domingo, 6 de novembro de 2016

CAXIAS & ELEIÇÕES


Antiga Prefeitura Municipal

            O resultado das eleições municipais repercutiu fundo na cidade. As eleições diretas sempre causam alguma surpresa. Elas tiveram inicio em 1946. Antes desta data existia o voto aberto. O  processo  consistia na assinatura do eleitor em  uma lista, de um partido ou de outro. Cada mesa eleitoral podia mudar os resultados do pleito e muitas vezes mudavam mesmo. Falar dos prefeitos caxienses antes desta data é falar mais de manobras e acertos e menos em votação.
            Os partidos políticos eram regionais (estaduais). Cada estado da federação tinha os seus, no Rio Grande do Sul havia  dois partidos  : os federalistas (defensores da agricultura) e os republicanos (defensores da indústria). Eles tomaram vários nomes no decorrer do tempo, e deram origem a pelo menos quatro revoluções (1835, 1892, 1923 e 1930). No RS imperava o PRR (Partido Republicano Riograndense) seguido do Partido Liberal (PL). Como a eleição era aberta, ganhava em geral o PRR, pois detinha o poder estadual, tendo sido vencedor em cinco eleições seguidas.  
            Em Caxias não era diferente, apesar de ser grande a oposição ao governo estadual, ao contrario do que ocorre atualmente. A região da colônia italiana (assim era chamada) era reduto forte do PL. Antes o executivo municipal era praticamente nomeado, tanto os intendentes como os interventores.  Na década vinte surgiram outros movimentos na cidade como o integralista, o fascista e o comunista, agregando outros segmentos da população.  Os prefeitos após 1946 passaram a ser eleitos por voto secreto, os dois partidos fundados por Vargas o PSD e o PTB se alternavam no poder.  As outras agremiações ou eram proibidas ou não tinham a força do voto. A alternância no poder foi uma constante, entre os dois partidos. Na década de cinquenta foi fundado o Partido Democrata Cristão de curta duração.
            Com o Golpe de 64 os partidos foram extintos sendo reagrupados em duas siglas: MDB e a ARENA. Com a redemocratização ocorrida em 1989, começaram a proliferar partidos políticos das mais diversas posições. Alguns deles criados por e para alguns caciques. Os novos partidos então criados puderam aspirar ao poder municipal rompendo a velha disputa entre os dois blocos históricos.

            Na última década do século XX a reforma da Constituição permitiu a reeleição do executivo, nos três níveis. Instituto perverso que permite a eternização no poder.  A aliança organizada há 12 anos parecia garantir a manutenção do poder municipal por muitas décadas. A ausência de alternância no poder é veneno para a democracia. Não é por o acaso que ocorreu o golpe nacional. A vitória de Guerra nas eleições de Caxias também foi um golpe legal contra o continuísmo.  O novo governo municipal representa uma profunda mudança na política municipal.    Há outro fato novo na política nacional, Das mãos da Igreja Católica o poder político está passando para as do grupo evangélico. Não é uma novidade tão grande, afinal religião e política coabitam desde os tempos do Império Romano. Só mudam os nomes das religiões! 

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