sexta-feira, 18 de novembro de 2016

OPINIÕES& CIA








            As opiniões são posicionamentos pessoais sobre determinado assunto. Em tempos de liberdade elas são livres, basta que não ataquem a honra ou a moral de outrem. É velho o dito popular que  diz a minha liberdade acaba onde começa a do outro. Há uma diferença entre  o que é   opinião ( doxa) e ciência(episteme).A ciência  precisa de hipóteses e provas, já a opinião  tem  posições e pontos de vista. A opinião não precisa de provas, ela existe e ponto. Isto não significa que a opinião  não possa ser provada,pode sim .Muitas vezes ela é  um insight( compreensão intuitiva ) significativo.
            Em relação a opinião há pouca concordância ,visto que cada um tem a sua.    Para cada vale um a sua própria opinião. Discutir ou brigar por se ter posições diferentes é tolice, quem ainda não descobriu, com certeza descobrirá.  É pior do que botar suspensório em cobra. Dá uma trabalheira danada e o resultado é nulo, pois, cada um se aferra a seu ponto de vista.
            Quando Voltaire afirma: ”Existirá alguém tão esperto que aprenda pela experiência dos outros?” quer dizer que cada um tem suas próprias experiências, cada um tem seus próprios pontos de vista. Dá para imaginar como o mundo seria chato  se todo mundo pensasse da mesma forma .  Benditas são as experiências e as  personalidades diversas, que  cada um  que fique com a sua. Tem razão  Oscar Wilde ao afirmar :”Quando as pessoas estão de acordo comigo,sempre penso que devo estar errado.”Pois, de uma certa foram a  unanimidade preocupa !

            Coisa muito diferente da opinião é o consenso. Consenso é acordo, em geral é a media de várias posições. . Assim foi feita a Constituição dos Estados Unidos uma verdadeira obra prima política. Depois de pronta desagradou a seus signatários, ainda assim é um dos melhores textos já escritos sobre um Estado verdadeiramente democrático. Mas isto não é uma lei,  muitas vezes o consenso pode levar ao engano.

            Muitos leitores discordam das minhas opiniões. Acho justo que pensem de forma diferente da minha. Não só os leitores, mas os homens  em geral  tem  o direito de discordar, não só  que é escrito  ,mas  do que é feito .Das diferenças pode nascer a verdade,como no caso da Constituição Americana. Lá o problema parecia insolúvel, pois metade dos delegados acreditava na escravidão e metade não,ainda assim chegaram num consenso.   Ninguém, mas ninguém mesmo é dono da verdade.

            Voltaire disse uma frase perfeita: Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.  Alias ele é o mais democrata dos pensadores. Há um porém, nem sempre o que dito significa  uma opinião pessoal , algumas vezes são armadilhas lançadas para caçar incautos.   Um boa forma para  julgar as pessoas é   por suas perguntas .De mais a mais como disse  o velho e sábio   Marx:  as pessoas só perguntam quando já conhecem  as respostas.  Não acham uma boa ideia perguntar?


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sábado, 12 de novembro de 2016

PREFEITOS & CAXIAS




         
   Há prefeitos e Prefeitos. Em Caxias como no Rio Grande existe  esta diferença .Os prefeitos são os mestres de obra do município,pensam nos esgotos, na drenagem ,no transporte, enfim  nas obras públicas. Já os Prefeitos tem outra dimensão pensam na cidade humanizada onde vivem pessoas com necessidades, seja educação saúde ou moradia. Os Prefeitos inovam já os prefeitos apenas mantém o status quo, são formas diferentes de governar. 
            Um dos grandes Prefeitos do Estado foi Bernardo de Souza. Eleito por dois mandatos à prefeitura de Pelotas (1983 e 2005) Bernardo Olavo Gomes de Souza (PSB)  foi um dos políticos  mais criativos da história da gaucha. Foi o idealizador da lei antinepotismo e  a do orçamento participativo.Sua experiência  serviu de exemplo para as administrações do PT e outras , nem sempre bem sucedidas. Por sua excelente administração recebeu o prêmio Líderes e Vencedores, na categoria mérito político, e a Comenda Osvaldo Vergara, da Ordem dos Advogados do Brasil. Morreu em 2010, com depressão, praticamente ignorado. Pelotas teve a sorte de ter um prefeito renovador, que com suas medidas serviu para redefinir ações da política estadual e nacional.
            Caxias já teve Prefeitos e prefeitos os segundos mais numerosos que os primeiros. Nem todos os Prefeitos podem ser como Bernardo de Souza, mas se destacam por alguma inovação.  Dos prefeitos antigos dois nomes se destacam o de Peninha e o de Celeste Gobbato.Dos recentes Prefeito foi  Mansueto Serafini Filho (PMBD) que cuidou da água e da cultura.  Pepe Vargas (PT) teve um papel importante na democratização  de políticas da Prefeitura. Suas  decisões democráticas em relação a  ações  da Secretaria de Educação , mereceu até dissertação de mestrado. A experiência mereceria ter continuidade, o que infelizmente não aconteceu.Há alguns outros, mas o espaço é curto!
            A administração de Daniel Guerra (PRB) desponta como uma promessa para melhoria da cidade .A promessa de governar com pessoas  e não com partidos a primeira  vista pareceria alienada.Porem as mudanças  já tiveram   inicio com a inscrição de possíveis candidatos a cargos no executivo municipal. Atitude arrojada que se funcionar vai revolucionar a forma de governar os municípios e quem sabe o estado e o país.
            Nunca é demais recordar que as boas experiências administrativas não deveriam ser descartadas, ao contrario mereceriam ser aprimoradas para o bem de todos. Afinal quem governa uma cidade não governa apenas para seu partido, nem apenas para um núcleo urbano, mas para o bem de toda a população. Muitos confundem a cidade com a população. Vale aqui um conselho de Madame de Stael: ”Um político de gênio, quando se encontra à frente dos negócios públicos, deve trabalhar para não se tornar indispensável.” Afinal, como muitos sabem, o inferno está cheio de gente indispensável.




