sábado, 18 de janeiro de 2014

OS CALUNIADOS LIGUSTROS


Sou amante do mundo vegetal. Resultado das minhas origens colonas nunca esquecidas. Falar de árvores é melhor do que falar de pessoas, pois elas são o que são  sem disfarce.Uteis ou nocivas não fingem ser  o que não são.
Volto ao assunto ligustro (mas não aos pombos). O professor Luiz Andreola teve a gentileza de me enviar artigos  de1994 de autoria do agrônomo José Zugno,sobre as caluniadas árvores. Foi uma carta de Andreola,solicitando informações sobre árvores usadas na urbanização(ligustros e plátanos) de Caxias, que deu origem a quatro artigos elucidativos sobre as caluniadas árvores,publicados no Correio Riograndense de maio e junho de 1994. Li com atenção os artigos do agrônomo José Zugno nos quais afirma  os ligustros  não são nocivos, apenas exóticos , árvores que embelezaram por anos a cidade .Ao falar das árvores próprias para o uso urbano completa que  “cada qual tem méritos mas nenhuma com soma maior de atributos exigidos para a arborização,” o ligustro seria de longe  a melhor de todas.  Não haveria nenhuma outra planta que fosse mais apropriada para a arborização urbana, por suas mudas parelhas e seu crescimento regular. Enfim uma negação à natureza, que cresce livre, sem respeitar as normas humanas ,muito menos o do  tamanho das  mudas
Zugno foi por mais de cinquenta anos um dos mais interessantes e respeitados  cronistas do Correio Riograndense na área da agronomia. Sua posição em defesa dos ligustros parece datada, pois o plantio ocorreu em 1949, quando a ação e a reação entre os seres vivos ainda era pouco considerada. Desde então muitas posições mudaram, o que era aceito se tornou obsoleto e o que era considerado certo se tornou duvidoso.
 Além do mais surgiu uma ciência nova:  a ecologia, que preza mais do que a beleza e a originalidade e as qualidades das árvores, o ecossistema, seu objeto de estudo, Ecossistema que pode ser definido como um conjunto de comunidades (animais,vegetais e  terreno ) que interagem ( agem e reagem) entre si. Hoje, mais que as qualidades das mudas, se observam a qualidade de vida que depende das árvores a serem plantadas. Enfim como dizia ToreauToda geração ridiculariza a moda antiga, mas segue religiosamente a nova.”. Hoje a moda é a ecologia e o repúdio pelas árvores exóticas.
Como pensava George Bernard Shaw  “ é difícil, para a maioria das pessoas, pensar de maneira diversa da de seu próprio tempo.O tempo muda os valores ,os princípios e até as árvores. Sou uma reles historiadora, os meus conhecimentos tanto de árvores como de ecologia resultam apenas de meu amor pela natureza, posso estar enganada em todos os assuntos não históricos. Mas uma coisa é certa os ligustros que existem continuam se lastrando pelas matas nativas e alimentando  os pombos. E como alimentam



sábado, 4 de janeiro de 2014

FESTAS DE OUTRORA

            
 Desde que nasci o Natal era comemorado com Papai Noel e árvore de Natal.Mas não havia os simulacros ,apenas pinheiro mesmo. .Em geral era cortado um pinheiro de mais ou menos dois metros de altura, Decorado com bolas e velas, velas de cera presas num suporte ,parecido com um grampo de pendurar roupas no varal. Na hora da chegada do Papai Noel as velas eram acessas e as luzes (do teto) apagadas. O que dava um efeito fantasmagórico ao evento. Até hoje meus gritos de terror ecoam em minha memória.Era terrível para um criança pequena.Creio que é um dos motivos que detesto o Natal.Em outro lugares,na árvore de Natal  eram pendurados biscoitos com formato de anjos e de crianças, que depois eram distribuídos aos presentes.Parece ter sido um costume dos campos  serranos .
            Já o Ano Novo era ótimo. De manhã, bem cedo saíamos na rua (ou estrada?) da Forqueta batendo de porta em porta, dizendo bem alto” Buon  principio dell  ano”. Em geral eram parentes que nos davam uma reluzente moeda de vinte ou quarenta  centavos. No fim do dia contava-se o resultado ,que não superava dois mil réis.Era muito bom ,eu   colocava  as moedas no meu cofrinho e em outro dia gastava em guloseimas no Vedovelli, armazém de Farroupilha. Assim gosto do Ano Novo, que  nada mais é  do que uma convenção. Logo o costume de pedir moedas foi esquecido, ao que eu sei, em Caxias não era usado. Era ao que tudo indica um costume forquetense.
            Outro costume já esquecido era  a Festa de Reis (seis de Janeiro) que era feriado. Segundo lembranças dos antigos era o dia de dar presentes. Como os colonos eram pobres faziam biscoitos e os enfiavam num barbante, fazendo uma espécie de colar, que era distribuído para as crianças. Segundo minha mãe, tal costume era usado entre os padrinhos de crisma ,que davam colares para as meninas e um brinco para os meninos. Segundo ela em Barbosa (sem Carlos) os meninos usavam uma argola nas orelhas como ciganos. Não cheguei a ver isso. Costumes ancestrais.
A Festa do Divino também foi esquecida. Nas antigas lembranças dos velhos de Vacaria era a festa mais popular, sendo precedida por grandes coletas (de dinheiro e de animais ) com as bandeiras pelas fazendas e  seguida de uma grande celebração com almoço  na Igreja  e grande baile. Outra festa popular era a de Reis onde pequenos grupos de pessoas tocando e cantando passavam nas casas sendo nelas recebidos com festas. Em Caxias, a bandeira do divino passava de casa em casa passava  e entrava coletando ofertas para a igreja. Era uma bandeira amarela com uma pomba branca. Linda!  Costumes hoje esquecidos. E como mudaram os costumes!
  Como dizia Heráclito séculos atrás: “Nada é permanente exceto a mudança”, Basta olhar a mudança dos costumes e da moda.. As causas das mudanças?Nossa finitude. Se fossemos eternos não haveria mudanças  Enfim, o  rolar do tempo (fruto do espaço) causa  nossa finitude e  nosso desejo infinito de mudanças
Loraine Slomp Giron  Historiadora