sábado, 11 de outubro de 2014

DA DEMOCRACIA (2)







Passado o primeiro turno, resta o segundo com as majoritárias do Estado e do País. Como sempre há ganhadores e perdedores, vitória de um lado, derrota de outro, coisas do voto.
 No dia seguinte ao das eleições, fui pagar uma conta na lotérica da esquina. Puxei conversa com um senhor que queria saber onde eu comprara a Folha de Caxias. Ele queria saber o nome dos deputados eleitos da cidade. Segundo o que pensava Daneluz tinha sido eleito. Não podia compreender, como não  conseguira se eleger com tantos votos que fez,enquanto outros se elegeram com poucos votos.
Uma senhora da fila disse que torcia por Pepe Vargas (como se ele fosse um jogador). Perguntei por que ela se tinha votado naqueles candidatos de quem gostava. Ela me respondeu “Não votei, por que não quis”, respondi que o voto era obrigatório ela retrucou: “Que nada! Isso é bobagem!”
 Outra coitada sem que ninguém pedisse, disse em alto e bom som, que vendeu seu voto. Precisava de dinheiro, e de qualquer jeito, todos os políticos são iguais!Nada como uma conversa numa fila.
Estes são pequenos exemplos do que pensa o povo, que não conhece sequer o sistema eleitoral, quanto mais os candidatos ou a democracia. Dai se pode entender porque 2.500.000 (32,29%) gaúchos não votaram, entre abstenções, votos nulos ou votos brancos. Simplesmente porque ignoram seus direitos e deveres.
Não é só o povo que ignora os descaminhos da política. Os representantes locais dos partidos políticos parecem sofrer do mesmo mal. Colocar 35 candidatos para a deputação deu no que deu. Caxias tornou-se a campeã da suplência. Só há um representante da cidade e vários suplentes. Nada menos que três suplentes de deputados federais e sete suplentes de deputados estaduais. È possível que isso não seja um problema!Afinal o que fazem os deputados?Apenas representam os interesses de suas regiões e votam as leis do país.
 Com 332.042 eleitores, Caxias poderia ter pelo menos cinco representantes. Só a ignorância pode justificar o mau uso do voto, como a eleição de políticos contrários às diferenças de opinião, credo ou de orientação sexual, entre os quais estão os mais votados do Estado. Eleger ensandecidos ou não votar não se sabe o que é pior.
Há coisas mais sérias. Como lembra Martin Luther King “o que mais me preocupa não é o nem o grito dos violentos, dos desonestos, dos corruptos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons.” (Viva Bibo) Parece que os bons ainda não têm voz ou vez.
Cabe lembrar que democracia não é só eleição, como disse JJ Rousseau “uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém”. Infelizmente, é o que acontece. Ainda hoje ,há os que vendem e os que compram. Afinal, democracia é uma mercadoria?


Loraine Slomp Giron Historiadora 

Nenhum comentário:

Postar um comentário