sábado, 14 de setembro de 2013

A VELINHA DE TAUBATÉ







Um dos personagens mais marcantes de Luis Fernando Veríssimo foi a Velinha de Taubaté, melhor do que o Analista de Bagé, que era engraçado demais. A Velinha acreditava piamente no governo militar, tudo que era dito ou feito para ela era lei. Publicada numa revista conservadora como a Veja, o melhor dessa criação de adesão aparente à ditadura, era que furava a censura. Assim nasceram as melhores críticas feitas e publicadas ao regime militar .Em geral há uma tendência de não  se acreditar no humor. Nenhum  escritor humorista recebeu o premio Nobel, nenhum  comediante  recebeu o Oscar . Mas, há os que acreditam no humor!
Minha mãe nos seus últimos anos era como a Velinha de Taubaté, mas em lugar de crer no governo (no qual já não cria) acreditava nas pessoas. Às vezes saia na rua com um maço de notas de R$50,00 e distribuía para aqueles que ela acreditava que precisavam. Outras vezes, sem conhecer as pessoas as convidava para almoçar. Não conseguia ver o lado avesso das pessoas. Só o lado direito, ou seja, sua aparência o que é enganoso!
Há os que custam acreditar no lado inverso, e só acreditam naquilo que está no exterior das coisas! Nos meus tempos de professora (controlada de perto pela ditadura), eu usava a técnica do absurdo. A partir de um texto selecionado cada aluno escrevia  a negação daquilo que lera . Em tempos de regime militar, era a forma de rir e de criticar, sem temor. Riamos tanto que a Direção vinha até sala para ver o que estava acontecendo. Eram aulas muito felizes. Em geral, os alunos aprendem mais com o riso do que com a tristeza. A ironia e o riso fazem  vida melhor. Mas, nem todos têm censo de humor e muitas das coisas que escrevo (rindo adoidada) são vistas como ofensas. Os carentes de humor que me perdoem, mas vida amargurada e sem cor, serve apenas para os desservidos de inteligência.
O Prefeito de todos os caxienses, (como pode ser lido no Twitter) está enviando um projeto para a Câmara visando instituir o ostracismo no município. Tal ato teria a finalidade expulsar da cidade alguns críticos do atual o regime. O novo tipo de democracia a ser instalado em Caxias, será a democracia dos Ausentes, ou apenas a ausência de democracia?O vereador  Incerti que o diga! Será que expulsar’ inimigos’ é a nova democracia gaucha? A velha democracia gaúcha foi a escravos, (tão bem tratados eles) não era mesmo? Nem a Revolução de 64 criou tal sistema, apenas a cassação e a expulsão direta, sem os maneirismos campestres.

O consenso é burro, o dissenso pode trazer  novas interpretações. Como dizem os árabes: “Os homens são como os tapetes, precisam ser sacudidos”. E por falar em sacudir, ninguém atira pedras em árvores que não dão frutos. As críticas tem a mesma finalidade que as sacudidelas, ou seja, apresentar a realidade pelo avesso. O avesso é o inverso da aparência. È o avesso que em geral desvela a essência do problema!

Nenhum comentário:

Postar um comentário