sábado, 27 de setembro de 2014

PESTES




    Um dos problemas da humanidade ao longo do tempo têm sido as epidemias, que outrora eram chamadas de pestes. Elas têm sido um dos reguladores da população, da mesma forma que as guerras. As duas tem impedido o aumento excessivo de homens na terra. Em tempos históricos (ou seja, depois da descoberta da escrita), muitas têm sido epidemias. As primeiras registradas foram no Egito há 5 mil anos. No século XV, aconteceu a mais violenta delas a peste negra, que dizimou um 1/3 da população da Europa, cerca de 75 milhões de habitantes. Só a Segunda Guerra (1939-1945) matou mais gente do que ela ,nada menos de  120 milhões de pessoas.
No século XX muitas foram as pestes entre elas: a influenza, a poliomielite e a AIDS. A influenza matou milhões de pessoas logo após a Primeira Guerra, resiste até  hoje causando  de 250 a 500 mil mortes por ano. A poliomielite detida pelas vacinações em massa, continua a existir e a matar na Ásia e  na África. Por fim a AIDS está longe de ser erradicada, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) de  acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há mais de 34 milhões de pessoa com a doença no mundo. Nenhuma delas provocou a mortandade da peste negra ou da Guerra.  
O século XXI continua com suas pandemias e epidemias.Hoje a  nova ameaça   no mundo é a  Ébola ,que tem assombrado a imaginação mundial. È uma espécie de febre hemorrágica e que pode ser transmitida de várias formas e tem vários tipos. È o mais novo terror da humanidade, até na reunião anual da ONU o problema  tem sido  tratado.
O desconhecimento de suas causas e a ausência de vacinas impedem o controle e o contágio da doença. Enquanto se desenvolvem  antibióticos  surgem novas espécies de vírus a eles resistentes . Na medida em que avançam as pandemias e as epidemias cresce com elas a insegurança da população, ninguém parece estar imune à peste.
Não é possível afirmar porque alguns morrem e outros se salvam das epidemias. Certo dia viu um programa na televisão, que dava conta do resultado de pesquisas feitas em pessoas imunes à AIDS. Segundo elas aqueles que foram expostos à peste negra e sobreviveram teriam transmitido a seus descendestes um fator de imunidade, pelo qual esses poderiam ser expostos a alguns vírus sem perigo de contágio. Assim os imigrantes europeus que fugiram da Europa pela miséria trouxeram o fator Q, o que permitiria uma maior imunidade. Uma espécie de vacina avant la lettre.Não seria ótimo se fosse verdade?





terça-feira, 23 de setembro de 2014

ESCOCESES E GAÚCHOS



Para os apaixonados pelas tradições gauchescas existe um livro interessante e exótico de Manoelito de Ornelas (1903-1969), Gaúchos e Beduínos- origem étnica e a formação social do Rio Grande do Sul (1948), que busca a identidade do gaucho. Traça o perfil  do gaúcho associando-o  ao do árabe,pelas semelhanças entre suas lendas e superstições ,hábitos, costumes e tradições, apontando para as origens platinas das tradições gauchas.Outros autores  acreditam na origem lusa  da cultura regional.Entre as duas posições há oceanos de rivalidades e de crentes. Parece não haver modo de compatibilizar as duas posições. Ambas são culturalistas, colocam na diferença cultural as bases da formação social.
Há semelhanças culturais entre escoceses e gaúchos, sem querer lançar uma nova crença. Ambos os povos tem sua economia baseada na pecuária, são separatistas por vocação e conservadores por principio. Lembram-se das tribos do filme Coração Valente (Mel Gibson, 1995)? Não parecem os Farrapos, ou pelo menos as hordas de gaudérios  (procurem os sinônimos nos dicionários) de outra época e de outra etnia?A rebeldia e a ingenuidade são as características principais dos dois grupos. Lembram-se do kilt escocês, há por acaso traje mais parecido com o xiripá gaucho? Para não falar da gaita de fole.  Enfim, é possível comparar os povos mais dispares por alguns traços de semelhanças.
Por que estou escrevendo sobre algo tão distante?Pelo movimento separatista escocês. No dia 18 de setembro os escoceses vão às urnas para votar pela sua  desvinculação ou não do Reino Unido. Não é a primeira vez que a Escócia tenta sua libertação do jugo inglês. Mas é a primeira vez que tal  desejo vai à plebiscito.O Brasil terra de liberdades que permite a  fragmentação em milhares de municípios, e a divisão de estados ,que permitiu até  votação pela volta da monarquia uma das cláusulas pétreas  (que  não permitem  alteração,) da Constituição, jamais permitiu a independência por meio de plebiscito   de um estado brasileiro.
O Rio Grande do Sul é um estado atípico, com seus costumes platinos e sua  língua recheada espanholismos. Basta procurar no dicionário brasileiro as palavras muladas e lombas. Aqui  tudo é diferente do resto do Brasil . Só aqui há  partido que no estado tem posição contraria a posição nacional do partido.
Se fosse permitido um plebiscito no Rio Grande qual seria o resultado? Não sei, mas deveria ser o que acontece na Escócia onde 44% da população votará pela separação, e 43% pela manutenção da união. Se a Escócia pretende deixar o lar seguro da Libra pela hegemonia alemã do Euro, onde será um paraíso fiscal subalterno à Alemanha é problema deles. O nosso estado parece fingir independência que não possui! De que adianta tanto orgulho e preconceito.(  Jane Austen in memoriam)

