sábado, 12 de outubro de 2013

DESTRUINDO O PASSADO


Meu pai era um homem inteligente. Ensinou-me muitas coisas, a principal delas foi a dúvida. Segundo ele não se deveria acreditar em nada. Duvidar de tudo era o principio, e só  depois só  tomar uma  decisão. Na verdade o que ele me ensinou  foi a negação hegeliana. Assim, aprendi dialética (pela duvida), desde criança, sem saber  realmente o que era. Outra coisa ele que me ensinou foi não olhar para o passado. Ao escolher a história neguei seu conselho.. Ainda assim, guardou velhos documentos e gravuras trazidas da Áustria (Trento) por seu avô. Assim guardou até morrer a imagem da família de Francisco José, imperador da Áustria e uma gravura do Monte Bondone que guarda a cidade de Trento. Muitos descendentes de imigrantes execravam o passado!Outros dele nunca falavam. Assim muitas  histórias se perderam.
De uma forma geral, os imigrantes aprenderam a esquecer do passado. Dura foi  a perda  do lugar de nascimento, , por muitos anos guardaram  calados o luto pela pátria perdida. O luto é a dor da perda de algo ou alguém querido. Quem já o passou por ele sabe o que significa. Assim, ensinaram seus filhos a olhar para frente e não para trás para evitar o sofrimento das lembranças. Outros, na Itália tinham problemas com a justiça, calar era preciso. Alguns desses princípios ensinados se mantiveram no tempo, não olhar para o passado parece ser um deles. O resultado é a sua destruição!
Vi com tristeza a destruição de várias casas históricas. Faz pouco derrubaram a  casa de Dona Sabina Pessin. A casa construída por Vicente Rovea, em 1928, era uma sobrevivente da antiga Caxias. As casas de madeira de três ou quatro pavimentos eram comuns na cidade de ontem.  Não sobrou nenhuma! Foram proibidas as construções de madeira no centro da Cidade por causa dos incêndios. O perfil da cidade mudou por força da lei, antes de madeira depois de material.
No centro da cidade os melhores exemplos da arquitetura colonial foram tombados literalmente sem dó nem piedade, algumas pelo poder público e outras com seu aval. Lembro-me de algumas: o cine Ópera, o Ideal e a Casa Raabe. Em seu lugar foram construídos pavorosos prédios, que só servem para entristecer. Teria bastado um pouco de boa vontade dos proprietários, e esses e outros marcos da história regional  ainda estariam de pé.
Mas voltando ao passado. Basta verificar na colônia as magníficas casas de pedra, que foram demolidas ou passaram a servir de estábulo ou galpão.  Não sei se  a questão é a do passado ou  a do lucro.  Creio que é o segundo!Como disse Voltaire: ‘Quando se trata de dinheiro, os homens (e os caxienses )todos  tem  a mesma religião’. Ou não?



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