sábado, 4 de janeiro de 2014

FESTAS DE OUTRORA

            
 Desde que nasci o Natal era comemorado com Papai Noel e árvore de Natal.Mas não havia os simulacros ,apenas pinheiro mesmo. .Em geral era cortado um pinheiro de mais ou menos dois metros de altura, Decorado com bolas e velas, velas de cera presas num suporte ,parecido com um grampo de pendurar roupas no varal. Na hora da chegada do Papai Noel as velas eram acessas e as luzes (do teto) apagadas. O que dava um efeito fantasmagórico ao evento. Até hoje meus gritos de terror ecoam em minha memória.Era terrível para um criança pequena.Creio que é um dos motivos que detesto o Natal.Em outro lugares,na árvore de Natal  eram pendurados biscoitos com formato de anjos e de crianças, que depois eram distribuídos aos presentes.Parece ter sido um costume dos campos  serranos .
            Já o Ano Novo era ótimo. De manhã, bem cedo saíamos na rua (ou estrada?) da Forqueta batendo de porta em porta, dizendo bem alto” Buon  principio dell  ano”. Em geral eram parentes que nos davam uma reluzente moeda de vinte ou quarenta  centavos. No fim do dia contava-se o resultado ,que não superava dois mil réis.Era muito bom ,eu   colocava  as moedas no meu cofrinho e em outro dia gastava em guloseimas no Vedovelli, armazém de Farroupilha. Assim gosto do Ano Novo, que  nada mais é  do que uma convenção. Logo o costume de pedir moedas foi esquecido, ao que eu sei, em Caxias não era usado. Era ao que tudo indica um costume forquetense.
            Outro costume já esquecido era  a Festa de Reis (seis de Janeiro) que era feriado. Segundo lembranças dos antigos era o dia de dar presentes. Como os colonos eram pobres faziam biscoitos e os enfiavam num barbante, fazendo uma espécie de colar, que era distribuído para as crianças. Segundo minha mãe, tal costume era usado entre os padrinhos de crisma ,que davam colares para as meninas e um brinco para os meninos. Segundo ela em Barbosa (sem Carlos) os meninos usavam uma argola nas orelhas como ciganos. Não cheguei a ver isso. Costumes ancestrais.
A Festa do Divino também foi esquecida. Nas antigas lembranças dos velhos de Vacaria era a festa mais popular, sendo precedida por grandes coletas (de dinheiro e de animais ) com as bandeiras pelas fazendas e  seguida de uma grande celebração com almoço  na Igreja  e grande baile. Outra festa popular era a de Reis onde pequenos grupos de pessoas tocando e cantando passavam nas casas sendo nelas recebidos com festas. Em Caxias, a bandeira do divino passava de casa em casa passava  e entrava coletando ofertas para a igreja. Era uma bandeira amarela com uma pomba branca. Linda!  Costumes hoje esquecidos. E como mudaram os costumes!
  Como dizia Heráclito séculos atrás: “Nada é permanente exceto a mudança”, Basta olhar a mudança dos costumes e da moda.. As causas das mudanças?Nossa finitude. Se fossemos eternos não haveria mudanças  Enfim, o  rolar do tempo (fruto do espaço) causa  nossa finitude e  nosso desejo infinito de mudanças
Loraine Slomp Giron  Historiadora

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