Um
dos personagens mais marcantes de Luis Fernando Veríssimo foi a Velinha de
Taubaté, melhor do que o Analista de Bagé, que era engraçado demais. A Velinha
acreditava piamente no governo militar, tudo que era dito ou feito para ela era
lei. Publicada numa revista conservadora como a Veja, o melhor dessa criação de adesão aparente à ditadura, era que
furava a censura. Assim nasceram as melhores críticas feitas e publicadas ao
regime militar .Em geral há uma tendência de não se acreditar no humor. Nenhum escritor humorista recebeu o premio Nobel, nenhum comediante recebeu o Oscar . Mas, há os que acreditam no
humor!
Minha
mãe nos seus últimos anos era como a Velinha de Taubaté, mas em lugar de crer
no governo (no qual já não cria) acreditava nas pessoas. Às vezes saia na rua
com um maço de notas de R$50,00 e distribuía para aqueles que ela acreditava
que precisavam. Outras vezes, sem conhecer as pessoas as convidava para almoçar.
Não conseguia ver o lado avesso das pessoas. Só o lado direito, ou seja, sua aparência
o que é enganoso!
Há
os que custam acreditar no lado inverso, e só acreditam naquilo que está no
exterior das coisas! Nos meus tempos de professora (controlada de perto pela
ditadura), eu usava a técnica do absurdo. A partir de um texto selecionado cada
aluno escrevia a negação daquilo que
lera . Em tempos de regime militar, era a forma de rir e de criticar, sem temor.
Riamos tanto que a Direção vinha até sala para ver o que estava acontecendo.
Eram aulas muito felizes. Em geral, os alunos aprendem mais com o riso do que
com a tristeza. A ironia e o riso fazem vida
melhor. Mas, nem todos têm censo de humor e muitas das coisas que escrevo
(rindo adoidada) são vistas como ofensas. Os carentes de humor que me perdoem, mas
vida amargurada e sem cor, serve apenas para os desservidos de inteligência.
O
Prefeito de todos os caxienses, (como pode ser lido no Twitter) está enviando um
projeto para a Câmara visando instituir o ostracismo no município. Tal ato
teria a finalidade expulsar da cidade alguns críticos do atual o regime. O novo
tipo de democracia a ser instalado em Caxias, será a democracia dos Ausentes, ou
apenas a ausência de democracia?O vereador
Incerti que o diga! Será que expulsar’ inimigos’ é a nova democracia gaucha? A velha democracia gaúcha foi a escravos, (tão bem tratados eles) não era
mesmo? Nem a Revolução de 64 criou tal sistema, apenas a cassação e a expulsão
direta, sem os maneirismos campestres.
O
consenso é burro, o dissenso pode trazer novas interpretações. Como dizem os árabes: “Os
homens são como os tapetes, precisam ser sacudidos”. E por falar em sacudir, ninguém atira pedras em árvores que não dão frutos.
As críticas tem a mesma finalidade que as sacudidelas, ou seja, apresentar a
realidade pelo avesso. O avesso é o inverso da aparência. È o avesso que em
geral desvela a essência do problema!
Nenhum comentário:
Postar um comentário