Tanto
a terra quanto os homens tem história. A história é uma função da passagem do
tempo. Se o tempo não passasse não haveria nem finitude e morte, pois a história
é resultado de nossa finitude. Assim o que é eterno não tem história pois vive
num presente eterno.Assim vive Deus e os
deuses!
Na
história há fases de liberalidade de costumes e de extremo puritanismo. Há
períodos de privacidade e de vida pública. Até o termo mulheres públicas serviu
durante muito tempo para designar as prostitutas, que também foram chamadas de
mulheres de vida fácil. Mas as mulheres públicas na Antiguidade Greco romana gozavam
de privilégios que as mulheres privadas não possuíam, podiam conviver com os
homens e sair nas ruas desacompanhadas, aprender a ler e a tocar música. As
mulheres ditas direitas não tinham tais direitos, vivendo trancadas em jaulas
domésticas chamadas de gineceu. Para as mães de família havia a privacidade,
para as hetairas a vida pública.
Os
romanos não eram recatados, faziam orgias públicas, sem qualquer conotação de culto,
ao contrário dos gregos que deixavam sua privacidade apenas em festas e em
ritos religiosos. Era uma época de vida de pouca privacidade. Durante a Idade
Média o mundo virou algo diferente,onde a religião católica imperava sobre todos. O povo inculto ainda
vivia de modo público, fornicando e fazendo suas necessidades na frente dos
outros, mas não os nobres. Na época das monarquias absolutas a licenciosidade
era para os mais ricos, para os mais pobres havia a Inquisição. As mulheres
passaram a ser consideradas bruxas e queimadas em praça pública. Quem se lembra
do martelo das bruxas, inventado em pleno renascimento?
Infelizmente,
aquele mundo privado que interage com o mundo público dos equipamentos
eletrônicos está perdido para sempre. A privacidade morreu diz Castells.. O controle
sobre os celulares e sobre os computadores invadiu todos os recônditos da vida
privada. Os selfies (aqueles que se
postam sempre no faces da vida) vivem
a vida para outros, não para si mesmos. A realidade virtual tem ultrapassado as
maiores expectativas do homem. De certa
forma o mundo da Internet é a síntese imaterial do mundo real. Há apenas um
senão, o mundo real pouco invadiu nossos pensamentos e não leu nossos textos
antes de sua publicação. O mundo real é (apesar do controle das câmaras que
vigiam cada passo e da cobrança do Estado) menos invasivo que o virtual. Será
que um dia voltará a vida privada?Mas como diz um grafite cuja imagem está copiada
na internet: ”A vida privada é privada de que”?
Respondo eu" È privada apenas da privacidade.”.
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