sábado, 30 de abril de 2016

A VACINA E EU


            






Sou brasileira, mulher e velha, pode ser que aja coisa pior. Poderia ser velha e com Alzheimer. Dai seria  a desgraça completa. O pior da velhice parece ser o conformismo. Quem fala que a velhice é a melhor idade é rematado mentiroso. Ainda não inventaram algo pior do que envelhecer e morrer. Puro horror. Ai de quem me desmentir!
            Pois bem, com as minhas qualificações, tentei fazer a vacina com meu plano de saúde. A fila era maior do a do título de eleitor. Fui cinco vezes ao posto de vacinação. A primeira vez a vacina não tinha chegado, na segunda havia mais de trezentas pessoas de todas as idades, para a vacinação. Na quinta vez a vacina tinha acabado. Terror da influenza, imposto pelas mídias.  
                        Tudo começou com o cartão do SUS, já que as vacinas todas devem ser aplicadas aos portadores do referido cartão. Na primeira vez que fui ao Postão, fiquei sabendo que precisava de três contas de luz (ou de água, ou de telefone) o do título de eleitor e a carteira de identidade (todos juntos). Devo destacar que os funcionários foram impecáveis, nada do que aconteceu é culpa dos servidores, sem ironia. Voltei para casa e amealhei a documentação na segunda vez não havia linha, sendo assim era impossível meu registro. Na terceira vez consegui o cartão. Perguntei para a gentil atendente se os moradores de rua precisavam de toda a papelada, ela me informou que não, pois seu encaminhamento é outro. Pelo menos os sem teto não precisam de comprovantes de telefone. Bom para eles
            Finalmente começou a vacinação pelo SUS, lá fui eu com meu cartão, na UBS do Centro. Na fila e na chuva mais de cem idosos. Gratificante conversa com os companheiros de sofrimento. Lá pelas tantas chega um velho gaiato e fura a fila, vai direto ao seu começo. Para meu espanto ninguém reclamou. Quando ele saiu da vacinação eu o xinguei dizendo o que pensava dele. Ninguém me apoiou. Ou seja, as pessoas estão tão acostumadas a serem lesadas que nem mais reclamam. Uma verdadeira tristeza. Por falar no Cartão ninguém pediu por ele, nem por qualquer outro documento.
               Constatei que o plano de saúde consegue ser menos eficiente do que o SUS que é gratuito. Pode? Pode sim. Ninguém reclama dos planos privados que levam seis meses para marcar um consulta e que quando é feita uma cirurgia, paga-se por fora para os médicos conveniados (há sempre alguns bons). O que não é dizer pouco!Como diz um anônimo sábio da Internet “Na democracia não é a minoria que governa, mas sim a maioria com o seu conformismo.” Se ninguém reclama tudo fica como está. Como diz Nietzsche “È dificil viver com as pessoas porque é muito dificil ficar calado.”
            Por falar nisso não seria interessante que a burocracia local aprendesse com a de São Paulo onde foi introduzido o Faça Fácil? Lá ficam reunidos todos os órgãos exigidos ao cidadão, como carteira identidade, de motorista, título de leitor etc. Funciona e é fácil mesmo!Atenção vereadores sem ideias!



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