Antigamente, na década de quarenta, a Praça Dante tinha
quatro palmeiras imperiais. Mais tarde foi revitalizada e circundada de jerivás.
Tudo bem o coqueiro afinal é espécie nativa. Ele chamou a atenção de Martius pelo
casamento improvável dos coqueiros com a
Mata Atlântica.Ninguém sabe a origem dos cocais do Nordeste , nem das
demais palmeiras do Brasil .Elas se espalharam pelo mundo tropical carregadas
pelos oceanos ou pelos polinésios exímios marinheiros,um dos povoadores da América. Afirmava-se que os índios eram os responsáveis pelo seu plantio. Assim
cada coqueiro plantado na mata era o sinal do caminho percorrido pelos nativos.
O que é possível, mas não é provável. Como provar tal fato! Os índios poderiam
ir comendo e jogando as sementes dos coquinhos pelas matas e então novos
coqueiros nasceriam . Por que não?
Outrora Caxias já teve teve plátanos na Julio de
Castilhos e casuarinas na Praça Dante.
Na administração de Celeste Gobbato ,foram plantados os ligustros(ou alfeneiros)
que foram injustamente responsabilizados
por todas as alergias da população da cidade.Mais tarde houve a tentativa de
encher a cidade de jacarandás ,e mais
recentemente de plantar árvores nativas nas suas principais ruas.
Agora Caxias está
sendo coroada de palmeiras. Como se fosse parte do Brasil tropical, e não uma
serra úmida e subtropical. Da mesma maneira que a figueira é símbolo das
planícies costeiras e o pinheiro das matas de altitude as árvores nativas da
Mata Atlântica deveriam ser as escolhidas para embelezar a cidade.
As administrações municipais em vez de pensar nos carros,
poderiam pensar na cidade. Deveriam se debruçar sobre a cidade e estuda-la em
detalhes. Coisas simples poderiam ser feitas para torna-la melhor, mais saudável
e mais bela. Como, por exemplo, ver
quais as árvores mais adaptadas às ruas que os edifícios mergulharam para
sempre em sombras. Em vez de recortar as árvores de forma insana para proteger
os fios,não seria melhor retirar os fios para proteger as árvores? Afinal as
árvores são seres vivos ao contrário dos fios.
A cidade precisa é mais do que um
retrato, ela precisa de cidadãos que a amem e a protejam. Não precisa de quem
dela usa e abusa ,como se fosse algo
desprezível. A cidade merece
respeito,pois é muito mais do que um
espaço, ela é um conjunto de relações
,onde se forma identidade de cada criança que nela nasce e
cresce.
A cidade é soma dos seres que nela vivem e dos
que nela viveu, a cidade é a síntese do passado, revisitado no presente. Ela
precisa de cuidados como se fosse parte (porque o é)humana e parte cenário das
vidas que nela sobrevivem. Como
diz Mia Couto “A cidade não é um lugar. É a moldura de uma vida. A moldura à
procura de retrato, é isso que eu vejo quando revisito o meu lugar de
nascimento. Não são ruas, não são casas. O que revejo é um tempo, o que escuto
é a fala desse tempo. Um dialeto chamado memória, numa nação chamada infância”.
Isto é Caxias!
Um belo poema em prosa. ..numa nação chamada infância. Para essa nação quero retornar.
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