DOS
CÃES E DOS GATOS
Os
gatos tem sido objeto de amor e culto há milhares de anos. Os egípcios os
embalsamavam como os seres humanos, nos túmulos eles faziam companhia aos faraós e sacerdotes. Parece que os cães não
tiveram tal culto. Os Incas adoravam comer uns cachorrinhos na grelha. Em
Caxias havia uma família vizinha ,que comia gatos assados ,diziam que a
sua carne era como a de lebre.
Ainda hoje há diferenças entre cães e gatos.
Ou melhor,há homens estão que amam gatos e os que amam os cães. Seria possível até
traçar um perfil dos dois tipos de homens, como aqueles que o FBI traça dos serial killers . Creio que tal diferença
mereceria um estudo, afinal o dinheiro público é gasto em pesquisas ainda mais
insignificantes. Pelo menos essa teria caráter universal, pois, tal amor não
divide apenas indivíduos, mas povos.Os árabes detestam cachorros e amam os
gatos. Não é por acaso que eles desenvolveram várias raças de gatos. Já os
alemães (que não inventaram só o Volkswagen) aperfeiçoaram raças de cachorros como
os pastores alemães e os dobermann .O animal favorito de Hitler era Blondi ,
uma cadela policial, que ao que se lê era o mais amado dos seres. Os americanos
também preferem os cachorros. Já que são pragmáticos e amantes de armas. Na
verdade os cães podem se tornar armas poderosas quando seus instintos
ancestrais são despertados. Afinal, não passam de lobos desmemoriados. Será que
já inventaram um gato policial?
Quando
muito pequena eu amava os gatos. Naqueles tempos, no Centro da cidade, os gatos
andavam livres pelos telhados das casas. Um deles passeava pelo nosso quintal,
onde havia frutas, verduras e até uma criação
de galinhas. Era um gatinho lindo de cor bege, com listras cor de laranja. Eu o
chamei de Ovídio. Então ,com dez anos então já se estudava
latim e eu então tentava fazer a tradução de um verso desse poeta. Ovídio (o gato) ficou meu amigo, dava-lhe
leite e comida. Pegava-o no colo. Foi meu segundo bicho de estimação (a
primeira foi uma galinha branca chamada Pombinha). Ovídio não entrava em nossa casa,
vivia na rua. Algumas vezes sumia e depois voltava. Assim se passaram alguns
anos. Um dia Ovídio teve seis gatinhos, só então descobri que era uma gatinha (eu
era uma rematada ingênua). Um dia fui ver os gatinhos e encontrei o ninho vazio.
Ovídio estava devorando o último gatinho. Desde então não pude mais olhar para
ele (ela!)! Quando eu o olhava via as patinhas do gatinho saindo de sua boca.
Nojento e cruel! Passei a julgar os gatos
antropófagos, ou melhor, catófagos !
Naqueles velhos tempos os animais, eram apenas
animais. Ainda não havia pet shops,
apenas poucos consultórios veterinários, nem trajes para cachorros. Se fosse
hoje Ovídio poderia até ser levado a um psiquiatra e tratado de estresse
pós-parto. Afinal, ele era apenas ela, não um serial killer Então os animais eram animais e os homens eram homens. A
humanização dos animais que é fenômeno recente poderia ser seguida da
humanização dos excluídos!
Loraine Slomp Giron Historiadora .Twitter:
loslomp Blog :historiadaquiblogspot.com