domingo, 31 de agosto de 2014

PADRE FALSO (2)






 Sobre a crônica do padre falso que casou meus avós recebi um telefone da Terezinha, antiga funcionária do Museu Municipal, amiga que não conheço. Falou-me ela de outro padre falso citado pelo padre Brandalise em seu livro A Paróquia de Santa Teresa. Voltei ao livro e reencontrei fatos não muito edificantes sobre padres falsos ou não. Conta ele  que por volta de 1880 apareceu em Caxias ,vestido de padre um alfaiate, que em Buenos Aires fora vendedor de frutas.Dizia-se relojoeiro,assim recolheu os relógios dos colonos  para concerto, fugiu com eles  da cidade.Nunca mais foi visto!
Fiquei relendo o livro e encontrei um caso ainda melhor. Artes do Padre Antônio Passagi, que em 19 de maio de 1877 foi o 1º capelão colonial de Caxias. Era um apreciador do vinho, bebia como poucos nesta terra de amantes dos derivados da uva. Quando bêbado gritava ofensas contra os fieis, e para completar, saia em companhia de indivíduos de má conduta. Entre seus mal feitos, esteve o casamento entre dois homens, um dos quais vestido de mulher. A cerimônia  com todos os requisitos exigidos pela Igreja ocorreu no Café Garibaldi , na Júlio ,defronte à Praça(hoje o  Caixa de Fósforo).Segundo o cronista citado a culpa foi dos maçons, que por sinal eram culpados por tudo o que ocorria  de mau em Caxias. Muitos anos depois foram substituídos pelos comunistas, que se tornaram os novos bodes expiatórios da Igreja.
O Diretor da Colônia Muniz Bittencourt em 5 de fevereiro de1881 informou ao Governo que as ordens de Passagi foram suspensas pelo Bispo Diocesano, e que o sacerdote expulso da colônia deveria se retirar em 24 horas. O Diretor teria alertado   o Padre dizendo: “Fiz  ver que não podia consentir a ter tal procedimento,ele porem declarou-me que continuaria como  bem entendesse,uma vez que a Constituição do Império lhe garantia”.O Padre Passagi sabia das coisas e das leis ,mas ainda assim foi expulso de Caxias. Em 8 de fevereiro de 1881 foi demitido pelo Diretor da Colônia Caxias (então a Igreja estava ligada ao Estado) e deixou a colônia. Foi para onde? O autor não diz.
Conta ainda Brandalise que em1889, os maçons quiseram comemorar o 20 de Setembro e os vinte anos da tomada dos Estados Pontifícios pelo Reino da Itália. O pároco de Caxias padre Henrique Vieter acabou com a alegria da festa mandando alguns católicos jogar fora os morteiros e os canhões que seriam usados nas comemorações. O padre não completou um ano de trabalho, logo foi removido para a África onde viveu até o fim de seus dias, em Camarões. Os maçons eram associados ao governo imperial, estando organizados em Caxias em Loja desde 1884. Mas o poder da Igreja era bem maior. Caxias parecia Brescello o pequeno mundo de Guareschi,com Dom Camillo e Pepone trocando ofensas e bordoadas.As causas  das brigas aqui e lá eram as mesmas:a perda dos Estados Pontifícios.Enfim tudo politicagem!
Loraine Slomp Giron Historiadora   zumbiserrano.blogspot.com.br



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