BANG
BANG NA PRAÇA
Era
uma manhã de veranico de maio, de sol morno, e de muita atividade na Praça
Dante na pequena cidade de Caxias. Eram pouco mais de 8, 30 horas da manhã, do
dia sete de maio de 1927,. A cidade tinha pouco mais de 20 mil habitantes, nela
circulavam 218 automóveis e 87 caminhões. No mês anterior houvera um incêndio (criminoso)
na Casa Comercial Salatino, falava-se que era para esconder a falência
recém-decretada. O Intendente Celeste Gobato preocupava-se com a situação,pois,
no distrito de São Marcos, ocorrera no cartório local outro incêndio criminoso.
Dante Marcucci (que depois seria interventor e
prefeito da cidade) era gerente da casa comercial de Adelino Sassi, sita na
esquina da Júlio de Castilhos com a Dr. Montaury. Ele se dirigia para o
trabalho,quando chegou defronte do Banco Nacional do Comércio (situado do outro
lado da rua da casa Sassi) foi abordado pelo jovem José Joaquim Teixeira de
Oliveira, funcionário do Banco Popular. Os dois trocaram algumas palavras, e
logo, nove tiros foram disparados. Cinco por José e quatro por Dante.
O
tiroteio teve causas desconhecidas, alguns afirmavam que era por causa de
mulher. Afinal a cidade sempre foi (e é) conhecida pelas suas fofocas. Os três
semanários da cidade, noticiaram que a causa teria sido uma nota
escrita por Marcucci, a favor da exibição de documentário de propaganda fascista do governo
de Benito Mussolini, cuja estreia estava
prevista para o cinema Central. Havia
então uma campanha contra a exibição do documentário, liderada por nacionalistas
locais. Marcucci teria agredido verbalmente os promotores dessa
campanha. José Joaquim que dela fazia
parte, teria se sentido agredido, pelas palavras de Marcucci.
Como
resultado do bang bang na Praça, Marcucci foi internado no hospital do Dr.
Rômulo Carbone (hoje Arquivo Histórico Municipal),com um tiro no abdômen. Oliveira
se apresentou na Delegacia, sendo após liberado por habeas corpus. Marcucci
ficou internado no Hospital por mais de um mês, sendo jovem se salvou. Naqueles
tempos sem antibióticos eram longas as temporadas passadas nos hospitais.
O
chamado atentado teve grande destaque nas notícias. Sobre o incidente, cabem algumas questões: Por
que ambos estavam armados e sacaram os revolveres ao mesmo tempo? Será que era necessário portar armas em pleno
sábado de manhã, na pequena Caxias?Não sei a resposta.
Em
11 de junho de 1927, teve início o processo contra Oliveira, defendido por
Demétrio Niederaurer, advogado e proprietário do jornal O popular. Oliveira (de abastada
família de Santa Maria) foi absolvido por legítima defesa. Naquele mesmo mês
foi incendiado o Cine Apollo e desmantelada uma fábrica de moedas falsas.
Caxias parecia ser uma cidade violenta.
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