :
No inverno, que era
sempre rígido e extenso, se reuniam em estábulos, tanto de dia como no serão.
As mulheres fiavam. As famílias numerosas tinham os seus teares manuais e
faziam seus tecidos, especialmente de linho, tanto para vestir-se como para
roupa de cama. Faziam meias, costuravam tudo a mão e consertavam roupas. Os
homens se dedicavam ao artesanato de madeira. Faziam baldes, estátuas de
santos, molduras, soldas, etc... Aprendiam um do outro. Gasperin 1984 P,.13)
Tal afirmação foi reforçada por Paulina
Moretto também filha de imigrantes “as mulheres sempre faziam algum trabalho
manual que lhes rendesse algum dinheiro e assim compraram o que necessitavam.” (MORETTO,1991,p.13)
Alguns
trechos de requerimentos tratam da fragilidade e da falsidade femininas .Maria
Sensolo ,residente na Barra ,do 4 ºdistrito
infoma em 26 de setembro de 1905, que
seu marido
Fiorindo Sensolo, a pouco tempo teve a
desgraça de cair dentro do Rio das Antas
afogando-se,ela se acha com 5 filhos menores ,pobre e sem meios de pagar as su
as dívidas .
Rosa Laner, moradora da II Légua solicitando à Intendência a isenção do Imposto
Pessoal diz “que tendo apenas uma filha
em sua companhia e sem forças para cultivar”[1].
Informa Enricheta Casiraghi, moradora da II Légua, que “sendo viúva, com cinco filhos menores, lhe
falta força para o trabalho”.[2]Em
requerimento datado de 12 de julho de 1902 informa : "Bortola Viecceli, viúva de
Antônio Viecceli, moradora do lote 11 do travessão Victor Emanuel, VIIª Légua, tem 64 anos e sete filhos menores que
nem um auxílio podem dar, pede isenção do imposto de melhoramento de estradas.” A voz de Bortola está por
trás da voz de quem escreveu o requerimento
O inspetor do Travessão informa ao Intendente que Bortola tem os
filhos adultos que a auxiliam no trabalho, dizendo que o pedido deve ser
indeferido.
As
vozes das mulheres que com seu trabalho
ajudaram a fazer a América
estão dispersas nos requerimentos , elas que nunca poderão ser ouvidas.
CONCLUSÃO
Que não aparecem na história universal,
aparecem nas páginas policiais da imprensa local
Eduardo Galeano
As mulheres foram excluídas da história
da imigração italiana no sul do Brasil, da mesma forma que o foram na história
brasileira. Quando seus nomes são citados
estão ligados aos maridos. Elas não tem nome,sendo chamadas pelo dos maridos como viúva de ,por exemplo Viúva João Triches.
A exclusão das mulheres nos fatos históricos e nos relatos não é coincidência.Pois a sua vida e a
sua história sempre foram vistos e escritos pela ótica masculina.
O
subintendente de Nova Trento em 1898 ,ao encaminhar requerimentos de viúvas pobres as apresentou
da forma que segue:“Os pedidos feitos pelas viúva , Luigia, viúva Franchetti, e
o pedido verbal feito a mim de Bersabea, viúva Prandi, doente de treze anos com
os filhos menores, merecem ser atendidos.” A forma utilizada pelo
subintendente se repete no decorrer do
tempo.
As mulheres pobres não
tem direito ao sobrenome do marido, não possuindo o reconhecimento do seu
próprio sobrenome.
Em requerimentos do ano de 1898 ,Cecília Pirondi se apresenta como viúva de Giobbe
Canani.Neste mesmo ano Ângela Sandi e de Enricheta Casiraghi ,conseguem
elaborar seus requerimentos sem dizer seus nomes .A primeira informa que é viúva de Carlos
Sirtoli, e a segunda que é viúva de Antonio Rosseto. Nos requerimentos
posteriores voltam ao nome de solteiras, com um detalhe deixam de se referir seu estado civil. Os requerimentos são feitos como proprietárias dos lotes que dos quais se tornaram proprietárias pela
morte do marido.
