sábado, 27 de agosto de 2016

EMPIRE






             Há um livro que merece ser relido, se  chama Empire ,de Gore Vidal. Por sinal um dos maiores críticos da civilização americana( vencido por Noam Chomsky). Esta releitura se torna importante depois dos resultados das Olimpíadas. Não há como negar que  o império que  hoje domina o mundo é o  dos Estados Unidos. Já houve outros impérios que fizeram isto, basta lembrar  os  impérios romano,  inglês,  português e  espanhol. Cada um com suas qualidades e defeitos, que em geral as suplantaram .Eles  tiveram  um começo,um apogeu e um fim.Enquanto dominaram  dizimaram povos ao seu bel prazer. Sua duração foi imensa, em média cerca de  300 anos.
            O domínio americano  é novo começou com a Segunda Guerra, tem pouco mais de setenta anos. Falta muito para terminar.  Seu poder teve inicio com o esforço da Guerra que elevou sua produção às alturas, tornando muitos dos países beligerantes seus eternos devedores. Como é sabido (desde sempre) os devedores devem obediência aos credores. Os países devedores ( ligados ao FMI)  tem o mesmo papel das antigas colônias dos outros impérios. Aquelas representadas por domínios territoriais e estes por domínios econômicos. Ai terminam as diferenças. Eles sufocam destroem as economias  nacionais, sufocando sua  produção. Como disse Tolstoi :  “Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas”
            Na  riqueza da produção, na renda per capita , no Produto Nacional Bruto  torna(por enquanto)  o novo Império imbatível ,apenas beliscado pela nova potencia : a China.O resultado das Olimpíadas é em primeiro lugar o resultado do domínio econômico, em segundo lugar  resultado de uma   política esportiva inteligente . Os países que não tem alimentos, tecnologia, saúde e educação não podem concorrer no mundo dos esportes,com as superpotências,pois  precisam sobreviver  para pagar seus encargos e a sua incúria.
            Alguns são  capazes de acusar o Brasil de perdedor nos esportes (e ele o é),mas dadas as circunstancias ter 10% das medalhas foi  lucro . Como vencer o País onde os esportes são estimulados desde o berço?  Que conta  com  meios e políticas ? Lá,  os bons atletas tem passagem garantida às melhores universidades, com bolsas e regalias. E aqui? È o mesmo que acusar os pobres pela própria miséria.          Os comentários  que estão sendo  feitos nas redes sociais são disparatados ,para não dizer  esquisitos.Um sugeriu até  que fosse feita uma Olimpíada  sem os Estados Unidos. O resultado seria o mesmo  só com a China na cabeça ,o mesmo aconteceria se fosse retirada  a China.   Se houvesse uma Paraolimpíada do Terceiro Mundo o Brasil seria o vencedor com certeza!A desigualdade é a prova das vitórias.

             O Primeiro Mundo venceu  as Olimpíadas! Os países que  ocupam as melhores posições nas medalhas conquistadas são os mais ricos do mundo, Estados Unidos, Grã- Bretanha, China, Rússia e Alemanha e ponto final!Um gostinho foi a ‘vitória’ do Brasil sobre a Alemanha  e  a conquista de um título até então  não obtido.Para ajudar a  esquecer o 7x1.

