Na chamada sociedade primitiva (e a atual não
o é?) cada tribo tinha dois líderes insubstituíveis: o cacique e o pajé. O
cacique que cuidava das razias, das caçadas, das lutas e da administração das tribos.
O pajé cuidava dos ritos,da festas e da saúde. O cacique era como um prefeito
com poderes ditatoriais, o pajé era um misto de pároco e de médico. O cacique
era escolhido pela força e argúcia, o pajé pelo seu conhecimento do sagrado e
da cura dos males terrenos. Muitas vezes chamado de xamã fazia a ligação entre
o mundo material e o invisível. Ou se quiserem entre o sagrado e profano!
Hoje,
na sociedade complexa em que se vive os dois personagens essenciais para as
tribos, foram substituídos por muitos: sacerdotes políticos e médicos. Não há
como negar, que agora como antes são as figuras que definem rumos da sociedade.
Os caciques estão ai mesmo dirigindo o Brasil ,os estados e os municípios.São
os políticos,que podem implementar um modelo de governo voltado para o social
ou para o capital. Em geral parte da sociedade fica assim abandonada. Basta
lembrar o modelo de privatizações de FHC (a pretexto de reduzir as despesas do
Estado) e o da Fome Zero de Lula (com o objetivo de terminar com a miséria).
Na
sociedade brasileira os sacerdotes que já tiveram o pensamento hegemônico, hoje
se dividem em várias categorias que servem (e se servem) os interesses das
classes sociais. Enquanto a Igreja Católica fez uma opção pelos ricos ao
rejeitar a Teologia da Libertação ,as religiões cristãs reformadas buscam
servir( e servir-se) os desprotegidos da
sociedade de classes.
Os
pajés são figuras mais complexas, do que a dos sacerdotes e a dos políticos. Parte
de seu papel é representada pelos médicos. Em geral, provenientes do segmento
mais rico da sociedade, e que fazem de sua profissão um meio de ganhar mais dinheiro.
Os médicos de outrora de cobravam dos colonos em terras ,já que dinheiro eles não
tinham .Tornaram-se latifundiários com a doença dos pobres. Dissociados do
papel de sacerdotes tornaram-se os gaviões da doença. E quem está livre dela?Um
médico que pouco cobrava foi considerado charlatão, pois isso desprestigiava a
categoria, foi caluniado e perseguido.
Hoje
terminaram as relações médico doente. Agora é intermediada pelas as empresas
privadas de saúde e seus associados, pois tanto médicos como pacientes são a
elas vinculados. São os planos que regem
a saúde,ou seja os interesses das empresas.Para o SUS restam os pobres e
desvalidos ,os excluídos das benesses do sistema.Os novos pajés gostam de ser
respeitados ,mas pouco respeitam os horários e doentes. Sabem dos lançamentos dos
laboratórios e fazem desta química seu norte. Ligados as novas tecnologias já
não olham ao pacientes, mas para exames e imagens eletrônicas. Afinal a saúde
como de resto quase tudo virou uma mercadoria que se compra e se paga. O que fazer? Só consultando os oráculos para
saber!Já que os xamãs não existem na sociedade de classes!
Loraine
Slomp Giron
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