GREVE DOS PATRÕES
Há um livro
magnífico Pesos e Medidas de Ítalo
João Balen (clássico da literatura caxiense) que narra em versos (em dialeto e
português) a revolta dos comerciantes locais contra as determinações legais de
aferir os pesos e medidas de seus estabelecimentos. No inicio do século XX eram
usadas balanças que tinham dois braços ,num dos deles eram colocados pesos e no outro o produto a
ser pesado Havia ainda medidas, ou seja,
metros para medir tecidos e
recipientes para medir líquidos. Segundo Balen,a maioria deles era fraudada,o quilo poderia pesar 700 gramas
, o metro oitenta centímetros e uma tara de quatro litros poderia conter três.Mas
de qualquer forma era típico de então(só de então ?) tentar enganar os
fregueses e o
fisco.
Quando eu digo que Caxias é engraçada, tenho
razão, o Iotti que o diga. Não sei se já aconteceram greves de empresários em
outros lugares, mas em Caxias sim. Só poderia ocorrer em Caxias, fato raro nos
anais dos movimentos paredistas nacionais.
Getúlio Vargas
como ninguém atendeu as necessidades dos trabalhadores, com leis e medidas que
contemplassem suas lutas, como o salário mínimo, aposentadorias e
pensões,o que onerou demais os
patrões.Mas ,ainda assim, buscava contemplar as exigências dos patrões, o que
não era fácil. Para manter o equilíbrio na difícil tarefa teve que conter gastos e implementar a cobrança fiscal. Fiscais do imposto de consumo
e do imposto de renda passaram a atuar com mais rigor junto às empresas industriais e
comerciais do Brasil.
A
chegada dos fiscais ao município de Caxias acarretou pânico entre os patrões
locais, nem sempre cônscios de suas obrigações. O desespero se instalou, pois nada
é mais sério do que ser lesado no bolso. Um empresário se suicidou e os outros não sabiam
como proceder para afastar o perigo. Optaram por uma assembleia geral da
Associação dos Comercantes, convocada para o dia três de agosto de 1936. Nela, ficou
decidido que o comércio e a indústria fechariam seus estabelecimentos, até que
as autoridades dessem solução ao problema da cobrança do fisco. Além da greve a
Assembleia decidiu enviar telegramas para as autoridades federais e estaduais e
aos órgãos de classe.
A greve
continuou até o dia 5 de agosto. Na noite desse dia realizou-se nova assembleia
na qual compareceram cerca de mil associados, bem como o Delegado Fiscal e o
chefe do Imposto de Renda. Nela ficou decidido manter a greve até o dia
seguinte, às doze horas. Na manhã seguinte foi realizada uma reunião na
Prefeitura Municipal, que resultou em nada, pois, não atendeu as soluções pretendidas.
O governo
optou apenas pela substituição dos
fiscais. Por outro lado, o Delegado afirmou que eles tinham agido de forma
correta e que seus atos estavam baseados
nos dispositivos legais Sua a missão era executar as leis fiscais, autuando os
infratores, para julgamento das infrações verificadas. Decidido isso, não havia
o que fazer, os estabelecimentos foram reabertos.
A greve revelou
o poder de organização do grupo, demonstrando por outro lado que os empresários
estavam afastados das decisões econômicas nacionais. Apesar de terem dado
quantias consideráveis à revolução de 1930! Se os contraventores de hoje
fizessem greve, nada funcionaria no país. Bons tempos aqueles, onde os
contraventores faziam greve!
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