sábado, 20 de agosto de 2016

.... tem palmeiras














            Antigamente, na década de quarenta, a Praça Dante tinha quatro palmeiras imperiais. Mais tarde foi revitalizada e circundada de jerivás. Tudo bem o coqueiro afinal é espécie nativa. Ele chamou a atenção de Martius pelo casamento improvável dos coqueiros com a  Mata Atlântica.Ninguém sabe a origem dos cocais do Nordeste , nem das demais palmeiras do Brasil .Elas se espalharam pelo mundo tropical carregadas pelos oceanos ou pelos polinésios exímios marinheiros,um dos povoadores da  América. Afirmava-se  que os índios  eram os responsáveis pelo seu plantio. Assim cada coqueiro plantado na mata era o sinal do caminho percorrido pelos nativos. O que é possível, mas não é provável. Como provar tal fato! Os índios poderiam ir comendo e jogando as sementes dos coquinhos pelas matas e então novos coqueiros nasceriam . Por que não?
            Outrora Caxias já teve teve plátanos na Julio de Castilhos e casuarinas na Praça Dante.  Na administração de Celeste Gobbato ,foram plantados os ligustros(ou alfeneiros) que foram  injustamente responsabilizados por  todas as alergias da população  da cidade.Mais tarde houve a tentativa de encher a cidade  de jacarandás ,e mais recentemente de plantar árvores nativas nas suas principais ruas. 
             Agora Caxias está sendo coroada de palmeiras. Como se fosse parte do Brasil tropical, e não uma serra úmida e subtropical. Da mesma maneira que a figueira é símbolo das planícies costeiras e o pinheiro das matas de altitude as árvores nativas da Mata Atlântica deveriam ser as escolhidas para embelezar a cidade.
            As administrações municipais em vez de pensar nos carros, poderiam pensar na cidade. Deveriam se debruçar sobre a cidade e estuda-la em detalhes. Coisas simples poderiam ser feitas para torna-la melhor, mais saudável e mais bela.  Como, por exemplo, ver quais as árvores mais adaptadas às ruas que os edifícios mergulharam para sempre em sombras. Em vez de recortar as árvores de forma insana para proteger os fios,não seria melhor retirar os fios para proteger as árvores? Afinal as árvores são seres vivos ao contrário dos fios.
            A cidade precisa é mais do que um retrato, ela precisa de cidadãos que a amem e a protejam. Não precisa de   quem dela usa  e abusa ,como se fosse algo desprezível.  A cidade merece respeito,pois  é muito mais do que um espaço, ela é um  conjunto de relações ,onde se forma identidade de cada criança que nela nasce e cresce.
                A cidade é soma dos seres que nela vivem e dos que nela viveu, a cidade é a síntese do passado, revisitado no presente. Ela precisa de cuidados como se fosse parte (porque o é)humana e parte cenário das vidas que nela sobrevivem.  Como diz Mia Couto “A cidade não é um lugar. É a moldura de uma vida. A moldura à procura de retrato, é isso que eu vejo quando revisito o meu lugar de nascimento. Não são ruas, não são casas. O que revejo é um tempo, o que escuto é a fala desse tempo. Um dialeto chamado memória, numa nação chamada infância”. Isto é Caxias!



sábado, 13 de agosto de 2016

...continua lindo!














            Aquele Abraço e Pais Tropical  foram  duas  da velhas músicas apresentadas  do espetáculo da abertura das Olimpíadas de 2016.Para os desmemoriados do Brasil estas músicas foram gravadas em 1969 , ano marcado pelas maiores atrocidades da história brasileira. De certa forma elas sintetizam em verso e música o que foi a abertura destas Olimpíadas: a alegria e a amizade entre os povos, mais precisamente os jovens da Terra que tiveram o treinamento necessário para chegarem ao evento.
            Os atletas que chegaram às Olimpíadas constituem a minoria absoluta de privilegiados. Afinal este é o sentido da organização, concentrar  os melhores de cada modalidade, aqueles que superam a média,que podem aspirar  medalhas de ouro. São os que conseguem recordes para que os demais atletas do mundo possam ser emulados. Uma coisa é certa a maioria nunca chegará lá!A emulação neste caso nada mais é que uma provocação!
            O Brasil nos últimos anos, desde 1958, tem vendido ao mundo uma imagem construída sobre três estereótipos: mulher, carnaval e futebol. O Rio de Janeiro no imaginário coletivo é ao mesmo tempo a síntese e o cenário do Brasil. Mulheres sensuais deitadas na areia de Copacabana, ou mulatas requebrando no espetáculo das escolas de samba.  No solo sagrado do Maracanã os reis do futebol apresentam sua arte. É o mundo espetáculo. O mundo sensual da preguiça, da  euforia  e da arte. A abertura das Olimpíadas foi espetáculo digno de uma escola de samba da segunda categoria, por certo teria desagradado o esteta Joãozinho Trinta, carnavalesco com formação clássica. Milhares de mulatas sambando e uma favela alegre e limpa.  A abertura das Olimpíadas foi um simulacro do carnaval carioca, com a presença discreta do simulacro de presidente.  Uma tristeza.
            Foi estranho ver os melhores atletas do mundo sambando. Mas o mais estranho de tudo foi à viagem no tempo de Ari Barroso a Vinicius de Moraes todos os mais importantes músicos do passado, revelando que pouco de novo existe para  mostrar,salvo alguns rappers e  e Anitta. Sem esquecer a favela cantante  e os africanos apresentados como hamsters rodando a sua rodinha.. Pelo show italianos  e alemães não vieram ao Rio nem ao Brasil, entre outros tantos imigrantes igualmente esquecidos. O resto são coisas do passado, como os artistas que apresentaram o  show.  Triste demais ver Elza Soares em cadeira de rodas e Gilberto Gil quase defunto fingindo alegria.   Certo esteve Pelé que preferiu ficar em casa com sua bengala, sua ausência ( copiando Romário) foi sua melhor apresentação.
            Segundo as redes sociais o show de abertura agradou tanto  aos brasileiros  como a imprensa  nacional e  internacional .O espetáculo foi apresentado como pobre e emocionante. Nele estiveram presentes os símbolos e os estereótipos. Enfim aquilo  que representa o Brasil  no imaginário coletivo. Fora isto o Rio de Janeiro continua lindo  e  Santos Dumont continua a  inventando a aviação .Foi um desfile  digno do  Fantástico!


