quinta-feira, 10 de julho de 2014

CACIQUES E PAJÉS



 Na chamada sociedade primitiva (e a atual não o é?) cada tribo tinha dois líderes insubstituíveis: o cacique e o pajé. O cacique que cuidava das razias, das caçadas, das lutas e da administração das tribos. O pajé cuidava dos ritos,da festas e da saúde. O cacique era como um prefeito com poderes ditatoriais, o pajé era um misto de pároco e de médico. O cacique era escolhido pela força e argúcia, o pajé pelo seu conhecimento do sagrado e da cura dos males terrenos. Muitas vezes chamado de xamã fazia a ligação entre o mundo material e o invisível. Ou se quiserem entre o sagrado e profano!
Hoje, na sociedade complexa em que se vive os dois personagens essenciais para as tribos, foram substituídos por muitos: sacerdotes políticos e médicos. Não há como negar, que agora como antes são as figuras que definem rumos da sociedade. Os caciques estão ai mesmo dirigindo o Brasil ,os estados e os municípios.São os políticos,que podem implementar um modelo de governo voltado para o social ou para o capital. Em geral parte da sociedade fica assim abandonada. Basta lembrar o modelo de privatizações de FHC (a pretexto de reduzir as despesas do Estado) e o da Fome Zero de Lula (com o objetivo de terminar com a miséria).
Na sociedade brasileira os sacerdotes que já tiveram o pensamento hegemônico, hoje se dividem em várias categorias que servem (e se servem) os interesses das classes sociais. Enquanto a Igreja Católica fez uma opção pelos ricos ao rejeitar a Teologia da Libertação ,as religiões cristãs reformadas buscam servir( e  servir-se) os desprotegidos da sociedade de classes.
Os pajés são figuras mais complexas, do que a dos sacerdotes e a dos políticos. Parte de seu papel é representada pelos médicos. Em geral, provenientes do segmento mais rico da sociedade, e que fazem de sua profissão um meio de ganhar mais dinheiro. Os médicos de outrora de cobravam dos colonos em terras ,já que dinheiro eles não tinham .Tornaram-se latifundiários com a doença dos pobres. Dissociados do papel de sacerdotes tornaram-se os gaviões da doença. E quem está livre dela?Um médico que pouco cobrava foi considerado charlatão, pois isso desprestigiava a categoria, foi caluniado e perseguido.
Hoje terminaram as relações médico doente. Agora é intermediada pelas as empresas privadas de saúde e seus associados, pois tanto médicos como pacientes são a elas vinculados. São os planos que regem  a saúde,ou seja os interesses das empresas.Para o SUS restam os pobres e desvalidos ,os excluídos das benesses do sistema.Os novos pajés gostam de ser respeitados ,mas pouco respeitam os horários e  doentes. Sabem dos lançamentos dos laboratórios e fazem desta química seu norte. Ligados as novas tecnologias já não olham ao pacientes, mas para exames e imagens eletrônicas. Afinal a saúde como de resto quase tudo virou uma mercadoria que se compra e se paga.  O que fazer? Só consultando os oráculos para saber!Já que os xamãs não existem na sociedade de classes!
Loraine Slomp Giron



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