Não
sou grande conhecedora de literatura, em compensação sou leitora voraz. Não sei
quantos livros li e reli. Os relidos em geral são mais saborosos que os recém-lidos.
È como certas comidas que requentadas (como o feijão) que ficam
melhores do que as recém cozidas.
Assim
li e reli o grande Machado de Assis. Seus livros são uma crítica feroz não só
da sociedade como ( principalmente) das mulheres.Há seres mais repulsivos que
Capitu e Virgilia? Mulheres traidoras de bons maridos.Não se trata apenas de adultério,
coisa que acontece e aconteceu desde que os homens se tornaram pretensamente
monógamos.A verdadeira questão é mais séria, as mulheres de Machado não tem caráter.
Machado levou seu machismo às últimas
consequências. Pode-se pensar que seriam
apenas as personagens literárias, e que o amoroso marido de Carolina na vida real
pensasse diferente. Lendo com atraso o livro Navegação de Cabotagem, memórias de Jorge Amado, encontrei um fato
pouco conhecido, sobre o velho Machado. Diz Amado: “essa história da
exclusão das mulheres dos quadros acadêmicos foi uma das salafradices quando
fundou a chamada Ilustre Companhia, não foi a única, sujeitinho mais salafrário
nosso mestre do romance”. Conta amado que Machado quando da fundação da
Academia Brasileira de Letras revelou todo seu conservadorismo, impedindo a
entrada de mulheres, determinando que um marido sem luzes fosse indicado para
ela, em detrimento da maior escritora de então Julia Lopes de Almeida. Assim
ela não poderia reclamar da exclusão.
Levou nada menos de oitenta anos para ser permitida
a entrada de mulheres no sacrossanto reduto machista.Foram excluídas por serem consideradas escritoras menores, e por
atrapalharem com sua presença os trabalhos.São pouqisasimas as mulheres que
chegaram lá ,ainda hoje dos
quarenta membros apenas cinco são
mulheres.
Contraditoriamente o grande machista parece
amar as mulheres. Diz ele: “Marcela amou-me durante
quinze meses e onze contos de réis. ”“A donzela casta e sincera que supunha vir
encontrar desaparecia para dar lugar a uma mulher de coração pérfido e vulgar
espírito.” Por fim o verso perfeito dedicado a esposa morta:
“Trago-te flores, -
restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se
tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.”.
São pensamentos idos e vividos.”.
Quem entende os machistas?
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