Quando eu era criança bem pequena, eu via fantasmas. Eram
figuras transparentes com caras medonhas que se espalhavam pelo teto de meu
quarto. Eram seres parecidos (sei agora) com o Gênio da lâmpada de Aladim no
desenho da Disney. Então abria tal berreiro que acordava a todos. Minha mãe
dizia que eu tinha sonhado, mas nada disso, eu estava bem acordada. A coisa era
assustadora e a recordo até hoje.
Depois
com a idade os fantasmas sumiram, então passei a inventar alguns deles. Adorava
assustar minha irmã e minha prima, bem mais novas do que eu ,com a aparição de um fantasma que
eu chamava de Fada. A Fada era um
aparição minha fingindo ser um fantasma muito branco que dava ordens malévolas
paras duas pequeninas. Elas morriam de medo da Fada,ou seja de mim.
A
fada era tão maldosa que mandava as pequenas enterrar moedas afirmando que eram
sementes de árvores de dinheiro. As crianças enterravam suas moedas e eu as
colhia.. Outra coisa que gostava de fazer
remédios,macerava plantas e frutas e dava para elas tomarem. Por
incrível que pareça elas nunca adoeceram. Eu era como se pode ver mma completa
malvada.
Muitos
anos depois inventei histórias de fantasmas para alegrar meus filhos, com
histórias apavorantes. Eram então os gênios que faziam os trabalhos para os
outros, especialmente para os pobres. Mais tarde contava histórias de fantasmas
também para meus netos. Também eles
acreditavam nos meus fantasmas e inventavam seus próprios fantasmas. Para então
ter medo deles.
. Com o
tempo minhas histórias mudaram um pouco. Ao contrário das histórias que eu contava que tinham objetivo de
assustar ,, as novas antigamente tinham
caráter moral.Davam exemplos de como ser melhor e de como auxiliar os outros.
De uma forma geral as histórias infantis são cruéis. Tratam
do abandono de crianças pelos pais, que as deixam em florestas, onde há bruxas
que literalmente comem as criancinhas.. Há
outras histórias infantis com bruxas malvadas mas onde o fim da história muda
seu curso e tudo acaba bem .Mas há outras terríveis como a
história de Joãozinho e Mariazinha, de maldade sem explicação.Não há
sensação pior para uma criança do que o de
ser abandonada pelos pais.
Desde pequenos somos condicionados ao mundo cruel,mundo que
alimentamos e somos por ele alimentados. Isto me levou a refletir sobre a importância
do medo na vida humana. Afinal o medo dirigiu (e dirige ) o mundo.
O demônio e as leis ,movem as religiões e o Estado .Ambos se baseiam em normas restritivas e punitivas. Afinal
não é o medo do inferno ou do castigo o que
dirige as ações humanas? Como afirma
Durkheim “A religião não é somente um
sistema de ideias ,antes disso ela é todo um sistema de forças”Isso vale para o
Estado!
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