sábado, 7 de março de 2015

SOBRE IRMÃOS





Não existem seres mais próximos do que irmãos. Têm uma carga genética comum, e mais do que isso, uma formação e um passado. Falo de irmãos que nasceram e foram criados num mesmo grupo familiar. Há os que tiveram outra criação e família, e outros apesar de gêmeo criados separados. Há irmãos e irmãos.

Os norte americanos que adoram pesquisas científicas (mais do que viver) fizeram uma longa pesquisa sobre gêmeos idênticos criados em famílias diferentes e chegaram à conclusão que apesar de serem criados distantes um do outro cresceram com hábitos e costumes semelhantes. Para eles (não para mim) isso provou que a genética é mais forte que o social. Se isso fosse verdade todos os criminosos teriam irmãos criminosos ,fosse qual fosse sua criação.

Nem todos os irmãos são amigos. A Bíblia traz o primeiro exemplo de irmãos inimigos, nada como Caim e Abel. Basta lembrar  o que diz Aristóteles “As contendas e ódios mais cruéis são os dos irmãos, porque os que muito se amam muito se aborrecem .”Na verdade basta ter um interesse ( ainda que mesquinho) contrariado para que as disputas entre irmãos  se tornem catastróficas. Isso fica comprovado na divisão das heranças. Nada como o dinheiro para tornar irmãos inimigos mortais.

Na região colonial italiana há exemplos extraordinários. De como as irmãs foram preteridas pelos irmãos. Os filhos sempre tiveram vantagens sobre as filhas, lesadas na herança, como cidadãs de segunda categoria.

Lembrei-me de falar sobre irmãos, porque ouvi noticias sobre a disputa pelo local onde deve funcionar a Universidade Federal na região. Os municípios irmãos da região da colônia são inimigos históricos. Os  problemas são resultado de interesses contrariados e de questões históricas não resolvidas. Problemas esquecidos mas que ainda repercutem nas opiniões de uns sobre os outros..

Caxias tem sido considerada a grande vilã da região. Na verdade como polo econômico de certa forma centralizou a riqueza e os empregos. Há ainda a questão das emancipações dos municípios a ela ligados. Foram exigidos muito dinheiro e cobrança, as marcas ficaram. São estigmas e preconceitos criados historicamente e que são mantidos sem razão lógica. Há muito o que contar.

Ainda assim, como bons irmãos uns imitam os outros. Quem não conhece casos de irmãos concorrentes no comércio local? Conheço pelo menos meia dúzia. Mas voltando aos municípios irmãos eles agem entre si como concorrentes. Um exemplo são as festas que concorrem em vez de colaborarem entre si. Cada um puxando a corda para um lado. Uma perda de tempo. Juntos teriam mais força e sucesso. Como dizia Montesquieu: “A sociedade é a união dos homens, e não os próprios homens.” Em outras palavras sem união não existe sociedade. Em tempo, lembrei-me de uma velha frase de Einstein: “O esforço para unir a sabedoria e o poder raramente dá certo e somente por tempo muito curto.” Será que este é o cerne da questão?

Loraine Slomp Giron historiadora

 



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