Flores da Cunha está em festa,pois comemora nesse mês seus noventa anos. O prospero município vizinho e o maior produtor de vinho do Brasil já foi parte de Caxias. Não sei de outro distrito da antiga Caxias que tenha sofrido mais em sua história , do que Flores da Cunha. Teve grandes prejuízos e perdas de vidas tanto na Revolução de 1895 como na de 1923.
Foi também o primeiro distrito caxiense a se emancipar, o último foi São Marcos. O Presidente Borges de Medeiros prometeu a emancipação a Nova Trento, em troca da vitória do PRR(Partido Republicano Riograndense.).Joaquim Mascarello presidente da Comissão Emancipatória fez um discurso para a população reunida em frente a Igreja, informando das condições de Borges e da necessidade de votarem nos candidatos do PRR . Não deu outra! O Partido Republicano Riograndense (PRR) venceu as eleições em Nova Trento. Em Caxias ganhou uma coalizão. De acordo com o trato feito, foi concedida pelo Presidente do RGS a emancipação pelo Decreto Estadual nº3.320, de 17 de maio de 1924. Caxias perdeu então também Nova Pádua e Otávio Rocha.
A população de Caxias fez grande movimento contra a emancipação reunindo centenas de pessoas na frente da estátua da Liberdade na Praça Dante. Como a pior das madrastas,Caxias cobrou alto preço pela libertação A dívida imposta foi implacável e impagável: pouco mais de duzentos contos de réis. Para se ter uma ideia a receita de Caxias era de cerca de 500 contos de réis .Cobrou de Nova Trento a quantia de 200 contos. A divida exigida fazia de cada um dos 7082 habitantes um devedor de 40 mil réis ,o suficiente para comprar (no valor de hoje) um apartamento de 240 mil reais. Mais tarde, foram feitos acertos e a divida foi recalculada e parcelada.Os caxienses tinham lá suas razões, o município endividado pagava altos juros a vários bancos, por empréstimos.Com a emancipação perdeu cerca de 40% de sua receita. O que foi uma grande perda.
Nova Trento nasceu endividada, mas não pobre. Onze anos depois ,em 1935, ganhou novo nome: Flores da Cunha. Uma homenagem ao líder do PRL (Partido Republicano Liberal) então governador do RGS. Foi essa relação que tornou o novo município importante para os interesses eleitorais do general Flores da Cunha. Como nenhum outro município gaúcho soube aproveitar das benesses da política do PRL. Não é de estranhar, pois, que tenham começado a circular histórias malévolas sobre o novo município. Inventadas por quem? Caxienses, é claro!
Hoje, Flores da Cunha está de parabéns. Em seu 90º aniversário recebe o presente de importante acervo documental pertencente ao seu antigo prefeito Heitor Curra (1933-1941). Doados ao Arquivo Histórico do Município, por sua filha, a escritora Lourdes Curra, os documentos que atestam a força do PRL e do cooperativismo florenses. Atestam também a organização do seu Prefeito, que guardou com carinho a importante documentação .Ela retratam período histórico pouco estudado,que vai de 1923 a 1941, e que abrange a Revolução de 30 e o Estado Novo. Creio que é a única documentação de um prefeito da região doada à Prefeitura que dirigiu. Fores da Cunha faz aniversário e a história e os historiadores ganham um presente
Loraine Slomp Giron Historiadora
Boa tarde! Estou lendo seu livro As Sombras do Littorio e gostaria de algumas informações adicionais, relevantes para minha tese de mestrado. Por favor, entre em contato comigo pelo e-mail: michele.venzo@gmail.com. Obrigada!
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