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MESSIANISMO



O messianismo (do hebraico  mashiah) é a crença na vinda de um Messias para salvar o mundo ou pelo menos o povo eleito. Os judeus em sua crença ainda esperam a chegada de um salvador. Ele tem tardado a chegar.Basta ver as desgraças sofridas e realizadas pelo povo prometido. Outra crença arraigada é a da do milenarismo ( do latim Millennium) ou seja a doutrina religiosa  que promete a volta de Cristo,para formar um reino com duração de mil anos .As duas crenças se misturaram no decorrer dos tempos entre a população inculta e hoje milenarismo e messianismo se fundiram num casamento improvável.
Periodicamente se saúda a volta do messias ,ou então se inventa um messias.. Tal crença  tem gerado   episódios sangrentos no mundo e no Brasil. Como é o caso de Canudos com Antonio Conselheiro ,no Nordeste e do monge João Maria na Guerra do Contestado.  Na política os dois mitos tem criado verdadeiros monstros.Um deles foi Hitler e o mais recente deles Fernando Collor ,o caçador de marajás,o messias que salvaria o Brasil dos funcionários públicos .Todo mundo sabe, deu no que deu.
Algo muito parecido aconteceu com a eleição do Lula, que não sendo deus não pode fazer os milagres esperados.  Levam vantagem aqueles que  ninguém espera que  salvem o Brasil. Assim podem governar com cuidado e correção , sem necessidade de provar sua santidade.
Parece que tem inicio a crença de um novo predestinado por Deus, para o qual Ele promete a salvação do Brasil. Não pretendo discutir aqui os defeitos ou as qualidades da nova e fulminante candidata dos  salvadora da pátria. Os analistas políticos que se divirtam, alias são eles que mais se enganam, juntamente com os economistas e os meteorologistas. Seus erros chegam a 50% do que é previsto por eles previsto.. Ninguém reclama! Essas profissões tem feito cada analise e cada previsão que mereceriam um livro, para reafirmar seus enganos. Imaginem os leitores se uma cozinheira errasse 50% dos pratos que cozinhasse seria o caos econômico.Incrível é que com os citados profissionais nada acontece!
Messias é para os desesperançados. Como William Shakespeare afirmou : “Os pobres não têm outro remédio a não ser a esperança”. A crença em um salvador e na salvação faz parte da herança judaica. Uma coisa é certa, até hoje não nasceram os salvadores da pátria, nem do mundo. Pois esta não depende deles, depende isso sim  da democracia e do esforço de cada um. Como já dizia o sábio (entre os sábios) Aristóteles: “A esperança é o sonho do homem acordado.” Como é do conhecimento geral ninguém vive só de sonhos!
Loraine Slomp Giron Historiadora
zumbiserrano.blogspot.com.br