A questão do nome é uma questão de identidade
,por ela a mulher se reconhece como ser
livre e como proprietária de terras.Só aos poucos ao longo dos anos vai se distanciando da precedência do nome do
marido, retomando o seu nome de solteira. Ao assumir o nome de sua própria
família, passa a negar o nome da família do marido. Ao se identificar como ser
humano livre, nega as relações de submissão que o sobrenome do marido
representava
Não
é de estranhar que as mulheres sejam ignoradas em seu papel de pobres e
imigrantes. Não faz muito tempo que os primeiros relatos da participação da
mulher na Segunda Guerra começam a ser feitos. Ainda assim “Já no século IV A.C
em Atenas e em Esparta, havia mulheres lutando nas tropas
gregas”(ALEKSIÈVITCH,2016,p.7) A
exclusão das mulheres do discurso sobre fatos históricos é o sintoma da doença milenar de sua exclusão da história.
O Rio Grande do Sul é estado de fronteira entre o Brasil e os países platinos da Argentina e Uruguai , em seu território ocorreram muitos combates. Nestas lutas a colônia foi a região que Em 1925, foi elaborado um opúsculo manuscrito contendo as assinaturas dos imigrantes que ainda viviam cinquenta anos após sua vinda da Itália.. Entre estas não há assinatura de nenhuma mulher. Como se os homens tivessem vindo sozinhos para o Brasil e seus filhos tivessem nascidos sem mãe. Como se os homens tivessem feito os filhos e a América sem a interferência da mulher, pois nela eram plantados alimentos que eram roubados pelos grupos em luta. Houve momentos de perigo com muitos mortos.
Um episódio apenas foi registrado da ação heroica das imigrantes.Está registrado no adendo que leva o título de L’opera della donna Italiana no álbum Cinquentanario della collonizzazione italiana nel Rio Grande del Sud diz o que segue :. ‘Não é o suficiente , exaltar a altivez daquela humilde humilde camponesa Rosa Togo Ragazzon,italiana de Jaguary, que em julho de 1923 ,ao ver cair morto barbaramente na casa solitária ,pela mão de bandido ,seu velho sogro indefeso Ragazzon,com coragem estoica se armou de um forcado ferindo o assassino covarde ,golpeando-o justamente no coração ,derubando-o do cavalo que montava . (Álbum ,1925 p. 452)” Junto a nota que passa despercebida de tão curta , aparece a foto de Rosa , uma pequena jovem de menos de 20 anos com o gadanho na mão .debaixo de algumas copadas árvores ,nas proximidades de um galpão de madeira.
Na colônia povoada por imigrantes italianos a mulher teve seus direitos lesados. O costume de expropriar as mulheres de seus direitos e de seus abusar do trabalho feminino veio com os imigrantes .Moretto guardou lembranças deste costume “a maior reclamação de Margarida durante a viagem, é de que tinha sempre que carregar as malas. Não sabemos se ele não pagava carregador por economia ou se era por machismo mesmo, pois os italianos tinham o costume de sobrecarregar sempre as mulheres.” (MORETTO, 1991,p. 40)
Infelizmente, tais costumes ainda se mantém, como observa Picolli ".o desgaste maior cabia às mulheres, que geravam muitos filhos, atendiam a casa e ainda trabalhavam na roça; sistema ainda hoje vigente em muitos casos." (PICOLLI,2001p.30)
REFERENCIAS
SOBRE A
IMIGRAÇÃO ITALIANA.
ADAMI, João Spadari -
História de Caxias do Sul -Ed. São Miguel- Caxias do Sul, 1962.
