sábado, 28 de julho de 2012


CAXIAS (ULTRA)PASSADA



Casa de negócios Vicente Rovea 1912.

Mais uma semana de Caxias, mais tempo passado. Quanto tempo? Exatamente 137 anos de colonização, 122 anos de emancipação de Cai  e 102 anos de a elevação  à cidade. Tempo bastante para uma cidade crescer e aprofundar suas características. Tempo bastante para esquecer o passado.
O passado encurta na medida em que as lembranças se perdem. Cada ser humano tem suas lembranças datadas, que morrem com ele. Não há como transferir a memória como se transplanta órgãos. No futuro poderão ser enxertadas as lembranças em capsulas no cérebro. Por enquanto só é lembrado o que está registrado. Sem registro não há passado.
Outrora havia entre os nativos o responsável pela guarda das memórias da tribo  e  pela  sua transmissão. Com a escrita a memória de ser essencial para o conhecimento humano. A palavra escrita substituiu a oral. Mais tarde a Internet mudou a palavra escrita pela digital. Poucos perceberam a mudança radical que ocorria com o advento do Google.
Ainda assim milhares de informações estão  apenas  na memória das pessoas .Há muitas histórias sobre a velha Caxias que não foram contadas. Creio que nem histórias são pequenas crônicas do cotidiano de moradores e de uma cidade que já se foram. 
.Na Caxias de então todos se conheciam. Importante ainda, todos conheciam a vida de todos. Quem dormia com quem, quem comprou o que e onde, quem saiu com quem  e foi aonde. Coisas que hoje não tem a mínima importância.  Naqueles tempos não havia como se esconder. Os passos de cada um eram controlados. O principal programa de então era a vida alheia. 
O rádio então era o entretenimento maior. Quem tinha um rádio (elétrico e com válvulas) estava por dentro do mundo. Por meio dele poderia ouvir o Repórter Esso, com as notícias nacionais e as internacionais da Segunda Guerra. Podia acompanhar  as novelas radiofônicas da  Radio Nacional do rio de Janeiro .Para ouvi-las a cidade parava. À noite escutavam-se tangos nas estações argentinas. Já na La R.A (assim mesmo) acompanhava-se a temporada operística do teatro Colón de Buenos Aires.
         A mídia de então (?) tanto radiofônica como a escrita era movida pelas agencias americanas de noticia. Só se lia se ouvia e se via o mundo de um lado: o dos Estados Unidos. Eles eram os mocinhos os outros eram os bandidos. Pobres dos Quinta Colunas favoráveis ao Eixo. Os pobres eram comunistas atacados no púlpito da Catedral como comedores de crianças. Ainda assim ninguém falava em pedofilia. Naqueles tempos não se havia perdido a inocência!
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