Muitas
vezes se fala odeio tal pessoa, ou odeio isso e aquilo. Na verdade é apenas uma
hipérbole. Figura de linguagem que significa exagero. Exagerar faz parte do
psicodrama diário em que se vive e serve para expurgar fantasmas e tristezas. Há
qualquer coisa de profundo no pensamento de Hermann Hesse quando diz: ”Quando odiamos
alguém, odiamos em sua imagem algo que está dentro de nós.” O que significa que
se odeia outro o que existe em nós de ruim.
Poucas vezes conheci o
ódio verdadeiro, aquele definido em dicionário como: “Sentimento de profunda inimizade; paixão
que conduz ao mal que se faz ou se deseja a outrem. Ira contida; rancor
violento e duradouro.”.
No sábado passado, véspera do segundo turno, tive o desprazer
de vivenciar a ira e o rancor mais profundo em um ser humano. Passávamos pela
Rua Pinheiro Machado, na altura da Rua Coronel Camisão, eu de carona com meu
filho com a bandeira da Dilma flutuando sobre o carro. Quando fomos abordados
por um cidadão que passava de bicicleta bem do ao lado do carro. Ele
começou a vociferar afirmando que meu filho
não tinha direito de levar a bandeira de ladrões e que ele não tinha moral por
apoiar tal bandida, que defendia o assassinato! Fiquei agredida pela ira que
existia no coração daquele ser. Nunca tinha visto o ódio em pessoa. Foi algo
horrível! Como é possível em uma democracia odiar um candidato a um cargo
eletivo que nunca lhes fez mal.
Em outros tempos quem merecia o ódio eram os judeus e os não
católicos em geral. Mais tarde, mais ódios, agora contra os afrodescendentes
nos USA e na União Sul Africana. Quem não se lembra do holocausto?Fruto do ódio
aos judeus.
Após a Segunda Guerra foram os comunistas os grandes
perseguidos e mortos. Veja o que foi feito no Chile, na Argentina e no Brasil. Agora
no Brasil o bode expiatório tem nome: é o PT. Tudo é culpa dele. Os culpados se
eximem de suas próprias culpas. Desta maneira sempre há alguém para culpar pela
situação geral, da qual todos somos responsáveis. Fica mais fácil delegar culpas e responsabilidades,não é mesmo?
Na verdade
o que se assiste hoje é um pais dividido pela ideologia. Uma divisão sem lógica
e irracional. As eleições do segundo turno ratificaram tal divisão. Diz um
articulista que é uma luta de classes. Eu
diria que é uma guerra de modelos. Quem acredita num país para os ricos
discorda dos que querem um país para todos, com os pobres incluídos pelos
programas sociais. O resto é conversa. Rancores à parte penso em Martin Luther
King, tão odiado que foi assassinado, quando diz: ”Tenho visto demasiado ódio para querer
odiar”. Seria bom pensar nestas palavras!
Nenhum comentário:
Postar um comentário