ADAMI, João Spadari. História
de Caxias do Sul. Caxias do Sul, Ed. Paulinas, 1973.
|
COSTA, Emília Vioitti
da.Da senzala à colônia. São
Paulo, DIFEL, 1966, p.
|
COSTA, Rovílio e
BATTISTEL, Arlindo. Assim vivem os italianos.
Vida, história, cantos e estórias. Porto Alegre, EDUCS/EST,
vol. I, 1982.
COSTA, Rovílio e BATTISTELAssim vivem os italianos.religião,música ,
trabalho e lazer. Porto Alegre,\EST/UCS 1983.
|
COSTA, Rovílio e
BATTISTEL, Arlindo.IN: Assim vivem
os italianos. in:
A vida italiana em
fotografia. Porto Alegre, EDUCS/EST, vol.3, 1983.
DAL’ACQUA. Giuseppe . Appunti di Viaggio IN: Assim vivem os italianos.religião,música ,
trabalho e lazer. Porto Alegre,\EST/UCS 1983.
|
DE BONI, Luís A. de. La Mérica – escritos
dos primeiros imigrantes italianos. Caxias do Sul:
UCS/EST, 1977.
|
DACANAL, José H. org .RS:
Imigração e Colonização. Porto Alegre,
Mercado Aberto, 1980,.
|
DALL ALBA, João L.Pe. e outros. História do Povo de Ana Rech
.Volume 1-paróquia .Caxias do Sul:Educs,1987
|
FRANZINA,
E. La grande emigrazione.
Padova, Marsilio, 1976.
|
FREITAS, Augusto
Teixeira Jr. Terras e colonização. Rio de Janeiro, Garnier, 1882.
|
FROSI, Vitalina M. e
MIORANZA, Ciro. Imigração italiana no nordeste do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, EDUCS/ Movimento, 1975, 84p.
|
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil.
São Paulo, Nacional, 1972,
|
GARDELIN, Mario e
COSTA , Rovilio.Os povoadores da Colônia Caxias.Porto Alegre ,EST 2003.
|
GIRON, Loraine S.
Caxias do Sul: Evolução Histórica. Caxias do Sul, UCS/EST, 1977.
|
GIRON,Loraine Slomp e
BERGAMASCHI,Heloisa. Mulheres proprietárias História de vidas .
Caxias do Sul:EDUCS,
2002.
|
GIRON,Loraine Slomp. Dominação
e subordinação A mulher e o trabalho na pequena propriedade.
Porto Alegre, Letra
Viva ,2005.
|
GORENDER, Jacob. A
burguesia brasileira. São Paulo, Brasiliense, 1982.
|
IANNI, Octavio. Aspectos
políticos e econômicos da imigração italiana. In: Imigração Italiana:
Estudos. Caxias do Sul, UCS/EST, 1979, 279p.
|
LAZAROTTO, Valentim. Pobres
construtores de riqueza. Caxias do Sul, EDUCS, 1981.
|
MORETTO, Paulina Soldatelli A caminhada dos Soldatelli Caxias do Sul : Edição da autora ,1991.
|
PETRONE, Maria Thereza
S. O imigrante e a pequena propriedade. São Paulo, Brasiliense, 1982,
|
Obras Gerais:
MOORE, Barrington. Injustiça: as
bases sociais da obediência e revolta. São Paulo, Brasiliense, 1987.
SAMARA, Eni de Mesquita. A
História da família no Brasil. In: Revista Brasileira de História, n°17,
ANPUH/ Marco Zero.
SAMARA, Eni de Mesquita. As
mulheres, o poder e a família. São Paulo, Secretaria do Estado de Cultura
de São Paulo/ Marco Zero, 1989.
VAINFAS, Ronaldo. Org. História
da Sexualidade no Brasil. Rio de Janeiro, Graal, 1986.
, 1983,
.