sábado, 6 de agosto de 2016

OLIMPIADAS & CIA


             


munique 1





Não é preciso ser gênio para entender a força da hegemonia. Ela o pensamento dominante de um país,aquele que dirige se não suas ações o imaginário coletivo.  Há várias correntes teóricas, mas  è suficiente que se entenda, que ela forma e molda a opinião geral. Hoje a opinião se forma  por meio das redes sociais, seja que nome tenha e pela mídia impressa e televisionada.  A opinião se  forma  no Face , na Globo etc. A opinião veiculada  é indiscutível.Ela investiga ,  julga e se condena sem precisar da polícia ou do judiciário.è o supremo poder.
            A Olimpíada começou em 1890, sendo a atual  a trigésima primeira edição . A Copa do Mundo da FIFA começou em 1930.  A não ser o nome as duas tem  pouco em comum , a não ser o fato que  ambas são competições esportivas milionárias.  Ai terminam as semelhanças.  A mídia não poupa louvores à Olimpíada,mas não se cansou de criticar  a Coopa de 2014.  Ela mereceu a maior campanha de difamação até hoje movida contra uma competição esportiva. parecia que o narcotráfico havia tomado o Brasil com o refém.Agora os tempos são outros ,mas não as competições.  Ambas tem muito em comum, a  maior diferença está  na propaganda,ambas se originaram de crises econômicas.
            Muita gente ganha dinheiro com tais competições! Há os campeões, os reis do esporte, os dirigentes, os reis das roupas esportivas,as   redes de TV  etc. Ainda outros ganham como hotéis,  restaurantes , comércio  e as viagens em geral.. Não se enganem, como as festas comemorativas como Dia das Mães, Dias dos Namorados  as duas competições foram organizadas  com  objetivo de ganhar dinheiro. São invenções para movimentar milhões de dólares.. Basta  estudar o período em que foram inventadas as duas competições para se entender seu sentido.Quem as inventou sabe,  como vencer as crises e influenciar pessoas,oferecendo objetivos plausíveis.
            Os países disputam a tapa o direito de sediar tais competições e o Brasil ganhou o direito de sediar as duas. Uma vitória da política nacional. Mas só houve reclamações e movimentos contrários . No Brasil, desde a reeleição da Presidente a política de repente se tornou mais importante do que a economia, ainda mais em tempo de crise. Deixa prá lá!
            Tudo tem a ver com a falada hegemonia. Desde os idos da Gloriosa o pensamento hegemônico brasileiro tem sido formado pela mais rede conhecida de TV. Com suas novelas moldou os costumes, com suas noticias inventou verdades. Elegeu presidentes e derrubou outros.Agora resolveu que as Olimpíadas são a salvação nacional. Em 2014 ,ao contrario fez o possível e até o impossível para detonar a Copa do Mundo FIFA 2014. Não conseguiu de todo, pois paixão pelo futebol era maior que o rancor da Rede contra o Governo Federal. Mas tentou, não há dúvidas!           Como diz Leonardo da Vinci :”O olhar de quem odeia é mais penetrante do que o olhar de quem ama”.Mas agora os tempos são outros.  Só se espera que não  se repita o fiasco do futebol  brasileiro. Há quem aguente outra derrota de 7 a 1?