sexta-feira, 11 de setembro de 2015

MACHADO MACHISTA







Não sou grande conhecedora de literatura, em compensação sou leitora voraz. Não sei quantos livros li e reli. Os relidos em geral são mais saborosos que os recém-lidos. È como certas  comidas  que requentadas (como o feijão) que ficam melhores do que as  recém cozidas.
Assim li e reli o grande Machado de Assis. Seus livros são uma crítica feroz não só da sociedade como ( principalmente) das mulheres.Há seres mais repulsivos que Capitu e Virgilia? Mulheres traidoras de bons maridos.Não se trata apenas de adultério, coisa que acontece e aconteceu desde que os homens se tornaram pretensamente monógamos.A verdadeira questão é mais séria, as mulheres  de Machado não tem  caráter.
 Machado levou seu machismo às últimas consequências.  Pode-se pensar que seriam apenas  as personagens  literárias, e que o  amoroso marido de Carolina na vida real pensasse diferente. Lendo com atraso o livro Navegação de Cabotagem,  memórias de Jorge Amado, encontrei um fato pouco conhecido, sobre o velho Machado.  Diz Amado: “essa história da exclusão das mulheres dos quadros acadêmicos foi uma das salafradices quando fundou a chamada Ilustre Companhia, não foi a única, sujeitinho mais salafrário nosso mestre do romance”. Conta amado que Machado quando da fundação da Academia Brasileira de Letras revelou todo seu conservadorismo, impedindo a entrada de mulheres, determinando que um marido sem luzes fosse indicado para ela, em detrimento da maior escritora de então Julia Lopes de Almeida. Assim ela não poderia reclamar da exclusão.
 Levou nada menos de oitenta anos para ser permitida a entrada de mulheres no sacrossanto reduto  machista.Foram excluídas  por serem consideradas escritoras menores, e por atrapalharem com sua presença os trabalhos.São pouqisasimas as mulheres que chegaram lá ,ainda  hoje dos quarenta  membros apenas cinco são mulheres.
 Contraditoriamente o grande machista parece amar as mulheres. Diz ele: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis. ”“A donzela casta e sincera que supunha vir encontrar desaparecia para dar lugar a uma mulher de coração pérfido e vulgar espírito.” Por fim o verso perfeito dedicado a esposa morta:

Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
 E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
      Pensamentos de vida formulados,
     São pensamentos idos e vividos.”.
Quem entende os machistas?


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