Desde que nasci o
Natal era comemorado com Papai Noel e árvore de Natal.Mas não havia os
simulacros ,apenas pinheiro mesmo. .Em geral era cortado um pinheiro de mais ou
menos dois metros de altura, Decorado com bolas e velas, velas de cera presas
num suporte ,parecido com um grampo de pendurar roupas no varal. Na hora da
chegada do Papai Noel as velas eram acessas e as luzes (do teto) apagadas. O
que dava um efeito fantasmagórico ao evento. Até hoje meus gritos de terror
ecoam em minha memória.Era terrível para um criança pequena.Creio que é um dos
motivos que detesto o Natal.Em outro lugares,na árvore de Natal eram pendurados biscoitos com formato de
anjos e de crianças, que depois eram distribuídos aos presentes.Parece ter sido
um costume dos campos serranos .
Já o Ano Novo era ótimo. De manhã, bem cedo saíamos na rua
(ou estrada?) da Forqueta batendo de porta em porta, dizendo bem alto”
Buon principio dell ano”. Em geral eram parentes que nos davam
uma reluzente moeda de vinte ou quarenta
centavos. No fim do dia contava-se o resultado ,que não superava dois
mil réis.Era muito bom ,eu colocava as moedas no meu cofrinho e em outro dia
gastava em guloseimas no Vedovelli, armazém de Farroupilha. Assim gosto do Ano
Novo, que nada mais é do que uma convenção. Logo o costume de pedir
moedas foi esquecido, ao que eu sei, em Caxias não era usado. Era ao que tudo
indica um costume forquetense.
Outro costume já esquecido era a Festa de Reis (seis de Janeiro) que era
feriado. Segundo lembranças dos antigos era o dia de dar presentes. Como os
colonos eram pobres faziam biscoitos e os enfiavam num barbante, fazendo uma
espécie de colar, que era distribuído para as crianças. Segundo minha mãe, tal
costume era usado entre os padrinhos de crisma ,que davam colares para as
meninas e um brinco para os meninos. Segundo ela em Barbosa (sem Carlos) os
meninos usavam uma argola nas orelhas como ciganos. Não cheguei a ver isso. Costumes
ancestrais.
A
Festa do Divino também foi esquecida. Nas antigas lembranças dos velhos de
Vacaria era a festa mais popular, sendo precedida por grandes coletas (de
dinheiro e de animais ) com as bandeiras pelas fazendas e seguida de uma grande celebração com
almoço na Igreja e grande baile. Outra festa popular era a de
Reis onde pequenos grupos de pessoas tocando e cantando passavam nas casas
sendo nelas recebidos com festas. Em Caxias, a bandeira do divino passava de
casa em casa passava e entrava coletando
ofertas para a igreja. Era uma bandeira amarela com uma pomba branca.
Linda! Costumes hoje esquecidos. E como
mudaram os costumes!
Como dizia Heráclito séculos atrás: “Nada é
permanente exceto a mudança”, Basta olhar a mudança
dos costumes e da moda.. As causas das mudanças?Nossa finitude. Se fossemos
eternos não haveria mudanças Enfim, o rolar do tempo (fruto do espaço) causa nossa finitude e nosso desejo infinito de mudanças
Loraine Slomp Giron
Historiadora
Nenhum comentário:
Postar um comentário