ALARICO
MACHADO
Antiga feira na Praça .1912. Fonte Adami |
Corria
a década de cinquenta, em Caxias, a feira livre voltou a funcionar. A feira era uma festa, com ruídos, algazarra e
um indefectível alto falante, tocando músicas regionais. Toda cidade acorria
à feira que ocorria nas manhãs de
sábado . Local era excelente ficava na frente do Colégio do Carmo na Rua Os 18 do Forte.
As
feiras tinham existido na primeira década do século XX,na Praça Dante, que então,
não tinha jardins, nem monumentos, nada. Apenas alguns quiosques de
comerciantes a decoravam. Caxias sempre foi marcada pela predominância do
privado sobre o público. Assim o comércio alugava a Praça. A feira da Praça
reunia toda Caxias: mulheres vendendo tabuleiros de doce, negociantes de mulas,
de cerveja , de aluguel de cadeiras para assistir sentado à missa na igreja ,
que ainda não tinha bancos. Com o Intendente Peninha, em 1912, a feira foi
extinta. Só voltou a funcionar com o governo de Luciano Corsetti que foi um de
seus melhores administradores.
Voltando
à feira. Na esquina das ruas Dr. Montaury e 18 do Forte havia uma belíssima casa.
Era de alvenaria com ampla sacada na frente, com dois pavimentos
e o porão (por causa do desnível da rua) Era pintada de rosa e tinha colunas da área, e na frente sul pedras coloridas .A casa era das mais
belas casa de Caxias. Dona Luiza sua dona era uma das Damas de Caridade (fundadoras o Hospital Pompéia). Seu marido havia sido
figura ilustre da cidade. Não sei quantos filhos teve, naquele tempo com ela
viviam um filho e uma filha. Era comum ver o filho sentado na varanda da casa
lendo jornal. Não sei qual era sua
profissão.
Também
não sei quando começou a ter ataques de fúria contra a feira. Corria pela
cidade que havia um louco naquela bela casa, que saia na janela aos gritos
contra o barulho da feira, que o impedia de dormir Assim Alarico passou a
sofrer com a feira todo santo sábado . Há
pessoas que acreditam que seu bem estar é mais importante que o da comunidade. Ele
por certo era um deles.
Era
um sábado de primavera, o alto falante animava os feirantes com uma rancheira.
De repente ecoam gritos na rua. Logo se pensou em morte, mas, não. Era Alarico que saia de casa, aos berros, num pijama branco com listras azuis , trazendo na mão um reluzente machado de cabo vermelho.As pessoas ao vê-lo se assustaram , e
fugiram para todos os lados .. Sem olhar para os lados, ele foi direto ao alto
falante, que ficava na frente da Católica Domus. Com machadadas certeiras
terminou com a festa. Os feirantes e os compradores da feira (e eram muitos)
assistiram a um espetáculo inesquecível, não havia muitos na cidade. . Com
Alarico nada aconteceu, apenas pagou os prejuízos. Afinal era rico, mas ganhou
um novo sobrenome. Desde então foi chamado de Alarico Machado. Nos tempos de antigamente, nós teríamos aqui um
Gelson Palmeira.
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