SOBRE HISTÓRIAS DE
FAMÍLIA
BALDASSO,Remi História da Família de Pedro Baldasso.. Carlos Barbosa :do Autor,
1992 Costamilan ,Ângelo Homens e
Mitos na História do Caxias Porto Alegr:Est
1989.
BONGIOVANNI , José A.Ribeiro Bongiovanni-Tremea;Raízes resgatadas,
Caxias do Sul,edição do Autor 1996
BORTOLINI Fatos &
retratos. Curitiba :Champagnat,2000.
BRESOLIN,Luciano Imigração Italiana :os Bresolin Passo Fundo; Berthier,
1994
gre, EDUCS/EST, 1983
COSTAMILAN, Ângelo Ricardo Homens e Mitos na História de Caxias. Porto
Alegre 1989.
DALL’ALBA,João
L. Pa. Os Dall’Alba: cem anos de Brasil.
Caxias do Sul, Porto Alegre: EDUCS/EST, 1984.
DE TONI, Adriane Tomasin. Família De
Toni.Uma civilização no Novo
Continente.Porto Alegre:EST ,2002
FRANCO, Alvaro. Abramo já tocou. São Paulo, Ramos, 1943.
Gasperin,
Alice. Vão simbora- Relatos de imigrantes italianos da colônia Princesa d. Isabel ,RS Porto Alegre EST/EDUCS 1984. p.
143
MOLON, Floriano. Molon História
de uma família Porto Alegre : EST 2001.
MORETTO , Paulina Soldatelli A caminhada dos Soldatelli Caxias do Sul : Edição da autora ,1991.
PERONDI,Dario Domingos e Neusa. Família Perondi:120 anos de Brasil,
Caxias do Sul; Maneco,1999.
PETRONE, Maria Thereza S. O
imigrante e a pequena propriedade. São Paulo, Brasiliense, 1982,
PICCOLI, José VIctorio. Os Piccoli.Caxias do Sul .Edição Do Autor, 2002
ZARDO,Maria
de Fátima. Do outro lado do Rio,Família
Dall’Onder .Memórias. Bento Gonçalves 1999.
SOBRE AS MULHERES
BASSA, Sônia Direito do trabalho da mulher: no contexto
social brasileiro e medidas antidiscriminatórias São Paulo: Oliveira
Mendes, 1998.
BASSERMANN,Lujo História da prostituição: uma interpretação cultural
Trad. Rubens Stuckanbruck. Rio de Janeiro: civilização brasileira, 1968.
BEAUVOIR,Simone
de O segundo sexo. Trad. Sérgio
Millet. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
BUCHINI,
Crisitina e BUARQUE DE HOLANDA ,Heloísa
Org. Horizontes plurais: novos estudos de gênero no
Brasil.. Rio de Janeiro; Fundação Carlos Chagas, 1998.
5
CASTELO BRANCO.
,Lucia O que é a escrita feminina.
São Paulo: Brasiliense, 1991.
COLASANT, Maria.Mulher daqui prá frente. São Paulo:
Ática, 1981.
CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE A MULHER, IV. Beijing,
China – 1995. Pequim.
COUTINHO, Maria Lucia Rocha Tecendo por trás dos panos: a mulher nas relações familiares.. Rio
de Janeiro: Rocco, 1994.
DAL PRIORI, Mary
e BASSANEZI,Carla org. História das mulheres no Brasil. São
Paulo: contexto, 1997.
DEL PRIORI, Mary
Ao Sul do corpo: condição feminina,
maternidades e mentalidades no Brasil Colônia. 2 ed. R.J. José Olympio,
1995.
Famílias chefiadas por mulheres: Pesquisa de
condições de vida na Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo:
SEADE, 1994.
FONSECA , Tânia
Mara Galli Gênero, subjetividade e
trabalho.. RJ Petrópolis: Vozes, 2000.
GALVÃO, Walnice
Nogueira A donzela-guerreira: um estudo
de gênero. São Paulo; SENAC, 1998.
