Nas minhas primeiras idas à Europa fui mal tratada, pelo simples fato de ser brasileira. Então senti na carne o
preconceito existente contra a pobreza dos
países do chamado Terceiro Mundo. Na Itália chegaram a dizer que éramos de la
Mérica Povera ,motivo pelo qual só mexíamos nas roupas e não as comprávamos.Lembro-me de vários episódios
degradantes que vivenciei .Era a época em
que FHC e outros brasileiros ilustres viviam no degredo .Os tempos eram outros
e a situação brasileira era vergonhosa. Nem democracia existia, enfim, uma
situação humilhante.
Eu
sofria mais pelo Brasil do que por mim mesma , pois sabia que pertencia um
grupo de emigrantes que foram expulsos da Itália pela fome.Portanto, a miséria
foi ( e é) grande também na
Europa,já que expulsou cerca de 50
milhões de seus filhos. Muitos dos
imigrantes entrados na América ( do Norte) ficaram bem, afinal criaram a Máfia
e enriqueceram com a contravenção.Já os descendentes camponeses que vieram ao
Brasil tiveram que trabalhar. Mas como afirma Mao Tse Tung “os camponeses
tem uma forte propensão ao capitalismo “
e, um dia , finalmente alguns enriqueceram, e seus descendentes enfim puderam ver a pátria
de seus antepassados.
No
ano passado a Itália apresentou sua face mais rude, com movimentos de alunos, professores
e trabalhadores exigindo melhores condições de educação e de vida. Nesse mesmo ano milhares de brasileiros
visitaram a Itália sendo tão bem tratados como qualquer outro cidadão do mundo civilizado.
Atualmente na Europa há mais turistas
brasileiros do que japoneses, que antes lideravam o turismo internacional.
Outrora,
quando algum parente brasileiro chegava para visitar seus ‘ricos’ primos
italianos, eram escorraçados. Hoje, porém, são bem vindos, pois a situação se
inverteu. O tempo passou, e a crise
derrubou o velho orgulho europeu. O Brasil cresceu , a Europa envelheceu,como
predizia Hegel.
Nesse
ano enfim a glória. Em Paris, nas casas de câmbio dos
Campos Elíseos, entre outras moedas de países ricos aparece o Real brasileiro.
Quando se poderia pensar que se poderia viajar com reais e se fazer o cambio na
Europa. Os tempos mudaram e o Brasil também,
ele está entre as maiores potências do mundo, não é mais o país do futuro, mas uma
potência do presente. Agora os brasileiros são muito bem tratados confirmando
o que disse de Shakespeare; “Quando o dinheiro vai à
frente, todos os caminhos se abrem.” E como se abrem!
Para que tudo fique perfeito falta apenas terminar com a fome e a
miséria, que acompanham o Brasil desde sempre. Creio, que com boa vontade, o dia
que todos brasileiros terão o que comer também poderá chegar.
Loraine Slomp Giron Historiadora
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