sábado, 20 de agosto de 2016

.... tem palmeiras














            Antigamente, na década de quarenta, a Praça Dante tinha quatro palmeiras imperiais. Mais tarde foi revitalizada e circundada de jerivás. Tudo bem o coqueiro afinal é espécie nativa. Ele chamou a atenção de Martius pelo casamento improvável dos coqueiros com a  Mata Atlântica.Ninguém sabe a origem dos cocais do Nordeste , nem das demais palmeiras do Brasil .Elas se espalharam pelo mundo tropical carregadas pelos oceanos ou pelos polinésios exímios marinheiros,um dos povoadores da  América. Afirmava-se  que os índios  eram os responsáveis pelo seu plantio. Assim cada coqueiro plantado na mata era o sinal do caminho percorrido pelos nativos. O que é possível, mas não é provável. Como provar tal fato! Os índios poderiam ir comendo e jogando as sementes dos coquinhos pelas matas e então novos coqueiros nasceriam . Por que não?
            Outrora Caxias já teve teve plátanos na Julio de Castilhos e casuarinas na Praça Dante.  Na administração de Celeste Gobbato ,foram plantados os ligustros(ou alfeneiros) que foram  injustamente responsabilizados por  todas as alergias da população  da cidade.Mais tarde houve a tentativa de encher a cidade  de jacarandás ,e mais recentemente de plantar árvores nativas nas suas principais ruas. 
             Agora Caxias está sendo coroada de palmeiras. Como se fosse parte do Brasil tropical, e não uma serra úmida e subtropical. Da mesma maneira que a figueira é símbolo das planícies costeiras e o pinheiro das matas de altitude as árvores nativas da Mata Atlântica deveriam ser as escolhidas para embelezar a cidade.
            As administrações municipais em vez de pensar nos carros, poderiam pensar na cidade. Deveriam se debruçar sobre a cidade e estuda-la em detalhes. Coisas simples poderiam ser feitas para torna-la melhor, mais saudável e mais bela.  Como, por exemplo, ver quais as árvores mais adaptadas às ruas que os edifícios mergulharam para sempre em sombras. Em vez de recortar as árvores de forma insana para proteger os fios,não seria melhor retirar os fios para proteger as árvores? Afinal as árvores são seres vivos ao contrário dos fios.
            A cidade precisa é mais do que um retrato, ela precisa de cidadãos que a amem e a protejam. Não precisa de   quem dela usa  e abusa ,como se fosse algo desprezível.  A cidade merece respeito,pois  é muito mais do que um espaço, ela é um  conjunto de relações ,onde se forma identidade de cada criança que nela nasce e cresce.
                A cidade é soma dos seres que nela vivem e dos que nela viveu, a cidade é a síntese do passado, revisitado no presente. Ela precisa de cuidados como se fosse parte (porque o é)humana e parte cenário das vidas que nela sobrevivem.  Como diz Mia Couto “A cidade não é um lugar. É a moldura de uma vida. A moldura à procura de retrato, é isso que eu vejo quando revisito o meu lugar de nascimento. Não são ruas, não são casas. O que revejo é um tempo, o que escuto é a fala desse tempo. Um dialeto chamado memória, numa nação chamada infância”. Isto é Caxias!



Um comentário:

  1. Um belo poema em prosa. ..numa nação chamada infância. Para essa nação quero retornar.

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