MACHADO. ,Maria
Abel. Mulheres sem rosto. Caxias do
Sul, Maneco: 1998.
MATTOS, Maria
Zilda S, Org. Gênero em debate: trajetória e perspectiva na
historiografia contemporânea.. de. Maria Angélica. São Paulo, EDUC, 1997.
NUNES,. Maria do
Rosário . Org.Os direitos humanos das
Mulheres e das meninas: enfoques
feministas. Porto Alegre:
Assembléia Legislativa do Estado do RS, 2002.
PERROT, Michelle
Os excluídos da história: operários
mulheres e prisioneiros. Trad. Denise Bottmam. 3 ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2001.
QUINTANEIRO ,Tânia Retratos de Mulher: o cotidiano feminino no Brasil sob o olhar de
viajeiros do século XIX.. Petrópolis: Vozes, 1996.
ROMERO, Elaine
Org Corpo mulher e Sociedade.
Campinas, Papirus, 1995.
ROSEMBERG,
Fúlvia, e outras. A educação da mulher no
Brasil.. São Paulo: Global, 1982.
SAFFIOTI
,Heleieth I.B. A mulher na sociedade de
classes: mito e realidade.. Petrópolis: Vozes, 1976.
SAFFIOTI
,Heleith I. B. e MUÑOZ , Mônica. .
Org Mulher brasileira é assim. Rio de
Janeiro: Rosa dos Tempos, 1994.
SOARES ,Ana
Cristina Nassil Mulheres chefes de
família: narrativa e percurso ideológicos.. São Paulo: UNESP, 2002.
STEINEM ,Glória Memórias da transgressão: momentos da
história da mulher do século XX.. Trad. Claudia Costa Guimarães. Rio de
Janeiro; Rosa dos Tempos, 1997.
FONTES
PRIMÁRIAS
Livros de Lançamento dos Contribuintes no
Imposto de Indústrias e Profissões - 1893 a 1925 - Arquivo Municipal de Caxias
do Sul.
Livro de Lançamento do Imposto Focolar- 1890 a
1905 - Arquivo Municipal de Caxias do
Sul.
Livro dos Contribuintes da Décima Urbana -
1906 a 1907 -
Arquivo Municipal de Caxias do Sul.
Livro do Imposto de Conservação e
Melhoramentos de Estradas -Arquivo Municipal de Caxias do Sul
Mapas Estatísticos. Arquivo Municipal de
Caxias do Sul
Livro de Registros de Óbitos do Cemitério
Público Municipal.
Livros de Casamentos e Óbitos da Paróquia de
Santa Tereza.
Caixas de Requerimentos de 1899 a 1925-
Arquivo Municipal de Caxias do Sul.
Requerimento
de 1 de maio de 1904.
Requerimento
de 16 de agosto de 1904.
Requerimento
de 26 de maio de 1900
Requerimento
datado de 7 de fevereiro de 1905
Requerimento
de 4 de setembro de 1898.
Requerimento de 10 de maio de 1898.
Requerimento
de 6 de abril de 1898.
Requerimento
de 27 de janeiro de 1898 e de 31 de maio de 1898.
Requerimento
de 31 de dezembro de 1898.
Requerimento
de subintendente Joseph Falavina de 3 de novembro de 1898.
Requerimentos
de 1913.
Registro do Inspetor no livro de lançamentos
do Imposto Focolar
Requerimentos
de Domenica Dal Zot de 20/03/1899 e de Guovanni Vacchi de 23/01/1899, com pareceres
do Inspetor e do IntendenteRequerimento de 7 de fevereiro de 1905.
Recenseamento
de terras – 1890 Livro 29 AHMJSACX Ficha completa ano de 1905, requerimentos de
19/04/1898 e de 27/10/1906.
Requerimento
de 2 de junho de 1905
Requerimento
de 16 de janaeiro de 1910.
Requerimento
de 15 de maio de 1903.
.
|