Quem conhece história sabe das causas dos golpes e das
revoluções. Não há como negar que eles têm como fundamento os interesses
econômicos. Até as guerras de religião disfarçam, com pretextos religiosos, as
lutas pela dominação da economia. Há centenas de exemplos que não cabem neste
espaço restrito. A economia é para a história o que o sexo é para o freudismo,
é o leitmotiv, o motivo condutor. Isso posto, qual seria o motivo econômico
do golpe de 31 de agosto de 16?
No principio era o PT. Lula assumiu o governo em 1.º de
janeiro de 2003 com uma proposta clara de inclusão social. Sua ação e seu
discurso basearam-se em ações sociais afirmativas que visavam a atingir uma
meta: Fome Zero, o mais ambicioso programa social já intentado por qualquer
revolução. Porém não era uma revolução, apenas a tomada do poder democrático, num pais pobre
o que tornava a meta uma utopia inexequível. Isto de acordo com os papas do
liberalismo Adam Smith e David Ricardo.
A partir da meta estabelecida, foram elaborados vários programas:
o primeiro, emprego, o Bolsa Família e o
Minha Casa. Minha Vida e daí em diante.
Programas que não contavam com o voto da maioria dos parlamentares. Para
conseguir sua adesão, foi usado o método sempre presente no impoluto parlamento
brasileiro: o da compra e venda de votos. O uso antigo e continuado pelas
administrações anteriores parecia legitimar o suborno. Infelizmente, suborno
não é (ainda) legal no Brasil, ainda que muito de apreciado pelos parlamentares corruptíveis.Logo o será?
Os novos governantes foram pegos com a boca na botija.
Diga-se de passagem, botija bebida por muitos parlamentares de todas as cores e
ideologias há mais de um século. Havia uma diferença, os outros partidos nunca haviam
se apregoado perfeitos. Ao contrário, muitos fizeram carreira com o slogan “Rouba, mas faz”. Quantos assim
se elegeram? O PT, porém, ao buscar uma ética cristã, pretendia ser diferente.
Levantou a bandeira de incorruptível (não a de não corruptor). Só que era um
partido igual aos outros 25 que hoje poluem o Brasil, formado por alguns
políticos gananciosos e ávidos pelo poder. A imoralidade do partido ilibado
(autoproclamado) revelou-se imperdoável. O instituto
da reeleição que fora criado para manter o liberalismo no poder deu com os
burros n’água quando o PT se reelegeu à presidência por quatro vezes seguidas. Tal
permanência no poder ameaçava o interesse de grupos, contrariando as oligarquias.
Começou então a ser orquestrada uma
campanha para impedir a eleição de mais um presidente petista em 2018. Os
derrotados de 2016 reuniram-se aos associados das agências estatais norte-americanas,
e as oligarquias, das quais o líder do movimento golpista foi informante – conforme documentos divulgados
pelo site Wikileaks. A eleição de um parlamento corrupto e conservador completou
o processo. O treinamento de juízes no exterior, a cooptação das megaempresas
de comunicação e o resto são restos. Eis
um primeiro retrato de um perfeito golpe!
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