Na
semana passada fiz uma breve síntese dos resultados das eleições para a Câmara
Federal. Não analisei os dados do Senado, pois a renovação foi apenas de um
terço dos senadores. Por outro lado as
eleições para governadores ainda
não terminaram. Assim a Câmara era o
dado mais significativo que havia então.
Os
resultados foram evidentes, a direita venceu. Mas não basta verificar, é
preciso entender o porquê que os brasileiros se voltaram à direita. Não há com
o negar que na última década o perfil do consumidor brasileiro mudou. A classe
C ascendeu a uma nova posição e aumentou seu poder de consumo. As classes menos
favorecidas receberam os benefícios de uma série de programas sociais. A
ascensão social não foi seguida por uma mudança de mentalidade. Assim o modo de
ver e entender o mundo permaneceu o mesmo. A mentalidade do povo é o reflexo da
mentalidade da elite. Sem tirar nem por.Falta ao povo o filtro da educação e o da formação
intelectual que permite discernir o real do fictício, o fato do factoide e a verdade da versão.
Para entender o brasileiro basta perceber o
que pensa o poder hegemônico. Palavra difícil para designar a grande imprensa e
os formadores de opinião. Essas posições se encontram nas novelas, nas noticias
e nos consagrados comentaristas. Aí se encontra o que pensa a população menos
esclarecida. Ela não percebe que as
noticias são manipuladas, para ratificar algumas posições e desqualificar
outras. Essas posições são maniqueístas
afirmam e reafirmam que o mundo se fundamenta em princípios opostos: ou seja, o
bem e o mal. O adversário é o mal (demônio) e o correligionário é o bem (deus).
A
luta entre o bem e o mal na política é maior das falácias (mentiras). Na
verdade os que estão convictos disso vem o mundo pelo buraco da fechadura. Como
diz Nietzsche “ as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.” Enquanto espera
a vinda do bem, o povo vota no candidatado da mídia,que representa a classe dominante.Dai
se explica os votos nos empresários ,nos
advogados, nos médicos e nos pastores.
Depois
de uma torrente de contrainformações mais uma vez os brasileiros irão votar
livremente obrigados em candidatos que não escolheram. O povo não escolhe os
seus representantes, são os partidos que indicam seus caciques e seus pajés. Coisa
antiga e hereditária. Vale a pena prestar atenção nas pesquisas elas tem
ganhado algumas eleições, visto que,
muitos gostam de votar nos vencedores. Não se pode negar a convicção de um
povo, muito menos sua manipulação.
No
próximo domingo será realizado o malfadado segundo turno, que ao que tudo
indica repetirá o primeiro. Assim os aficionados da política terão mais algumas
emoções. Com certeza tem razão Fernando Pessoa ao
dizer: ”Tudo o que chega, chega sempre por
alguma razão”.
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