quinta-feira, 18 de abril de 2013


BANG BANG NA  PRAÇA



Era uma manhã de veranico de maio, de sol morno, e de muita atividade na Praça Dante na pequena cidade de Caxias. Eram pouco mais de 8, 30 horas da manhã, do dia sete de maio de 1927,. A cidade tinha pouco mais de 20 mil habitantes, nela circulavam 218 automóveis e 87 caminhões. No mês anterior houvera um incêndio (criminoso) na Casa Comercial Salatino, falava-se que era para esconder a falência recém-decretada. O Intendente Celeste Gobato preocupava-se com a situação,pois, no   distrito de São Marcos,  ocorrera no cartório local outro incêndio criminoso.
 Dante Marcucci (que depois seria interventor e prefeito da cidade) era gerente da casa comercial de Adelino Sassi, sita na esquina da Júlio de Castilhos com a Dr. Montaury. Ele se dirigia para o trabalho,quando chegou defronte do Banco Nacional do Comércio (situado do outro lado da rua da casa Sassi) foi abordado pelo jovem José Joaquim Teixeira de Oliveira, funcionário do Banco Popular. Os dois trocaram algumas palavras, e logo, nove tiros foram disparados. Cinco por José e quatro por Dante.
O tiroteio teve causas desconhecidas, alguns afirmavam que era por causa de mulher. Afinal a cidade sempre foi (e é) conhecida pelas suas fofocas. Os três semanários da cidade, noticiaram que a causa teria sido   uma nota  escrita por Marcucci, a favor da exibição de  documentário de propaganda fascista do governo de Benito Mussolini, cuja estreia  estava prevista para o  cinema Central. Havia então uma campanha contra a exibição do documentário, liderada por nacionalistas locais.   Marcucci   teria  agredido verbalmente os promotores dessa campanha. José Joaquim  que dela fazia parte,  teria se sentido agredido, pelas  palavras de Marcucci.
Como resultado do  bang bang  na Praça,  Marcucci foi internado no hospital do Dr. Rômulo Carbone (hoje Arquivo Histórico Municipal),com um tiro no abdômen. Oliveira se apresentou na Delegacia, sendo após liberado por habeas corpus. Marcucci ficou internado no Hospital por mais de um mês, sendo jovem se salvou. Naqueles tempos sem antibióticos eram longas as temporadas passadas nos hospitais.
O chamado atentado teve grande destaque nas notícias.  Sobre o incidente, cabem algumas questões: Por que ambos estavam armados e sacaram os revolveres ao mesmo tempo?  Será que era necessário portar armas em pleno sábado de manhã, na pequena Caxias?Não sei a resposta.
Em 11 de junho de 1927, teve início o processo contra Oliveira, defendido por Demétrio Niederaurer, advogado e proprietário do jornal O popular.  Oliveira (de abastada família de Santa Maria) foi absolvido por legítima defesa. Naquele mesmo mês foi incendiado o Cine Apollo e desmantelada uma fábrica de moedas falsas. Caxias parecia ser  uma cidade violenta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário