Neste
ano completa-se o centenário do inicio da Primeira Grande Guerra (1914-1918).
Guerra que mudou a fisionomia da Europa e aniquilou o Império Austro Húngaro,
que durante anos liderou a política europeia, reduzindo a Áustria a um
minúsculo país.
Tudo
começou em 28 de junho de 1914, o dia nacional da Sérvia, dedicado a São Vito. Nessa
ocasião, foram mortos a tiros o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do
trono austríaco, e sua esposa morganamática a condessa Sofia. Casamento morganático é a união de um(a) nobre, príncipe (princesa) ou rei (rainha) com alguém de posição social inferior, uma pessoa de
baixa nobreza ou sem títulos de nobreza.
O nobre nesse caso mantém seus títulos, seus direitos de sucessão,estes não são
estendidos ao seu esposo(a) nem aos filhos(as) resultantes da união. A pobre condessa
Sofia era nobre menor. Não pertencia à família real austríaca, merecendo por
isso o ostracismo e o desprezo da corte de Viena. O rei Francisco José ao que
parece não sofreu com a morte do casal, pois um de seus problemas em relação à
sua sucessão foi resolvido com ela.
A vantagem das efemérides é que a quantidade apreciável de
estudos que é publicada. Um deles merece ser citado. Trata-se de O assassinato do Arquiduque, dos
historiadores britânicos Greg King e Sue Woolmans (Cultrix). O livro traça uma
biografia do casal e revela dados sobre ele nunca antes publicados. Conta à
história de amor do herdeiro do trono austríaco e a condessa Sofia, revelam as
lutas enfrentadas para que pudessem casar, e as humilhações à que ela foi
submetida por ser desigual. Isso ocorreu no inicio do século XX.
O livro lança uma nova luz sobre o atentado. O descaso com a
segurança dada ao casal no dia de seus assassinatos só pode ser comparado ao
que ocorreu com o assassinato de Kennedy. Em ambos os casos pode ter sido conspiração,
e ela nunca será descoberta. Trata-se de fatos históricos mal contados ou
crimes encobertos?
Fico pensando no que teria ocorrido se Kate Midleton tivesse
pretendido casar com o herdeiro do trono austríaco. Ou se a jornalista Letizia
Ortiz pretendesse casar com o herdeiro do trono espanhol, no século XIX. Para
sobreviver, a monarquia tem mudado muito. Pois mais desiguais do que elas não
há nem pode haver. O antigo rigor de ter 16 antepassados para casar com um
herdeiro ao trono deixou de existir.
A leitura
do livro modificou meu ponto de vista sobre Francisco José e sobre o casal
assassinado. Para o qual a história só demonstrou desprezo e preconceito. Nada
como o tempo para reescrever o passado sob outros olhos e outros valores. Como
observou o sempre atual Voltaire “Os
preconceitos são a razão dos imbecis”. Eles continuam existindo!
Loraine Slomp
Giron Historiadora
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