domingo, 15 de dezembro de 2013

NOTÍCIA DE PARIS




Nas  minhas primeiras idas à Europa   fui  mal tratada, pelo simples fato de  ser brasileira. Então senti na carne o preconceito existente contra a pobreza  dos países do chamado Terceiro Mundo. Na Itália chegaram a dizer que éramos de la  Mérica Povera ,motivo pelo qual só mexíamos nas roupas e não as  comprávamos.Lembro-me de vários episódios degradantes que vivenciei .Era  a época em que FHC e outros brasileiros ilustres viviam no degredo .Os tempos eram outros e a situação brasileira era vergonhosa. Nem democracia existia, enfim, uma situação humilhante.
Eu sofria mais pelo Brasil do que por mim mesma , pois sabia que pertencia um grupo de emigrantes que foram expulsos da Itália pela fome.Portanto, a miséria foi ( e é)  grande também na Europa,já  que expulsou cerca de 50 milhões de seus filhos.  Muitos dos imigrantes entrados na América ( do Norte) ficaram bem, afinal criaram a Máfia e enriqueceram com a contravenção.Já os descendentes camponeses que vieram ao Brasil  tiveram que trabalhar.  Mas como afirma Mao Tse Tung “os camponeses tem uma forte propensão  ao capitalismo “ e, um dia , finalmente alguns enriqueceram, e  seus descendentes enfim puderam ver a pátria de seus antepassados.
No ano passado a Itália apresentou sua face mais rude, com movimentos de alunos, professores e trabalhadores exigindo melhores condições de educação e de vida.  Nesse mesmo ano milhares de brasileiros visitaram a Itália sendo tão bem tratados como qualquer outro cidadão do mundo civilizado. Atualmente  na Europa há mais turistas brasileiros do que japoneses, que antes  lideravam o turismo internacional.
Outrora, quando algum parente brasileiro chegava para visitar seus ‘ricos’ primos italianos, eram escorraçados. Hoje, porém, são bem vindos, pois a situação se inverteu.  O tempo passou, e a crise derrubou o velho orgulho europeu. O Brasil cresceu , a Europa envelheceu,como predizia  Hegel.
Nesse ano enfim a glória. Em Paris, nas casas de câmbio dos Campos Elíseos, entre outras moedas de países ricos aparece o Real brasileiro. Quando se poderia pensar que se poderia viajar com reais e se fazer o cambio na Europa. Os tempos mudaram e o Brasil também, ele está entre as maiores potências do mundo, não é mais o país do futuro, mas uma potência do presente. Agora os brasileiros são muito bem tratados confirmando o que disse de Shakespeare; “Quando o dinheiro vai à frente, todos os caminhos se abrem.” E como se abrem!
Para que tudo fique perfeito falta apenas terminar com a fome e a miséria, que acompanham o Brasil desde sempre. Creio, que com boa vontade, o dia que todos brasileiros terão o que comer também poderá chegar.
Loraine Slomp Giron    Historiadora



Nenhum comentário:

Postar um comentário