Passado o primeiro turno,
resta o segundo com as majoritárias do Estado e do País. Como sempre há
ganhadores e perdedores, vitória de um lado, derrota de outro, coisas do voto.
No dia seguinte ao das eleições, fui pagar uma
conta na lotérica da esquina. Puxei conversa com um senhor que queria saber onde
eu comprara a Folha de Caxias. Ele queria saber o nome dos deputados eleitos da
cidade. Segundo o que pensava Daneluz tinha sido eleito. Não podia compreender,
como não conseguira se eleger com tantos
votos que fez,enquanto outros se elegeram com poucos votos.
Uma senhora da fila disse
que torcia por Pepe Vargas (como se ele fosse um jogador). Perguntei por que
ela se tinha votado naqueles candidatos de quem gostava. Ela me respondeu “Não
votei, por que não quis”, respondi que o voto era obrigatório ela retrucou:
“Que nada! Isso é bobagem!”
Outra coitada sem que ninguém pedisse, disse
em alto e bom som, que vendeu seu voto. Precisava de dinheiro, e de qualquer
jeito, todos os políticos são iguais!Nada como uma conversa numa fila.
Estes são pequenos exemplos
do que pensa o povo, que não conhece sequer o sistema eleitoral, quanto mais os
candidatos ou a democracia. Dai se pode entender porque 2.500.000 (32,29%) gaúchos
não votaram, entre abstenções, votos nulos ou votos brancos. Simplesmente
porque ignoram seus direitos e deveres.
Não é só o povo que ignora os descaminhos da política. Os representantes
locais dos partidos políticos parecem sofrer do mesmo mal. Colocar 35
candidatos para a deputação deu no que deu. Caxias tornou-se a campeã da suplência.
Só há um representante da cidade e vários suplentes. Nada menos que três
suplentes de deputados federais e sete suplentes de deputados estaduais. È
possível que isso não seja um problema!Afinal o que fazem os deputados?Apenas
representam os interesses de suas regiões e votam as leis do país.
Com 332.042 eleitores, Caxias poderia ter pelo
menos cinco representantes. Só a ignorância pode justificar o mau uso do
voto, como a eleição de políticos contrários às diferenças de opinião, credo ou
de orientação sexual, entre os quais estão os mais votados do Estado. Eleger
ensandecidos ou não votar não se sabe o que é pior.
Há
coisas mais sérias. Como lembra Martin Luther King “o que mais me preocupa não
é o nem o grito dos violentos, dos desonestos, dos corruptos, dos sem-caráter, dos
sem-ética. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons.” (Viva Bibo) Parece que
os bons ainda não têm voz ou vez.
Cabe
lembrar que democracia não é só eleição, como disse JJ Rousseau “uma sociedade
só é democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém
seja tão pobre que tenha de se vender a alguém”. Infelizmente, é o que
acontece. Ainda hoje ,há os que vendem e os que compram. Afinal, democracia é
uma mercadoria?
Loraine
Slomp Giron Historiadora
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