Alguns
políticos são muito criativos. Ninguém como eles para inventar leis e artimanhas.
Desvio de verbas é com eles, bem como o aumento do custo das obras. Outra
coisa em que são especializados é em
inaugurar obras inacabadas. Basta ver quantas vezes foi inaugurada a Rota do Sol,
que levou setenta anos para ser construída e o Hospital Geral que levou apenas
quarenta anos. Nesse tempo foram inauguradas várias vezes, desde a pedra
fundamental até a conclusão. Não vou fazer uma pesquisa sobre o assunto, mas se
não me falha a memória, foram seis vezes inauguradas. O gosto pelas
inaugurações mereceria um estudo. Deve ser algo relacionado com o gosto pela
exposição pública do próprio ridículo. São os selfies do far niente!
A mais recente dessas inaugurações fictícias é a da
represa das Marrecas, que ainda não funciona. Há muito que contar sobre ela.
Até agora, tem servido como parque temático das aves que lhe dão o nome. Poderá
no futuro servir como área de lazer para o caxienses andarem de pedalinho. Diga-se
de passagem, a mais milionária das áreas de recreação já construídas. Por que
não funciona? Ora são as bombas, ora são os encanamentos. Vai saber!Enfim, as
infindáveis desculpas e pretextos tão bem conhecidos. Inaugurada com certeza ela está. Logo poderão
fazer a inauguração de cada bomba, ou de cada cano colocado. Haverá assim
motivos para a alegria geral! Não foi feito assim na Rota do Sol, onde cada
viaduto foi inaugurado?
Quem
vive tanto como eu, pensa que já viu tudo. Ledo engano! Sempre se aprende mais e
mais. Pois, os seres humanos não imbatíveis na arte de enganar. Lembro-me da
história do velho que estava morrendo. Como a família era pobre e não tivesse dinheiro,
faltou à vela que se costumava para colocar na mão dos moribundos. Não tendo
outro jeito, algum gaiato da família, pegou no fogão (a lenha é claro) uma acha
acessa e a colocou na mão do velho. Então ele disse suas últimas e lapidares palavras:
”Morrendo e aprendendo”. Esta é uma historia muito antiga e sábia. Na verdade
nunca é tarde aprender.
Sugiro
aos políticos da cidade que tenham mais cuidado com as inaugurações e com as
verbas públicas. Não faria mal, que tivessem um cuidado especial com as palavras,
para que os seus eleitores não se sintam palhaços e deixem de votar neles.
Parece é isso que os eleitores são para os luminares dirigentes! Como disse George
Orwell (1984) e eu gostaria que estivesse errado: “A linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira soe como
verdade e o crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma
aparência de solidez”. Não é bem posto?
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