MUSSOLINI
Belezas do Rio Grande Itaimbézinho 2012 |
Poucas
pessoas são mais interessantes do que Mussolini. Não me refiro ao Duce italiano,
mas a Mathias D’Andrea que tinha esse apelido. Ele me auxiliou demais quando da
elaboração da minha tese de doutorado, mas esse é outro assunto.
Mussolini
vivia no antigo hotel Pessin , num quarto do terceiro andar do lado Leste .Ele
amava a música clássica ,muito antes de conhecê-lo eu ouvia o som
alto de Verdi,Rossini e outros compositores
da ópera italiana ,clássicos barrocos e
românticos. .Tinha um telescópio apontado para as estrelas. Ele viveu no Hotel
até morrer. Havia nascido na Itália. Seu avô era médico, quando menino ia com
ele de charrete visitar doentes. Dele herdou a paixão pelo social e como ele se
tornou socialista.
Veio
para o Brasil com seus pais e irmãos aos doze anos, fugindo das guerras.
Tornou-se técnico em eletricidade e piloto amador,Sua maior façanha foi
despencar de um teco-teco que
pousou nos galhos de uma figueira, nos
fundos do Armazém Mandelli, na esquina das ruas Pinheiro Machado e Dr. Montaury. Eu assisti a queda da janela
da minha casa, junto com minha mãe e
minha irmã nenê.Vi Mussolini deixar o avião descendo da figueira. Criança não
esquece, reserva as memórias.
Creio
que era o dia três de setembro de 1944, havia parada estudantil. Na Rua Pinheiro
Machado passava a Escola Normal Duque de Caxias. Na Júlio desfilavam outras
escolas. Poderia ter ocorrido uma tragédia, mas nada aconteceu e foi apenas
episódio que movimentou a pequena Caxias por muito tempo.
Passados
anos quando concluía a minha tese me lembrei do Mussolini. Telefonei para ele e
ele se prontificou a falar comigo. Tantos anos vivendo no Hotel se tornara
parte dele, não conseguindo dormir virou seu guarda. Falamos algumas noites e
ele me contou mais dos fascistas e do fascismo que os jornais e os documentos
da época.
Falou-me
dos grandes fascistas locais, das suas festas burguesas e de seu proselitismo
feitos no Clube Juvenil e nos cinemas locais. Falou-me dos combates de rua
que teve que enfrentar contra os camisas negras. Das lutas levou o apelido do
qual jamais conseguiu se livrar. Nada disso aparece nos jornais de então.
Tudo
tem uma explicação. A burguesia local se beneficiava com as relações com os
fascistas italianos, assim eles eram bem aceitos. Após a derrota do fascismo, muitos
deles fugiram de Caxias,outros aqui permaneceram e constituíram famílias. Não é
de estranhar que periodicamente ocorram alguns fatos (como na vinda de Cesare
Batistti a Caxias) que revelam a origem de algumas famílias, que não acreditam
nas leis democráticas. Não resta dúvida que o
fascismo mora em seu coração.
Loraine Slomp Giron Twitter: loslomp Blog :historiadaquiblogspot.com
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