sábado, 2 de novembro de 2013

VIÚVOS DA DITADURA


            
Alguns brasileiros odeiam os governos populares, ainda que democráticos. Para eles Maduro(Chaves),Lula(Dilma)  e Morales são enviados do demônio. A extrema direita e os ignorantes de forma geral sentem saudades de governos fortes e antipopulares. São  os viúvos da ditadura.Não sabem o que significa a ausência de liberdade.  Só o fanatismo pode desculpar tal desejo. A democracia é  frágil ,como toda a invenção humana. Mas  não adianta matar o santo, por não gostar de seu traje.
Nos movimentos ocorridos neste ano, nas principais cidades do país a ação da polícia foi calma e profissional. Nem prendeu os bandidos transmudados em manifestantes. Lembro-me de outras manifestações, em tempos de opressão, quando pessoas foram mortas ou presas como bandidos, quando eram simples manifestantes.
 Até o ar muda com a democracia, fica mais leve. Não importa o partido político que governe, basta que tenha sido eleito, isso já é um fato maravilhoso. Não penso como Jorge Luis Borges para o qual “A democracia é um erro estatístico, porque na democracia decide a maioria e a maioria é formada de imbecis.” Acredito que erro estatístico é quando um só imbecil governa todos os outros com mão de ferro.
Houve uma ditadura ‘esclarecida’ no Brasil, com alguns luminares ocupando o poder. Um deles afirmou “Se eu ganhasse salário mínimo eu me mataria.” Resposta dada à pergunta de uma criança de escola.Grande exemplo.Em outra ocasião afirmou  em cadeia nacional preferir o cheiro do cavalo ao do povo. Enfim, coisas de ditadores!  Naqueles tempos mais se aplaudia do que se criticava, era o tempo dos adoradores dos chefes. Da mesma forma não houve reclamações quando foi votada a lei Nº 6683, de 28 de agosto de 1979, a chamada de Lei da Anistia A Lei é um dos últimos presentes de grego do regime militar. Pois, anistiou tanto carrascos como vitimas.  Há muitos restos da ditadura que  ainda não foram removidos.
Agora é fácil falar em mudar a Lei, mas, quando foi promulgada muitos a louvaram. Depois de 34 anos a maioria dos algozes e de seus feitores estão mortos. Claro, sempre se podem condenar os mortos, em memória. Afinal, quem se lembra deles? Qual seria mesmo seu castigo? Presos post mortem? O presente dificilmente resolve os problemas do passado.
No caso da anistia, o Brasil perdeu para a Argentina, tanto em tempo   quanto  em conteúdo.Lá os torturadores e seus mandantes foram julgados e  punidos ,aqui se aposentaram e morreram em paz.Lá os governantes foram presos, aqui viraram   nomes de escolas.Belo exemplo para as crianças,o de homenagear tiranos.  Outro grande exemplo!
Se a mudança da Lei levar o mesmo tempo que levou para pensar em sua mudança poderá ser mudada nos próximos setenta anos. Então não restará nem a lembrança da ditadura. Quem vai saber? Ou, talvez haja então uma nova (?) ditadura para agradar os saudosistas.



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