A
Feira do Livro deste ano ocorreu no ano em que é comemorado o aniversário de 140
anos da imigração italiana para o Rio Grande do Sul. Mas nada do evento foi remeteu
ao tema. Ela poderia ter homenageado os muito e bons escritores antigos da
cidade. A literatura de Caxias é quase tão antiga quanto sua história, em quase
século e meio de história há muito que lembrar. Para os esquecidos da história da literatura local ,ou para aqueles que a ignoram basta relembrar alguns
deles.
O
primeiro que merece ser lembrado é Carlin Fabris (1889-1975) com a obra Historia da Conceição, descoberto e
publicado por Luis Alberto de Boni e Rovílio Costa. Ele foi o primeiro a contar
a história dos imigrantes italianos em dialeto
vêneto .Uma preciosidade,já mereceu estudos universitários. Natal Chiarello (1913-1945)
foi quem escreveu sobre Caxias pela primeira vez. Sua pesquisa Nossa História deveria ser republicado
para marcar a efeméride. Publicado por Mario Gardelin ,num caderno da Educs ,teve pouca circulação, mereceria ser republicado. Outro a ser lembrado é o cultíssimo Zulmiro Lino Lermen que escreveu muitas
obras ,entre as quais A Missa Negra (1948).Ela fez história na cidade, trata da possessão
demoníaca de uma jovem, na colônia. A
sua publicação revoltou o retrogrado clero da Catedral, por sua ordem o livro foi queimado em praça publica. Um
verdadeiro escândalo!
Pesos e medidas
(1981) de Ítalo João Balem livro bilíngue é fruto do talento e da erudição. A obra poética corresponde a uma divina
comedia caxiense. Nele se encontra o
espírito da cidade resumido .Para Caxias os autores citados são bem mais importante que o autor que foi homenageado com um banca na Feira do Livro .Os muitos não citados
não o foram por esquecimento,mas
por falta de espaço.
Para
conhecer os escritores caxienses há muitas fontes. Uma delas é a pesquisa, do artista
Juventino Dal Bó, sobre os poetas da cidade. Os cartazes devem estar na
Biblioteca Publica Municipal. Outra fonte para o assunto é o historiador João
Spadari Adami em sua História de Caxias
do Sul. Por fim a Academia Caxiense de Letras pode oferecer outros bons
exemplos de escritores caxienses esquecidos.
A
Feira do Livro deste ano foi muito boa, o que é principal com muitos e bons
livros e sua organização espacial. Parece que faltou público. Infelizmente seus
organizadores esqueceram o passado, buscaram fora de casa àquilo que nela poderia
ser encontrado. O maior e melhor dos prefeitos que a cidade já teve dizia com
propriedade: “Caxias costuma de enterrar seus talentos”. Mais do que isto
Caxias procura esquecer seu passado e suas raízes. Elas estão profundamente
vinculadas à imigração italiana e ao cultivo da terra. Como
dizia A. Huxley “Talvez a maior lição da história seja que ninguém aprendeu as
lições da história.” Uma lástima!
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