Tem
inicio mais uma Festa da Uva, será mesmo a 30ª? Assisti parte de todas, desde 1950.
Lembro-me da primeira após a Guerra, realizada em pavilhões de madeira
construídos na Rua 20 de Setembro (onde hoje está o Záfari). Havia ali um grande
descampado que ia até o campo do Juventude.Do lado direito ficava a Madeireira Caxiense(hoje o Big). O
prédio bem era bem ao gosto da arquitetura funcional de então. Havia no lado de
fora um grande palco onde se apresentavam artistas famosos, o mais importante
deles então foi Pedro Raimundo. Assistia-se aos shows de pé, seu preço estava
incluído no ingresso.
A
década de cinquenta, por outro lado, marcou o inicio da força da indústria
regional. O comércio era pífio e a agricultura algo esquecido. A colônia e as
uvas só eram lembradas numa pequena exposição, mas delas pouco se falava. A
cidade virava as costas para a colônia. Como se a uva viesse em pacotes prontos
e os colonos fossem seres a serem escondidos. Os luxuosos carros do desfile
estavam mais para as mil e uma noites do que para a cultura regional.
De
1954 a
Como
empresa deixou de ser uma festa comunitária e se tornou como bem diz seu nome
um empreendimento, ou seja, mais um negócio. Para que um negócio de certo é
preciso lucro. O que dá lucro? Vendas. Assim o comércio tomou o lugar das
indústrias na exposição. A Festa da Uva vergonhosamente se tornou uma feira
livre de pequenos negócios. Para aumentar o consumo começaram a distribuir
uvas. Ao pequeno comércio se juntou a grande imundície. Horrível! A feira virou
um camelódromo com maior número de bancas possível que vendiam produtos que nada tinham a ver com Festa nem
com cultura regional. Uma feira do pseudo artesanato.
Chegara
a hora dos serviços. Aos poucos as coisas começaram a mudar. Creio que foi em
2000, que a colônia entrou enfim nos pavilhões, com seus produtos e seu modo de
ser. A crise econômica reduziu a participação das indústrias e aumentou a dos
distritos. Mas A Festa da Uva ainda assim está longe de ser uma festa
comunitária. Esse tempo pelo visto passou para sempre .Eram outros os tempos, outros os homens e outras as festas. Tudo muda e
a Festa também mudou. Como já disse
Shakespeare “Lembrar é fácil para quem tem memória. Esquecer é difícil para
quem tem coração.” Enfim, o que fazer?
Loraine Slomp Giron Historiadora