CARISMA & POPULISMO
O pensador alemão Max Weber (1864-1920) estabelece
três tipos de dominação: a legal, a burocrática e a carismática. A dominação
legal é a decorrente do Estado de Direito que impõe ao individuo suas leis,
necessitando de poder coercitivo. A
dominação burocrática não se sustenta de forma
isolada, precisa de um líder para organizar os quadros. Por sua forma, ela pode
se tornar um entrave para aplicação das leis e normas. A dominação carismática depende do poder
exclusivo de um indivíduo, pode se dar de acordo com a ordem legal (por meio de
processo eleitoral) ou não. Há formas de tomada do poder carismático, que não
dependem do voto, pode ser por meio de uma revolução de uma contra revolução.Tanto o nazismo como
o fascismo foram decorrência do voto popular.
Na
América Latina, os maiores líderes foram tachados de populistas, ou seja, de
dominar o povo por meio de um discurso vazio. Tal visão é reducionista. Os
maiores líderes latino americanos se impuseram
tanto pela força das armas como pelo
voto. Alguns o foram pelas duas maneiras, como Vargas (1882-1954) no Brasil e
Perón (1895-1974) na Argentina. Pois, depois de se manter no poder pela força
das armas, retornaram pela força do voto. Revelando seu poder junto às massas.
Mais
que qualquer outro chefe de Estado é o populista (e carismático) que tem
sofrido a maior reação das elites. Perón derrotou as oligarquias ligadas a
produção do gado e Getúlio a elite dos cafeicultores paulistas. Tais feitos são
imperdoáveis quando vistos pela ótica da burguesia. O mesmo não acontece com a
maior parte da população, especialmente os desvalidos que em geral são os
maiores beneficiários das políticas (ditas) populistas. Foi o
mesmo destino o de Hugo
Chavez, líder carismático, que venceu as empresas estrangeiras, que detinham o
monopólio da produção do petróleo. Foi eleito a partir de um movimento chamado
de bolivarismo, por ele criado, no meio das forças armadas. O movimento deriva
de Simon Bolívar (1783- 1830) líder maior da independência da Venezuela, outro grande
líder carismático. Sem seu o poder não teria havido a descolonização.
A vida e a morte de Chaves atestam que a maioria da população
venezuelana aprovou sua forma de governar. Tão difícil como a implantação de
mudanças sociais é a substituição de um líder carismático. Como afirma Max
Weber não há rotinização para o carisma, nem substituto legal. Enfim, Hugo
Chavez morreu. Agora resta saber qual será o saldo de sua política. O maior
problema dos líderes carismáticos é que não tem sucessores a sua altura. Basta lembrar o caso de Perón que foi
substituído pela sua (inepta) esposa e vice-presidente Isabelita. Não sei se
esse será o caso de Maduro, indicado por Chavez como seu sucessor. Cabe uma
pergunta: “Será que toda a ação em prol do povo é demagógica e populista”? Ao que tudo indica, em geral é considerado
melhor o governo que defende a burguesia. Uma coisa não se pode negar, o que é
bom para uma classe nem sempre é bom para outra.
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