Getulio Vargas o mais atilado dos governantes
do Brasil foi chamado de aprendiz de
feiticeiro por algum motivo, Quando percebeu a força explosiva do carnaval
carioca popular o institucionalizou. Ao
criar um carnaval oficial conseguiu em pouco tempo terminar com as
manifestações populares que poderiam prejudicar a paz da ditadura. Só muitos
anos depois ressurgiram os blocos dos sujos.
Quando
a primeira Festa da Uva foi realizada na Praça Dante começava o governo de
Vargas que se prolongou por uma década e meia. A comissão organizadora pensou
em fazer uma festa para comercializar os produtos da então chamada colônia. Era
um grupo de moradores da cidade e que estavam distantes do trabalho agrícola. A
época escolhida foi a da colheita da uva, época imprópria para os colonos que
estão superocupados. Outro foi o modo de pensar foi das comissões da Festa do
Vinho e da Festa do Vinho Novo que pensaram
nos agricultores , passaram a ser realizadas no mês de julho quando o trabalho
na colônia é menor.
A
Festa da Uva era uma festa de cidadãos da cidade para melhorar o desempenho
econômico regional, apelando para a beleza da mulher da região para aumentar a
venda de produtos. O papel das rainhas e das vindimeiras era mais importante do
que em geral se pensa. Então o vinho e a
uva eram importantes para Caxias, a exportação de vinho era das mais maiores do município. Mas o tempo passou. Caxias
perdeu as regiões produtoras de uva para Flores da Cunha e Farroupilha e, aos
poucos, a indústria metalúrgica foi aumentando seu espaço na economia regional.
Enquanto em Bento Gonçalves as indústrias tradicionais (móveis, alimentos e
vinho) mantiveram sua liderança. Ainda assim, durante alguns, anos a Festa da
Uva foi um sucesso. Realizada no Centro da cidade, estava mais perto da
população e da sua realidade sócio econômica.
Para
compensar a perda do poder econômico do setor vinícola foi criada junto à Festa
uma Feira industrial.Claro indício de
que a uva não dava mais conta dos seus
objetivos,ou seja de fazer propaganda da economia regional. Por outro
com o correr dos anos tem havido uma redução na produção da uva, e o fechamento
inexorável de empresas vinícolas.
Quando a Festa da Uva se tornou uma empresa as
mudanças foram ainda mais profundas. A população não ama as empresas que em
geral, que visam o apenas o lucro. A empresa responsável pela Festa também visa
o lucro, como qualquer empresa capitalista. O lucro não entusiasma aqueles que
dele não podem usufruir Mais do que isso é uma empresa eminentemente política, portanto
com vínculos partidários. A política longe de unir, ao contrário tende a
desunir a população. Em pesquisa realizada em 2010 constatou-se que a população
não se sente ligada afetivamente à Festa da Uva.
Como
empresa a Festa começou cobrar tudo: o ingresso, o estacionamento, os lugares
nas arquibancadas do desfile e os shows A Festa começou a ser um evento
turístico e como tal buscou os participantes em vários lugares do Brasil
notadamente em São Paulo e na Baixada Fluminense que aproveitam o evento para fazer um circuito pela Serra
Gaúcha.
A
verdade é que a Festa tende a se repetir.
Tornou-se um verdadeiro camelódromo sem novidades e inovações. Local de
venda de produtos, de tal forma que o que atrai o público local aos pavilhões
são os shows. Faz tempo que deixou de ser a segunda maior festa do Brasil.
Assim
ao ser oficializada a empresa a Festa da Uva (como Getúlio fez com o carnaval)
ela perdeu seu vínculo popular. Infelizmente não há muito a fazer além melhorar
os shows.
Loraine Slomp
Giron – Historiadora
Twitter: @loslomp
Nenhum comentário:
Postar um comentário