sábado, 31 de outubro de 2015

DA PERVERSÃO



 A inesquecível Simone de Beauvoir


O tema da redação do Enem 2015 "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” partiu da frase lapidar de Simone de  Beauvoir “Não se nasce mulher,  se torna  mulher.”Frase de efeito ,mas  não real ,  já que os sexos são geneticamente determinados.O tema mereceu violenta reação dos lideres da extrema direita brasileira.   Os deputados Bolsonaro (PP-RJ) e  Feliciano (PSC-SP) usaram a internet para acusar o exame de fazer doutrinação. A palavra proselitismo seria mais apropriada para o pecado do qual  acusam o Enem e o governo . Proselitismo vem latim eclesiástico, significa empenho de converter, ou seja o exame deseja o fim da violência contra a mulher . O que para alguns parece ser uma perversão. A violência contra a mulher tem sido  uma constante no Brasil. A violenta reação ao tema é  prova maior  que o machismo corre solto nas  plagas brasileiras.  
Basta conhecer um pouco de história para saber que a violência contra a mulher é construção histórica. Entre os índios do Brasil ela não existia, havia a divisão do trabalho entre os sexos. Entre os gregos ela é clara,aparece  sob a forma de discriminação.  Durante a Idade Media milhares de mulheres foram queimadas vivas, acusadas de feitiçaria. Até o século XVII a Santa Inquisição queimava mulheres por bruxaria, na civilizadíssima Europa. Até  nos Estados Unidos - lar  da democracia - em 1692, foram enforcadas 19 mulheres a pretexto de serem bruxas.Sob a égide de um falso cristianismo. Não se precisa ir tão longe, no Brasil até 1934 a mulher era proibida de votar. Até 1961 eram consideradas incapazes  como menores e índios
.Toda discriminação é uma forma de violência. Para coibir a violência domestica foi necessário criar uma lei:a  Maria da Penha.Nem assim acabou a violência contra as mulheres. Já se perguntaram por que não existe uma lei Mario da Penha. Não existe por que não existe a infração, raríssima é a agressão contra os homens no lar É preciso dizer mais?
Um passeio pelos blogs (machistas) na Internet pode ser muito elucidativo. Dizem eles, entre outras coisas muito indizíveis: “Mulher e carro, quanto menos rodados, melhor”. “Algumas mulheres são igual caneta: quando não estão perdidas, estão comidas.” São frases deveras comoventes, que revelam de forma clara que a mulher é para eles é um objeto entre outros, como canetas e carros. Os machistas são os legítimos filhos de alguma mãe!
 Até a crise brasileira parece estar relacionada com o fato de o Brasil ser governado por uma mulher. Fernando Henrique Cardoso, o grande sociólogo declarou há poucos dias: ”a crise no Brasil também haveria com Aécio, mas com esperança”. Já com Dilma é sem esperança? Por que é mulher?  Mesmo sábio, ele se revela um rematado machista.  Salve o instituto perverso do machismo!



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