sábado, 13 de agosto de 2016

...continua lindo!














            Aquele Abraço e Pais Tropical  foram  duas  da velhas músicas apresentadas  do espetáculo da abertura das Olimpíadas de 2016.Para os desmemoriados do Brasil estas músicas foram gravadas em 1969 , ano marcado pelas maiores atrocidades da história brasileira. De certa forma elas sintetizam em verso e música o que foi a abertura destas Olimpíadas: a alegria e a amizade entre os povos, mais precisamente os jovens da Terra que tiveram o treinamento necessário para chegarem ao evento.
            Os atletas que chegaram às Olimpíadas constituem a minoria absoluta de privilegiados. Afinal este é o sentido da organização, concentrar  os melhores de cada modalidade, aqueles que superam a média,que podem aspirar  medalhas de ouro. São os que conseguem recordes para que os demais atletas do mundo possam ser emulados. Uma coisa é certa a maioria nunca chegará lá!A emulação neste caso nada mais é que uma provocação!
            O Brasil nos últimos anos, desde 1958, tem vendido ao mundo uma imagem construída sobre três estereótipos: mulher, carnaval e futebol. O Rio de Janeiro no imaginário coletivo é ao mesmo tempo a síntese e o cenário do Brasil. Mulheres sensuais deitadas na areia de Copacabana, ou mulatas requebrando no espetáculo das escolas de samba.  No solo sagrado do Maracanã os reis do futebol apresentam sua arte. É o mundo espetáculo. O mundo sensual da preguiça, da  euforia  e da arte. A abertura das Olimpíadas foi espetáculo digno de uma escola de samba da segunda categoria, por certo teria desagradado o esteta Joãozinho Trinta, carnavalesco com formação clássica. Milhares de mulatas sambando e uma favela alegre e limpa.  A abertura das Olimpíadas foi um simulacro do carnaval carioca, com a presença discreta do simulacro de presidente.  Uma tristeza.
            Foi estranho ver os melhores atletas do mundo sambando. Mas o mais estranho de tudo foi à viagem no tempo de Ari Barroso a Vinicius de Moraes todos os mais importantes músicos do passado, revelando que pouco de novo existe para  mostrar,salvo alguns rappers e  e Anitta. Sem esquecer a favela cantante  e os africanos apresentados como hamsters rodando a sua rodinha.. Pelo show italianos  e alemães não vieram ao Rio nem ao Brasil, entre outros tantos imigrantes igualmente esquecidos. O resto são coisas do passado, como os artistas que apresentaram o  show.  Triste demais ver Elza Soares em cadeira de rodas e Gilberto Gil quase defunto fingindo alegria.   Certo esteve Pelé que preferiu ficar em casa com sua bengala, sua ausência ( copiando Romário) foi sua melhor apresentação.
            Segundo as redes sociais o show de abertura agradou tanto  aos brasileiros  como a imprensa  nacional e  internacional .O espetáculo foi apresentado como pobre e emocionante. Nele estiveram presentes os símbolos e os estereótipos. Enfim aquilo  que representa o Brasil  no imaginário coletivo. Fora isto o Rio de Janeiro continua lindo  e  Santos Dumont continua a  inventando a aviação .Foi um desfile  digno do  Fantástico!


Nenhum comentário:

Postar um comentário