Sobre a crônica do padre falso que casou meus
avós recebi um telefone da Terezinha, antiga funcionária do Museu Municipal, amiga
que não conheço. Falou-me ela de outro padre falso citado pelo padre Brandalise
em seu livro A Paróquia de Santa Teresa.
Voltei ao livro e reencontrei fatos não muito edificantes sobre padres falsos
ou não. Conta ele que por volta de 1880
apareceu em Caxias ,vestido de padre um alfaiate, que em Buenos Aires fora
vendedor de frutas.Dizia-se relojoeiro,assim recolheu os relógios dos
colonos para concerto, fugiu com eles da cidade.Nunca mais foi visto!
Fiquei
relendo o livro e encontrei um caso ainda melhor. Artes do Padre Antônio Passagi,
que em 19 de maio de 1877 foi o 1º capelão colonial de Caxias. Era um
apreciador do vinho, bebia como poucos nesta terra de amantes dos derivados da
uva. Quando bêbado gritava ofensas contra os fieis, e para completar, saia em
companhia de indivíduos de má conduta. Entre seus mal feitos, esteve o
casamento entre dois homens, um dos quais vestido de mulher. A cerimônia com todos os requisitos exigidos pela Igreja
ocorreu no Café Garibaldi , na Júlio ,defronte à Praça(hoje o Caixa de Fósforo).Segundo o cronista citado a
culpa foi dos maçons, que por sinal eram culpados por tudo o que ocorria de mau em Caxias. Muitos anos depois foram substituídos
pelos comunistas, que se tornaram os novos bodes expiatórios da Igreja.
O
Diretor da Colônia Muniz Bittencourt em 5 de fevereiro de1881 informou ao
Governo que as ordens de Passagi foram suspensas pelo Bispo Diocesano, e que o
sacerdote expulso da colônia deveria se retirar em 24 horas. O Diretor teria
alertado o Padre dizendo: “Fiz ver que não podia consentir a ter tal
procedimento,ele porem declarou-me que continuaria como bem entendesse,uma vez que a Constituição do
Império lhe garantia”.O Padre Passagi sabia das coisas e das leis ,mas ainda
assim foi expulso de Caxias. Em 8 de fevereiro de 1881 foi demitido pelo
Diretor da Colônia Caxias (então a Igreja estava ligada ao Estado) e deixou a
colônia. Foi para onde? O autor não diz.
Conta
ainda Brandalise que em1889, os maçons quiseram comemorar o 20 de Setembro e os
vinte anos da tomada dos Estados Pontifícios pelo Reino da Itália. O pároco de
Caxias padre Henrique Vieter acabou com a alegria da festa mandando alguns
católicos jogar fora os morteiros e os canhões que seriam usados nas comemorações.
O padre não completou um ano de trabalho, logo foi removido para a África onde
viveu até o fim de seus dias, em Camarões. Os maçons eram associados ao governo
imperial, estando organizados em Caxias em Loja desde 1884. Mas o poder da
Igreja era bem maior. Caxias parecia Brescello o pequeno mundo de Guareschi,com
Dom Camillo e Pepone trocando ofensas e bordoadas.As causas das brigas aqui e lá eram as mesmas:a perda
dos Estados Pontifícios.Enfim tudo politicagem!
Loraine
Slomp Giron Historiadora zumbiserrano.blogspot.com.br
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