sexta-feira, 15 de março de 2013


CARISMA & POPULISMO

Hugo Chávez e Pastor Maldonado, em evento da Williams

O pensador alemão Max Weber (1864-1920) estabelece três tipos de dominação: a legal, a burocrática e a carismática. A dominação legal é a decorrente do Estado de Direito que impõe ao individuo suas leis, necessitando de poder coercitivo.  A dominação burocrática não se sustenta de forma isolada, precisa de um líder para organizar os quadros. Por sua forma, ela pode se tornar um entrave para aplicação das leis e normas.  A dominação carismática depende do poder exclusivo de um indivíduo, pode se dar de acordo com a ordem legal (por meio de processo eleitoral) ou não. Há formas de tomada do poder carismático, que não dependem do voto, pode ser por meio de uma revolução  de uma contra revolução.Tanto o nazismo como o fascismo foram decorrência do voto popular.
Na América Latina, os maiores líderes foram tachados de populistas, ou seja, de dominar o povo por meio de um discurso vazio. Tal visão é reducionista. Os maiores líderes  latino americanos se impuseram tanto pela força  das armas como pelo voto. Alguns o foram pelas duas maneiras, como Vargas (1882-1954) no Brasil e Perón (1895-1974) na Argentina. Pois, depois de se manter no poder pela força das armas, retornaram pela força do voto. Revelando seu poder junto às massas.
Mais que qualquer outro chefe de Estado é o populista (e carismático) que tem sofrido a maior reação das elites. Perón derrotou as oligarquias ligadas a produção do gado e Getúlio a elite dos cafeicultores paulistas. Tais feitos são imperdoáveis quando vistos pela ótica da burguesia. O mesmo não acontece com a maior parte da população, especialmente os desvalidos que em geral são os maiores beneficiários das políticas (ditas) populistas.   Foi o mesmo destino o de Hugo Chavez, líder carismático, que venceu as empresas estrangeiras, que detinham o monopólio da produção do petróleo. Foi eleito a partir de um movimento chamado de bolivarismo, por ele criado, no meio das forças armadas. O movimento deriva de Simon Bolívar (1783- 1830) líder maior da independência da Venezuela, outro grande líder carismático. Sem seu o poder não teria havido a  descolonização.
A vida e a morte de Chaves atestam que a maioria da população venezuelana aprovou sua forma de governar. Tão difícil como a implantação de mudanças sociais é a substituição de um líder carismático. Como afirma Max Weber não há rotinização para o carisma, nem substituto legal. Enfim, Hugo Chavez morreu. Agora resta saber qual será o saldo de sua política. O maior problema dos líderes carismáticos é que não tem sucessores a sua altura.  Basta lembrar o caso de Perón que foi substituído pela sua (inepta) esposa e vice-presidente Isabelita. Não sei se esse será o caso de Maduro, indicado por Chavez como seu sucessor. Cabe uma pergunta: “Será que toda a ação em prol do povo é demagógica e populista”?  Ao que tudo indica, em geral é considerado melhor o governo que defende a burguesia. Uma coisa não se pode negar, o que é bom para uma classe nem sempre é bom para outra.
Loraine Slomp Giron  Historiadora Twitter: @loslomp Blog: http://historiadaqui.blogspot.com.br/








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