domingo, 6 de novembro de 2016

CAXIAS & ELEIÇÕES


Antiga Prefeitura Municipal

            O resultado das eleições municipais repercutiu fundo na cidade. As eleições diretas sempre causam alguma surpresa. Elas tiveram inicio em 1946. Antes desta data existia o voto aberto. O  processo  consistia na assinatura do eleitor em  uma lista, de um partido ou de outro. Cada mesa eleitoral podia mudar os resultados do pleito e muitas vezes mudavam mesmo. Falar dos prefeitos caxienses antes desta data é falar mais de manobras e acertos e menos em votação.
            Os partidos políticos eram regionais (estaduais). Cada estado da federação tinha os seus, no Rio Grande do Sul havia  dois partidos  : os federalistas (defensores da agricultura) e os republicanos (defensores da indústria). Eles tomaram vários nomes no decorrer do tempo, e deram origem a pelo menos quatro revoluções (1835, 1892, 1923 e 1930). No RS imperava o PRR (Partido Republicano Riograndense) seguido do Partido Liberal (PL). Como a eleição era aberta, ganhava em geral o PRR, pois detinha o poder estadual, tendo sido vencedor em cinco eleições seguidas.  
            Em Caxias não era diferente, apesar de ser grande a oposição ao governo estadual, ao contrario do que ocorre atualmente. A região da colônia italiana (assim era chamada) era reduto forte do PL. Antes o executivo municipal era praticamente nomeado, tanto os intendentes como os interventores.  Na década vinte surgiram outros movimentos na cidade como o integralista, o fascista e o comunista, agregando outros segmentos da população.  Os prefeitos após 1946 passaram a ser eleitos por voto secreto, os dois partidos fundados por Vargas o PSD e o PTB se alternavam no poder.  As outras agremiações ou eram proibidas ou não tinham a força do voto. A alternância no poder foi uma constante, entre os dois partidos. Na década de cinquenta foi fundado o Partido Democrata Cristão de curta duração.
            Com o Golpe de 64 os partidos foram extintos sendo reagrupados em duas siglas: MDB e a ARENA. Com a redemocratização ocorrida em 1989, começaram a proliferar partidos políticos das mais diversas posições. Alguns deles criados por e para alguns caciques. Os novos partidos então criados puderam aspirar ao poder municipal rompendo a velha disputa entre os dois blocos históricos.

            Na última década do século XX a reforma da Constituição permitiu a reeleição do executivo, nos três níveis. Instituto perverso que permite a eternização no poder.  A aliança organizada há 12 anos parecia garantir a manutenção do poder municipal por muitas décadas. A ausência de alternância no poder é veneno para a democracia. Não é por o acaso que ocorreu o golpe nacional. A vitória de Guerra nas eleições de Caxias também foi um golpe legal contra o continuísmo.  O novo governo municipal representa uma profunda mudança na política municipal.    Há outro fato novo na política nacional, Das mãos da Igreja Católica o poder político está passando para as do grupo evangélico. Não é uma novidade tão grande, afinal religião e política coabitam desde os tempos do Império Romano. Só mudam os nomes das religiões!