No próximo dia 24 se comemora 60 anos da
morte de Getúlio Vargas. Seu suicídio foi uma tragédia digna de Sófocles ou de Shakespeare. Há poucos fatos mais chocantes na
história brasileira do que ele. Para marcar a efeméride foi lançada a trilogia ‘Getulio’
do jornalista e historiador cearense Lira Neto, que reconstituiu a vida e a
ação do mais importante político brasileiro do século XX. A obra é
grandiosa abrangendo cerca de 60 anos de história pessoal e nacional. O último volume da trilogia foi lançado agora, trata-se de Getúlio
(1945-1954) - da volta pela consagração popular ao suicídio
(Companhia das Letras), relata a última fase da vida de GV, na qual já não há
amores nem escapadas românticas. O antigo ditador isolado no sítio Itu, em São
Borja (RS) limita-se a visitantes ocasionais e a correspondência com sua filha Alzira.
Em 1950 ocorre a virada histórica e a retomada do poder pela força do voto, sem
a maioria no Congresso. Sem ela, ele pouco pode fazer. Alguns dos projetos do governo essenciais para o
Brasil foram votados como a criação da Petrobras, mas a maioria deles nem sequer foram discutidos.
Entre eles o da Eletrobrás e o do direito dos
trabalhadores do campo e o aumento em 100% do salário mínimo.
Desde o inicio do governo, duas forças se levantaram
contra ele: a conspiração militar e a Tribuna da Imprensa. O alto escalão das
forças armadas alinhado com os Estados Unidos desejava a intervenção do Brasil
na guerra da Coréia. O golpe de 1964
está presente em toda a obra como um espectro maligno.Desde 1951, organizados na ADESG (Associação dos Diplomados da Escola
Superior de Guerra), os militares não paravam de atacar o governo. Da mesma forma, o Clube da Lanterna, fundado em agosto de 1953,
por Lacerda no Rio de Janeiro, que congregava a maioria da oposição à Vargas. O
problema entre os campos políticos opostos chegou a tal ponto que um
impeachment foi votado contra Getúlio, Câmara dos deputados (16 de junho de
1953). O projeto recebeu apenas 35 votos favoráveis, todos da UDN.
A tragédia teve
seu apogeu com o atentado de 5 de agosto de 1954 no qual morreu o major Vaz da
aeronáutica, acompanhante (ou segurança) de Lacerda na Rua Tonelero. O atentado
gerou um IPM instalado no Galeão pela Aeronáutica. O livro trás revelações inéditas
sobre as últimas semanas do Presidente. Fica ainda a questão?Quem matou quem. Para os que amam Gegê como então era chamado carinhosamente
Getulio livro é imperdível.
Como Getúlio faz
falta na política nacional! Basta lembrar suas palavras na carta testamento: “Contra a justiça da
revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade
nacional (...) através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de
agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem
que o trabalhador seja livre.”.
Engraçado como Getúlio Vargas foi reabilitado nos 60 anos de sua morte. Até então ou ele era santificado ou demonizado. Prefiro a reabilitação atual, que o coloca como estadisa.
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