Há
algo de podre no reino da educação. Parece simples encontrar a solução, mas desde
sempre os governos a procuram
inutilmente. Uma coisa é certa: a educação igual para todos é uma utopia. Um
primeiro ponto que merece ser pensado: muitos nascem com poucas condições de aprender,
outros nascem sabendo mais do que os mestres. Igualar pela educação assim é
impossível. Como observa Voltaire: ”A educação desenvolve as faculdades, mas não as
cria.” Não adianta insistir, educação não faz
milagres, só melhora, mas , não
inventa um novo homem.Por outro lado quem educa não é a escola ,mas os exemplos
familiares e do mundo .A escola ensina!
Outro
ponto que merece destaque: todos os cidadãos
(ricos ou pobres) deveriam ter direito à
educação gratuita. Bons médicos e muitos advogados estudaram em escolas
públicas. Deve haver igual quantidade (ou menor) dos que estudaram em escolas
privadas. Os maiores cientistas brasileiros estudaram em universidades
federais. Poucos dos maiores deles estudaram em faculdades privadas. Se o
ensino superior público é bom, por que o ensino público fundamental e médio não
tem as mesmas qualidades? Algo deve ser reformulado nas escolas públicas
estaduais e municipais. Pois, são os mesmos professores, (formados da mesma
maneira) que atuam no ensino público e no privado. Os professores do ensino
público passam por dura seleção o que não acontece com os do ensino privado. Os
mestre do ensino público tem as mesmas qualidades (ou maiores) do que os do
privado .São os mesmos métodos de ensino ,então porque os pais gastam tanto em
educação privada para seus filhos? Uma resposta parece ser o desejo da separação das classes sociais. Como se os
ricos devessem estudar em escolas privadas e os pobres nas públicas. Então
porque esses mesmos pais gastam em cursinhos para entrar numa universidade
pública? Esse é um paradoxo.
A
educação ajuda nas mudanças sociais. Mas, quanto mais se estimular a separação
entre as classes maior será o problema da desigualdade. Da mesma forma que
ensinar o que interessa à minoria é ensinar a discriminação. A escola deveria
ser um espaço democrático e que estimulasse a aceitação das diferenças. Historicamente,
no Brasil o poder público tem se mostrado incompetente para solucionar o
problema educacional. Até hoje nem todos os brasileiros tem acesso à educação
fundamental. Afinal, como fazer para atender 45 milhões de alunos? Não é
problema fácil de resolver. Para resolver esse grave problema é preciso ter
metas e objetivos definidos. É preciso planejar, ter um projeto nacional que
englobe União, estados e municípios. Projeto que seja eficaz para elevar a
qualidade da educação pública. Deveria haver um esforço conjunto para que a
educação pública volte a ser como foi até a década de setenta. Então havia
seleção (um vestibular) para entrar nas escolas públicas modelo como o Júlio de
Castilhos e o Cristóvão de Mendoza. Ao que tudo indica, aí entra a política
partidária, a divisora da construção de um projeto nacional. A melhoria
da educação deve ser um esforço suprapartidário, só unindo forças será possível
resolver o maior problema do país.
Loraine Slomp
Giron Historiadora