sábado, 13 de dezembro de 2014

FLUÍDOS











A concisão é irmã do talento, dizia Tchekhov, possivelmente o mesmo que o grande Machado de Assis. Penso como eles,mas, é muito difícil ter talento e concisão. Há autores brilhantes como Clarice Lispector ou Guimarães Rosa que são prolixos e gongóricos, a concisão não faz parte de suas qualidades.  Para escrever muito em poucas linhas deve-se ser telegráfico. Forma de escrever que caiu em desuso, juntamente com a profissão de telegrafista. Hoje a linguagem dos internautas é quase ilegível em bom português. Ainda que coincisa!  Como ser precisa ao falar de energia, assunto tão complexo para poucas linhas.
  Fiquei pensando como é difícil ser professor, e eu o fui por cinquenta anos. Ser professor é ser conciso. Já li bastante sobre ensino e aprendizagem, bem como sobre educação, mas nunca li nada sobre os perigos da arte (ou oficio) de ensinar. Não são só dos germens (sejam vírus ou bactérias) que circulam em uma sala de aula cheia de gente, com as janelas fechadas em dias gelados. Não é só o desinteresse que afoga a concisão do professor. Há outras forças que não tem nem nome, nem estudos sobre elas. São forças que circulam nas salas de aula, (e em todos os lugares), negativas e positivas e que afetam tanto os seres humanos. Lembro-me que em alguns dias eu saia da sala literalmente moída, com os nervos e a mente em frangalhos, tal era pressão existente em tão pequeno espaço. Parecia que tinha sido sugada .Isso não é exclusividade minha ,os professores em particular e os homens em geral estão sujeitos , em seu dia a dia a essa perda de  energia .
A energia se encontra em todos os lugares. Até no computador onde escrevo.  Lembro-me de episódios da história recente do Brasil, onde a energia era tanta que quase se tornava visível. Como a morte de Tancredo Neves, quando a tristeza dos brasileiros foi tanta que enlutou o pais. Há outros episódios onde a energia negativa conspurca as imagens pelo tempo afora. Com o da patética figura de Herzog enforcado pela ditadura nas grades da janela da prisão, ou da bomba que estourou no colo de um militar, que acabou matando um dos responsáveis pelo atentado. E ainda as imagens repelentes do holocausto. São representações da energia humana, a qual perpassa tempo e espaço.
O mundo é feito tanto de matéria quanto de energia. A energia pesa sobre os vivos mais do que a matéria. Os homens não são ensinados a se precaver contra a ela, nem contra os maus fluidos. Infelizmente os fluidos do mal se espraiam sobre o mundo e são absorvidos por todos. O que diz Paulo Coelho merece ser pensado: “o mundo é um espelho, onde o bem e o mal são reflexos de quem nele se olha”. O que significa que são os homens a fonte das energias que assolam o mundo, não adianta procurar outros responsáveis!Como se precaver contra nós mesmos?
Loraine Slomp Giron Historiadora


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