sábado, 10 de setembro de 2016

LIÇOES DE GOLPE




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    Quem conhece história sabe das causas dos golpes e das revoluções. Não há como negar que eles têm como fundamento os interesses econômicos. Até as guerras de religião disfarçam, com pretextos religiosos, as lutas pela dominação da economia. Há centenas de exemplos que não cabem neste espaço restrito. A economia é para a história o que o sexo é para o freudismo, é o leitmotiv, o motivo condutor. Isso posto, qual seria o motivo econômico do golpe de 31 de agosto de 16?
            No principio era o PT. Lula assumiu o governo em 1.º de janeiro de 2003 com uma proposta clara de inclusão social. Sua ação e seu discurso basearam-se em ações sociais afirmativas que visavam a atingir uma meta: Fome Zero, o mais ambicioso programa social já intentado por qualquer revolução. Porém não era uma revolução, apenas  a tomada do poder democrático, num pais pobre o que tornava a meta uma utopia inexequível. Isto de acordo com os papas do liberalismo Adam Smith e David Ricardo.
            A partir da meta estabelecida, foram elaborados vários programas: o primeiro, emprego, o  Bolsa Família e o  Minha Casa. Minha Vida e daí em diante. Programas que não contavam com o voto da maioria dos parlamentares. Para conseguir sua adesão, foi usado o método sempre presente no impoluto parlamento brasileiro: o da compra e venda de votos. O uso antigo e continuado pelas administrações anteriores parecia legitimar o suborno. Infelizmente, suborno não é (ainda) legal no Brasil, ainda que muito  de apreciado pelos  parlamentares corruptíveis.Logo o será?
            Os novos governantes foram pegos com a boca na botija. Diga-se de passagem, botija bebida por muitos parlamentares de todas as cores e ideologias há mais de um século. Havia uma diferença, os outros partidos nunca haviam se apregoado perfeitos. Ao contrário, muitos fizeram carreira com o slogan “Rouba, mas faz”. Quantos assim se elegeram? O PT, porém, ao buscar uma ética cristã, pretendia ser diferente. Levantou a bandeira de incorruptível (não a de não corruptor). Só que era um partido igual aos outros 25 que hoje poluem o Brasil, formado por alguns políticos gananciosos e ávidos pelo poder. A imoralidade do partido ilibado (autoproclamado) revelou-se imperdoável.      O instituto da reeleição que fora criado para manter o liberalismo no poder deu com os burros n’água quando o PT se reelegeu à presidência por quatro vezes seguidas. Tal permanência no poder ameaçava o interesse de grupos, contrariando as oligarquias. Começou  então a ser orquestrada uma campanha para impedir a eleição de mais um presidente petista em 2018. Os derrotados de 2016 reuniram-se aos associados das agências estatais norte-americanas, e as oligarquias, das quais o líder do movimento golpista foi  informante – conforme documentos divulgados pelo site Wikileaks. A eleição de um parlamento corrupto e conservador completou o processo. O treinamento de juízes no exterior, a cooptação das megaempresas de comunicação e o resto são restos.  Eis um primeiro retrato de um perfeito golpe!
           


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